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“A peça é uma espécie de montanha-russa”, diz a diretora Fernanda D’Umbra sobre “Syngué Sabour”

Nesta terça-feira, dia 11 de agosto, o Itaú Cultural recebe a peça Syngué Sabour – Pedra de Paciência, como parte da programação da série...

Publicado em 10/08/2015

Atualizado às 10:14 de 03/08/2018

Por Fernanda Castello Branco

Nesta terça-feira, dia 11 de agosto, o Itaú Cultural recebe a peça Syngué Sabour – Pedra de Paciência, como parte da programação da série Terça Tem Teatro. O Fala com Arte conversou com a atriz Fernanda D’Umbra, diretora do espetáculo, sobre sua relação com a obra e sobre a importância de discutir também no teatro temas como o machismo.


Fernanda D´Umbra, diretora de Syngué Sabour – Pedra de Paciência. foto: Dani Coen


Como você chegou ao texto de Syngué Sabour – Pedra de Paciência?

Pela atriz Ester Laccava. Ela tinha lido o livro e estava no processo de compra dos direitos da adaptação para o teatro. Ligou me convidando para dirigir a peça e me contou sobre o que era. Respondi na hora: vamos fazer. É uma história devastadora.

No texto, a personagem mostra suas angústias contra uma sociedade machista. O contexto ali é específico de uma mulher afegã, mas como você acha que a peça gera reflexões sobre o machismo como um problema global?

São mais que angústias. São fatos. Seu destino, suas escolhas, seus medos, seu prazer, até sua maternidade, tudo é guiado por alguém que não é ela. Alguém que nem sabe se quer isso. Há algo importante a ser dito sobre essa montagem: ela é amoral. Atenção: ela não é indiferente; ao contrário, gera uma reflexão profunda sobre o domínio de um gênero. E narra a perda humana que essa conduta determina.

Por ser atriz, com a carreira principalmente no teatro, como se dá o foco na direção? Em nenhum momento você pensou em entrar no elenco?

Eu amo profundamente os atores. E tenho a mesma devoção pela criação técnica (luz, som, cenário, figurino etc.). Porque sou atriz, acho que falo a língua da interpretação. Mas é claro que, quando se tem um elenco como esse, os atores lhe passam a perna muitas vezes. O que é delicioso. Você chega com uma ideia de interpretação e a atriz ou o ator tiveram outra muito melhor. Vale a melhor, sempre.

Como foi a temporada de 2014? Dá para tirar conclusões sobre a recepção do público?

As pessoas são pegas de cara. Em cinco minutos de peça elas percebem que aquilo é uma espécie de montanha-russa, que o carrinho já foi fechado e está andando agora, não tem volta. Então elas entendem que aquela montanha-russa é o mundo. E que, se elas quiserem mudar alguma coisa, terão de parar esse carrinho milenar. Honestamente, eu espero que o público do Itaú Cultural goste da peça e saiba que pode mudar o trajeto dessa montanha-russa.

O texto foi filmado também, certo? No processo de montagem da peça, você viu o filme, já tinha visto, prefere não ver ou não tem problema algum, por se tratar de outra linguagem (no caso, a do cinema)?

Vi e adoro o filme. Serviu de inspiração, mas criar na linguagem do teatro é mesmo outra conversa. A gente se guiou pela adaptação do livro para o teatro, feita pelo próprio autor, Atiq Rahimi. Eu recomendo os três: o livro, o filme e a peça. Mas, para além da recomendação, eu os convido: vejam a peça, amigos. É linda e rara.

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