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O que diferencia o que sou de como me represento?

Juan Pablo Echeverri, em sua obra Miss Fotojapón apresentada na exposição Fotonovela – Sociedade/Classes/Fotografia, investiga como nossa...

Publicado em 10/01/2014

Atualizado às 18:32 de 26/12/2018

 

Juan Pablo Echeverri, em sua obra Miss Fotojapón apresentada na exposição  Fotonovela – Sociedade/Classes/Fotografia, investiga como nossa identidade é moldável a diferentes momentos e necessidades.

A sequência de retratos do artista ao longo dos últimos 13 anos mostra não somente as mudanças físicas que ele sofre neste período mas também como assume aparências que não necessariamente falam de si, mas sim da realidade que o cerca enquanto colombiano.

A maneira como nos representamos define nossa identidade? O que somos também é reflexo da realidade em que vivemos?

Na mostra Fotonovela discutiu-se o conceito de classe média e as maneiras de se autorrepresentar. No entanto, segundo a curadoria da exposição, a própria definição do termo muda conforme pontos de vista políticos, sociais e identitários. Claudi Carreras, um dos curadores, destaca no texto “Realidade Simulacro Fantasia”: “É muito difícil definir o que é a classe média (…) As pessoas da classe alta dificilmente se definem como tal. Já aquelas das classes baixas também não se reconhecem nesse lugar”.

Durante anos os fotógrafos latino-americanos desenvolveram uma linguagem documental focada na denúncia de injustiças sociais. Mas, para discutir a sociedade dividida em que vivemos seria esse o único caminho? Nossas imagens cotidianas não podem indiretamente explicitar nossas desigualdades?

O perigo de sempre nos focarmos num determinado ponto de vista é que ele se cristalize de tal forma que passemos a reconstruir nossa identidade a partir dele. Essa cristalização gera um simulacro desses pontos de vista que podem tomar o lugar da situação inicial denunciada.

Segundo Kit White, o simulacro “é uma cópia ou simulação que tem a aparência, mas não a substancia, da coisa a que se assemelha (…)a política e o consumismo se baseiam em simulacros. A maior parte do que se considera comunicação, bem como, em grande medida, os objetos que juntamos e consumimos, são todos cópias de alguma coisa que jamais experimentaremos como original. A desconexão entre o que conhecemos como imagem e o que experimentamos, materialmente ou realmente, constitui uma grande parte do que deve ser a descrição do mundo que conhecemos. Analisar essa diferença é parte crucial da descrição do mundo que nos rodeia”.

Discuta com seus alunos sobre como que eles vivenciam a realidade, o quanto diferenciam a própria experiência de um fato do que lhes foi contado.

Fontes:

Realidade Simulacro Fantasia - em Catálogo da exposição Fotonovela - Itaú Cultural, 2013.

WHITE, Kit - 101 lições a serem aprendidas na escola de artes - Ed. Martins Fontes, 2003.

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