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História e identidade no Fórum Latino-Americano de Fotografia

Certa vez, enquanto caminhava pelas ruas de Santiago, no Chile, o artista visual Bernardo Oyarzún foi detido por policiais porque seus...

Publicado em 29/04/2016

Atualizado às 01:18 de 06/09/2018

Por Cassiano Viana

Certa vez, enquanto caminhava pelas ruas de Santiago, no Chile, o artista visual Bernardo Oyarzún foi detido por policiais porque seus traços coincidiam com os de uma pessoa procurada como suspeita de participar de um assalto. Desse incidente nasceu a obra Bajo Sospecha, que apresenta um autorretrato e um retrato falado de Oyarzún – nos moldes do de um boletim de ocorrência policial –, além de fotos dos parentes do artista, ou la parentela, como a polícia do Chile se refere à família dos suspeitos, como se buscasse uma genealogia do crime e da delinquência.

O trabalho de Oyarzún explora a cultura baseada na aparência física, a facilidade de confundir identidades e a impossibilidade de a fotografia capturar plenamente a essência de uma pessoa. A obra, que faz parte do acervo do Museu de Arte Blanton, da Universidade do Texas em Austin (Estados Unidos), será exibida na exposição Arquivo Ex Machina: Identidade e Conflito na América Latina, que acontece no Itaú Cultural de 15 de junho a 7 de agosto. Com entrada gratuita, o evento integra o IV Fórum Latino-Americano de Fotografia de São Paulo (a ser realizado de 16 a 19 de junho).

[caption id="attachment_91666" align="aligncenter" width="597"]O trabalho de Oyarzún explora a cultura baseada na aparência física [/caption]

 

A mostra também apresenta trabalhos do colombiano Andrés Felipe Orjuela Castañeda, que coloriu fotografias em preto e branco originalmente publicadas na década de 1960 no jornal El Espacio, de Bogotá (Colômbia), e que registram uma operação para apreensão de uma quantidade significativa de maconha.

Outro destaque da exposição é a exótica coleção do boliviano Javier Nuñez de Arco, que traz, por exemplo, uma série de fotografias de anões e da poligamia na Bolívia, todas feitas no início do século XX. Integram ainda o evento as pesquisas dos curadores Coco Laso, Jorge Villacorta e Mayra Mendonza.

[caption id="91667"]Javier Nuñez de Arco possui uma série de fotografias de anões [/caption]

 

Fotógrafo e curador nascido na Bélgica, Coco Laso expõe imagens de seu bisavô, José Domingo Laso, considerado um dos principais expoentes da fotografia no Equador no início do século XX. O curador peruano Jorge Villacorta, por sua vez, apresenta fotografias de Rikio Sugano, intrépido aventureiro japonês que viajou o mundo inteiro e visitou o Peru entre 1923 e 1924.

Já Mayra Mendonza, curadora e subdiretora da Fototeca Nacional do México, faz um recorte do arquivo do fotógrafo alemão Hugo Brehme, que registrou a Revolução Mexicana (1910-1920), período que contou com uma ampla cobertura da imprensa na época e cuja iconografia transbordou as fronteiras do México – para além das Américas, chegando ao continente europeu.

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