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Cinema de cara limpa

Por Jullyanna Salles Uma família de classe média-baixa da cidade de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas...

Publicado em 16/02/2016

Atualizado às 10:19 de 03/08/2018

Por Jullyanna Salles

Uma família de classe média-baixa da cidade de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, protagoniza o longa Ela Volta na Quinta, dirigido por André Novais Oliveira. A produção mostra a história do casal Norberto e Maria José, que enfrenta uma crise no seu relacionamento de 35 anos, beirando o divórcio. Os filhos, Roberto e André, já possuem planos para o futuro – enquanto o primeiro se prepara para casar, o segundo sonha em morar com a namorada, Elida.

As peculiaridades do filme começam a dar as caras quando se descobre que os personagens são também os atores da trama. O diretor convidou os pais, o irmão e a namorada para atuar, mantendo inclusive seus nomes. O resultado não se aproxima, no entanto, de uma autobiografia ou de um documentário – a trama é fictícia e procura apresentar um retrato sincero de uma família comum.

Não é a primeira vez que André decide trabalhar com atores não profissionais. Em produções anteriores, o diretor já havia chamado amigos e a namorada para atuar. O curta Pouco Mais de Um Mês também apresenta o casal André e Elida e, em 2013, foi um dos nove selecionados para a Quinzena de Realizadores de Cannes, seção paralela independente do Festival de Cannes, organizada pela Sociedade de Realizadores de Filmes.

Apesar de precisar repensar ou refazer determinadas cenas por problemas como esquecimento de fala ou timidez, André destaca as vantagens de trabalhar com leigos na atuação: “Eles têm certa naturalidade nos gestos e no jeito de falar. As cenas contêm improvisação e se aproximam mais da vida real. Isso confere sinceridade ao filme”. Além disso, como já havia utilizado métodos semelhantes em outros trabalhos, o diretor conhecia bem as dificuldades que teria de enfrentar na gravação do longa, o que deixou as filmagens mais simples.

Segundo André, o filme surgiu da sua vontade de retratar a classe média-baixa de uma cidade grande, incluindo seus hábitos, seus problemas e suas particularidades – tema frequente nos trabalhos da produtora Filmes de Plástico, responsável pela obra. O cenário do longa, o bairro Amazonas em Contagem, também traz um aspecto pessoal, já que se trata do lugar onde André cresceu. Além disso, ele afirma que a cidade foi interessante para as gravações por oferecer diversas camadas da periferia e, por isso, não se limitar como específica – assim, é possível gerar identificação com o cotidiano de qualquer outra área periférica metropolitana do Brasil.

No projeto inicial, Ela Volta na Quinta era um curta. Foi no desenvolvimento do filme que o diretor decidiu ampliar a trama e transformá-la em um longa com uma hora e 48 minutos de duração – sem, no entanto, aumentar o orçamento. A Filmes de Plástico é uma sociedade entre André e três amigos, Gabriel Martins, Maurílio Martins e Thiago Macêdo Correia. O grupo se divide e se reveza em funções técnicas como produção, direção e fotografia. Para André, a equipe reduzida, apesar de tornar o trabalho cansativo, facilita as gravações com atores não profissionais, na medida em que deixa o processo de filmagem mais íntimo e menos intimidador.

Entre o período de idealização e a etapa de distribuição e lançamento, Ela Volta na Quinta levou aproximadamente quatro anos; na fase de finalização, foi um dos projetos escolhidos na edição 2013-2014 do programa Rumos. O filme chega aos cinemas em 25 de fevereiro.

 

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