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Entrevista | Bernabé Carrasco

O artista e pesquisador chileno comenta a atual situação das políticas culturais no seu país e aborda temas como o mercado artístico e a...

Publicado em 08/07/2015

Atualizado às 21:11 de 02/08/2018

O chileno Bernabé Carrasco Sánchez comenta a atual situação das políticas culturais no seu país e aborda temas como o mercado artístico e a relação entre arte e ensino.

Desenhista com formação na área de educação, ele foi um dos participantes do seminário Políticas e Gestão Cultural na América Latina no Século XXI: Diálogos e Reflexões, ocorrido no Itaú Cultural entre os dias 19 e 22 de março de 2015. Com o objetivo de promover o intercâmbio de experiências ligadas às políticas e à gestão culturais no contexto latino-americano, o evento reuniu especialistas de diferentes países: Brasil, Argentina, Porto Rico, Colômbia, México e Chile.

OBS: Como você avalia a situação das políticas culturais no Chile?

BC: Elas vêm passando por modificações. Estamos buscando uma fórmula que seja capaz de atender às novas demandas culturais e criativas. O financiamento depende não mais somente do Ministério da Cultura – ou da Secretaria de Cultura, no caso do Chile –, mas também de outros órgãos, como a Corporação de Fomento à Produção [Corfo], para a indústria criativa, e o Serviço de Cooperação Técnica [Sercotec], que apoia pequenas e médias empresas. Antigamente tínhamos somente o Fundo Nacional para o Desenvolvimento Cultural e das Artes [Fondart] e, com a chegada das indústrias criativas, precisávamos ampliar o leque. Esses novos modelos enriquecem a possibilidade de financiamento e contribuem para um trabalho interministerial.

Em sua dissertação de mestrado, defendida em Madri em 2000, você discutiu a questão da educação superior no Chile. Passados 15 anos, você considera que houve alguma mudança na área? E a respeito da cultura e da arte? Existe algum diálogo desses campos com a educação?

Temos, sim, outra realidade hoje. O atual governo está promovendo uma mudança muito importante, que diz respeito à possibilidade de uma educação gratuita a partir de 2016. Para que isso ocorra, a legislação referente ao sistema educacional tem sido bastante discutida. Sobre a relação entre arte e educação, em termos práticos, as disciplinas de arte e filosofia foram retiradas dos programas de educação média e básica nos últimos 15 anos. Agora o governo planeja rever essa política – que, a meu ver, não funcionou muito bem. Estão pensando em criar centros infantojuvenis para criação artística em diferentes regiões do Chile, e esse é um grande começo, porque se entende que a educação artística é relevante para o desenvolvimento pessoal e necessária para completar o sistema educacional.

Fale um pouco sobre a atual situação do mercado das artes no Chile.

Tendo a observar essa questão com um olhar polarizado: vejo-a ora como artista, ora como gestor. O gestor tem de trabalhar em prol de uma simbiose entre artistas e galerias, para que o mercado seja capaz de oferecer ao artista uma condição digna. Para tal, é necessário conhecer a área, saber como organizar uma galeria, por exemplo – e, com base nisso, pensar em novas diretrizes. Creio que o mercado atual no Chile está muito ligado às indústrias criativas, sendo capaz de gerar bairros criativos e bairros de galerias de arte. A sensação de poder investir em cultura, de poder investir em pintura, de poder pagar por uma peça de teatro tem de ser parte do apoio e suporte aos artistas – que precisam viver com dignidade.

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