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O Homem Sem Lei - Manoel Loreno (Seu Manoelzinho) - Cinema de Bordas (trecho)

Manoel Loreno, por Bernadette Lyra Mora na cidade de Mantenópolis, a noroeste do Espírito Santo. É um dos dinossauros sagrados do Cinema...

Publicado em 30/08/2012

Atualizado às 15:00 de 13/08/2017

Manoel Loreno, por Bernadette Lyra

Mora na cidade de Mantenópolis, a noroeste do Espírito Santo. É um dos dinossauros sagrados do Cinema de Bordas. Com uma velha câmera VHS, Seu Manoelzinho, como é conhecido, realizou mais de 20 filmes. Para sobreviver, já trabalhou como faxineiro de sala de cinema e servente de pedreiro. Mas com produções como O Espantalho Assassino (2000), O Rico Pobre (2002, refilmado em 2009), O Homem Sem Lei (2006), A Gripe do Frango (2008) ganhou fama na comunidade em que vive e até apareceu com destaque na mídia impressa e televisiva. Por não saber ler nem escrever, roteiriza as cenas que imagina traçando-as no chão com um graveto, sempre à sombra da mesma árvore que ele elegeu como inspiradora. Tem predileção por filmar faroeste, em produções em que ele é sempre o herói. Na vida cotidiana, passeia pela cidadezinha de Mantenópolis vestido com capa e chapéu característicos. Apesar de hilários, seus filmes são realizados com seriedade e ele diz que o humor que provocam é obtido involuntariamente por situações inusitadas, decorrentes da precariedade das produções.

O Homem Sem Lei (2006) é um faroeste que narra a vingança de Johny, o mocinho do filme, que junta uma tropa e sai à caça do homem que matou o seu pai. O filme tem cenas incrivelmente toscas, em que os mortos continuam a respirar, um tiro de garrucha abate cinco bandidos de uma só vez e, na ausência de cavalos, os justiceiros caminham a pé durante a perseguição. As locações são pastagens, beiras de riachos e estradas. Há ainda uma curiosa "cidade cenográfica", feita de lâminas de madeira que ostentam letreiros em que estão assinalados a delegacia, o bar e o hotel. Esses cenários, no entanto, deixam ver as pessoas que passam pela locação no seu dia a dia - e que até param para assistir às filmagens. Nessas zonas de soluções caseiras, o filme se desenrola com lentidão narrativa e repetições de diálogos e situações, ficando muito próximo do ritmo e do modo de vida da própria comunidade interiorana onde vive seu realizador.

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