Goiânia recebe primeiro recorte da mostra dos selecionados no Rumos Artes Visuais

De 25 de maio a 1º de julho, o Centro Cultural Octo Marques - Galerias de Arte Sebastião dos Reis e Frei Nazareno Confaloni recebe a mostra Volta ao Dia em 80 Mundos. Trata-se de um recorte de Convite à Viagem - Rumos Artes Visuais 2011/2013, exibida de fevereiro a abril, em São Paulo, para apresentar o resultado do mais recente edital do programa no segmento. Em Goiânia são exibidas 27 obras de 16 dos artistas selecionados neste programa - de um total de 100 trabalhos de 45 artistas de todo país. Nesta cidade, a curadoria é de Ana Maria Maia, com os cocuradores Franzoi e Marcelo Campos. No dia 25 (sexta-feira), às 19h, os três realizam uma mesa redonda com sete dos artistas presentes - realizada no Museu Zoroastro Artiaga, é aberta ao público e tem entrada franca.

Ana Maria conta que os 45 selecionados no Rumos, cujos trabalhos foram exibidos integralmente em São Paulo, foram escolhidos sob o critério de qualidade, sem um tema proposto especifico. No recorte específico para a mostra em Goiânia, a curadora procurou um tema com foco: a noção de lugar. Assim, ela escolheu 27 obras ligadas ao assunto e batizou a exposição de Volta ao Dia em 80 Mundos em uma remissão à Volta ao Mundo em 80 dias, de Júlio Verne, em que o desejo de conhecer o planeta em uma só viagem é utilizado como a metáfora de conhecer mundos subjetivos e diferenciados da arte em um único espaço. Depois de Goiânia, haverá recortes da exposição em Belém (PA), Joinville (SC) e Recife (PE), cada uma terá um curador responsável que selecionará outras obras dentro do tema proposto por cada um.

"Volta ao Dia em 80 Mundos procura revelar como reagir ao contexto de cada lugar, ilustrando a noção de lugar de cada realidade local", explica Ana Maria. De acordo com ela, para guiar melhor esse recorte, a mostra foi dividida em três grandes subtemas: a relação entre o sujeito e o lugar; trabalhos que investigam territórios e, por fim, como a arte cria alternativas de conhecimento se firmando como disciplina.

A curadora parte da premissa que na relação entre sujeito e lugar, o local de origem/nascimento é o ponto de partida para a identidade da pessoa e onde se decidiu morar (re) constrói essa identidade. Uma das obras que ilustram isso, por exemplo, é Imagem, de Thiago Honório, que apresenta um cubo espelhado até a altura do pescoço e uma cabeça de imagem de roca do século XVIII com olhar perdido no horizonte na parte de cima. Outras obras que seguem o mesmo conceito são as fotos Corpo em Segredo P e Corpo em Segredo B, do brasiliense Dalton Paula, em que aparecem homens mascarados, nus da virilha para cima, em atitude que pode remeter às imagens capturadas pela polícia ou a jogos de vídeo game. Também a videoinstalação Polvorosa, de Cristiano Lenhardt, que vivência a realidade alheia em outros países por meio do gênero retrato em que o artista era o estranho.

O segundo subtema é a investigação dos territórios por meio de pesquisas e residências artísticas como a da gaúcha Romy Pocztaruk que atravessou um trecho da estrada Transamazônica e vivenciou aquela realidade para descontruir o mito que percorre a construção e realizar o vídeo digital A Última Aventura: Suite Transamazônica. Na mesma linha, o grupo baiano GIA, formado por artistas visuais, designers, arte-educadores e músicos, realizou a intervenção urbana Carrinho do Gia, no mote de grupo que se apoia em momentos de descontração e da arte de rua como meio para atingir cada vez mais pessoas, além de questionar as convenções sociais como o silêncio e a formalidade das galerias de arte as quais o público tem que obedecer.

A terceira divisão diz respeito à noção de arte como ciência, ou seja, uma alternativa de conhecimento, muito maior do que é subentendida. Um dos exemplos é a obra Meteorito de Michel Zózimo, composta de instalação e fotografias, que abre espaço para ver a arte como uma disciplina. Outro caso é Pedra, de Pontogor - uma performance audiovisual na abertura da mostra. O artista trabalha a música de modo não convencional, sem melodias nem frases e sim com instrumentos quebrados, adaptados e/ou obsoletos com esquema de som rudimentar que interage com um vídeo de uma pedra repetidamente sendo batida numa mesa. A performance e a obra fazem uma metáfora com a repetição do trabalho humano e da música.

Rumos - seleção e difusão
A proposta do programa Rumos Artes Visuais é, com base na realidade de cada região, ao mesmo tempo viajar, diagnosticar e fomentar a criação visual do país. Assim, além de investigar o momento atual desta produção, detecta as direções e propicia aos selecionados oportunidades de difusão de seus trabalhos, intercâmbios e aprimoramento profissional por meio de ações de formação, como a concessão de bolsas de estudo e participação em palestras.

No total das anteriores quatro edições do Rumos Artes Visuais, foram selecionados, produzidos e divulgados os trabalhos de 275 artistas, de todas as regiões do país, escolhidos entre mais de 6 mil inscritos. Agora, a quinta edição do programa neste segmento recebeu 1.770 inscritos: 1.095 da região sudeste, 315 da Sul, 173 vieram do Nordeste, 117 do Centro-Oeste e 66 da região Norte. Destes, os selecionados são: 11 do Rio de Janeiro; oito de São Paulo, sete do Rio Grande do Sul, quatro de Minas Gerais, três do Distrito Federal. Do Pará e da Bahia foram contemplados dois e um do Acre, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Santa Catarina.

O curador-geral desta mais recente edição é Agnaldo Farias, que conta com a cocuradoria de Ana Maria Maia, Felipe Scovino, Gabriela Motta e Paulo Miyada - e  com os curadores viajantes Alejandra Muñoz, Franzoi, Julio Martins, Luiza Proença, Marcelo Campos, Matias Monteiro, Sanzia Pinheiro e Vânia Leal, que se dividiram pelo Brasil para conhecer o cenário e produção artística das regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste visitando ateliês, realizando palestras e fazendo contato próximo com a produção de determinados locais. Diferentemente das edições anteriores, nesta, a pedido do curador geral, os 13 formaram a comissão autônoma de seleção dos trabalhos.

Convite à Viagem, a mostra que apresentou a totalidade desses trabalhos em São Paulo, manteve Agnaldo Farias como curador geral. Os recortes desta mostra ganham curadoria de cada equipe regional, a serem exibidos, depois de Goiânia, em Belém (PA), Joinville (SC) e Recife (PE). Encerrando a itinerância, o Rio de Janeiro receberá a exposição integral. Durante 2012 ocorreu, ainda, um seminário para os artistas selecionados e a seleção de quatro artistas para residências artísticas nacionais e internacionais, além de workshops, gratuitos e abertos ao público, de três dias, sobre arte contemporânea realizados pelos curadores viajantes em oito cidades brasileiras como Aracaju (SE), Cachoeira (BA), Araraquara (SP), Boa Vista (RR), Brasília (DF), Uberlândia (MG), Maringá (PR) e Macapá (AP).

SERVIÇO
Volta ao Dia em 80 Mundos
Abertura com coquetel para convidados: 24 de maio de 2012 (quinta-feira) às 20h
Em cartaz de 25 de maio a 1º de julho de 2012
De terça-feira a domingo, das 9h às 18h
Entrada franca
Classificação indicativa: livre

Centro Cultural Octo Marques - Galerias de Arte Sebastião dos Reis e Frei Nazareno Confaloni
Rua 4, 515 - Rd. Parthenon Center - Setor central
Tel.: (62) 3201-4695

Mesa redonda com curadores e artistas da mostra
25 de maio de 2012
19h
Entrada franca
Por ordem de chegada

Museu Zoroastro Artiaga
Praça Cívica
Tels: (62) 3201-4676 ou (62)3201-4675

Itaú Cultural
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