Antonio Nóbrega

Nos dias 13 e 14 de maio, Antonio Nóbrega sobe ao palco do Auditório Ibirapuera, acompanhado de sete músicos e cinco bailarinos, para apresentar o show Semba. O espetáculo, criado e dirigido pelo próprio artista, conta com arranjos musicais de Edmilson Capelupi e Edson Alves e coreografias de um grupo de bailarinos dirigido por Maria Eugênia Almeida.

“Criei o espetáculo com o desejo tanto de apresentar as músicas de compositores que marcam a presença do gênero [samba] no país – certamente o mais cultivado pelos nossos músicos – quanto de mostrar quão vasta é a semântica do mundo do samba”, explica Nóbrega. “Muitas das nossas manifestações populares ainda são denominadas samba tanto por causa da presença da umbigada – sinônimo de semba na língua africana banto e raiz da palavra samba – como pelo caráter de festa, brincadeira, cantoria etc. que elas guardam.”

Durante a apresentação, os dançarinos bailam ao som de uma coletânea de sambas rurais, também chamados batuques, que se espalharam pelo Brasil em diferentes denominações, como tambor de crioula, jongo e coco. “São formas tão diversas quanto unas em relação à natureza do samba”, fala Nóbrega. “Em Semba, nós fazemos um recorte pela música e pelos ritmos desses diversos sambas rurais.”

O artista pernambucano conta ainda que o elenco dos sambas vai desde Sinhô ("Jura"), passando por Noel Rosa (“Fita Amarela” e “Com que Roupa”), Geraldo Pereira (“Sem Compromisso” e “Falsa Baiana”), Ismael Silva (“Se Você Jurar” e “Antonico”), Dorival Caymmi (“Maracangalha” e “Samba da Minha Terra”), até os atuais Paulinho da Viola (“Coisas do Mundo”) e Chico Buarque de Holanda (“Partido Alto”). Uma escolha de repertório tão difícil quanto prazerosa.

“Isso porque, ao mesmo tempo que tinha ao meu dispor uma centena de bons sambas para escolher, tive por isso mesmo a dificuldade de selecionar entre eles. Mas, convenhamos, foi uma dificuldade fácil”, diz Nóbrega. “Eu privilegiei sambas que guardassem em suas letras temáticas diferentes entre si”, explica. “Não cheguei a incluir nenhuma obra minha nesse show. Resolvi dar voz aos fundadores e compositores de todos os tempos, a esses mestres que marcam e continuarão a dignificar o gênero samba.”

Estudioso da cultura popular, Antonio Nóbrega – que já presenteou o público com espetáculos que também tratam, entre outras temáticas, de gêneros muito conhecidos e divulgados da música popular, como o frevo (em Nove de Frevereiro) e o baião (em Lua) – acredita que, por meio do samba e de sua história, é possível conhecer também a história do Brasil.

“A presença dos negros no país ainda na primeira metade do século XVI marcará para sempre a nossa paisagem histórica e cultural”, diz ele. “Os criadores do gênero samba vieram com as famílias baianas que se fixaram no Rio de Janeiro, a capital federal da época. É lá que o gênero floresce: na Cidade Nova primeiramente, depois nos morros e nos subúrbios e, enfim, em todo o Brasil”, explica. “Em termos de arte, civilização e cultura, a presença negra representa o grande rompimento com o absolutismo do modelo ocidental ou europeu.”

Antonio Nóbrega diz ainda que trazer a público em seus espetáculos a música, a dança e a dinâmica da cultura brasileira é também uma forma de procurar mantê-las vivas e atuantes. “Tenho muito receio de que o nosso imaginário cultural se torne invisível diante de tantos shows e festivais de música internacional”, diz. “Tenho medo de que desapareçamos culturalmente. A minha viagem, portanto, vai no sentido de procurar evitar esse desastre.”

Antonio Nóbrega
sábado 13 de maio de 2017
às 21h
domingo 14 de maio de 2017
às 19h
[duração aproximada: 90 minutos]

ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)

[livre para todos os públicos]

Os ingressos podem ser adquiridos pelo site Ingresso Rápido, em seus pontos de venda e pelo telefone 11 4003 1212. Também estão à venda na bilheteria do Auditório Ibirapuera, nos seguintes horários:
sexta e sábado das 13h às 22h
domingo das 13h às 20h