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Ocupação Hilda Hilst

Exposição mostra uma das grandes escritoras brasileiras por suas anotações e seus processos criativos

Publicado em 18/02/2015

Atualizado às 21:05 de 02/08/2018

Na 22ª edição do programa Ocupação, centrado em personagens fundamentais da arte brasileira, a escritora Hilda Hilst (1930-2004) fala em primeira pessoa. De 28 de fevereiro a 21 de abril, no Itaú Cultural, em São Paulo, a mostra destaca as referências artísticas reelaboradas por ela, acompanha seu cotidiano – por meio de notas nas agendas, registros de sonhos, desenhos, reflexões – e delineia seu método criativo, pelas versões anteriores de suas criações literárias: seu trabalho “sendo” feito.

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Além do que está exposto nas vitrines, parte dos originais manuscritos e datilografados está disponível em fac-símiles, que o público pode ver e manipular. A cenografia procura gerar um ambiente intimista, inspirado pela Casa do Sol, em Campinas – moradia de Hilda dos 35 anos até o fim da vida, onde recebia amigos artistas e que se tornou parte do imaginário da literatura do país. O espaço, feito apenas com materiais não sintéticos, incorpora a proximidade da homenageada com tudo que é natural (corpo, natureza, matéria). É um ambiente concebido para que se tenha a oportunidade de lê-la e relê-la – cumprindo, assim, seu grande desejo recorrente: ser lida.

Perguntas de Hilda – provocações e reflexões poéticas, um recurso marcante em sua literatura – pontuam a exposição. O visitante percorre cinco núcleos, focados nos livros Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão; Kadosh; A Obscena Senhora D; Com os Meus Olhos de Cão; e O Caderno Rosa de Lori Lamby, e uma miscelânea de documentos. Parte do conteúdo é inédita em exposição e/ou publicação. A curadoria é do Itaú Cultural junto ao Instituto Hilda Hilst (IHH), com colaboração essencial do Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulalio (Cedae), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que preserva grande parte do legado da escritora.

Hilda Hilst foi ficcionista, poeta, dramaturga e cronista. Paixão, desejo, erotismo, morte, busca e o significado de deus são temas que atravessam sua obra, sempre comunicados por meio de um trabalho de linguagem cuidadoso, intensificado por uma entrega irrestrita à literatura – pela certeza de que criava algo único. Disse Hilda: “Talvez eu tenha escrito com muita complexidade porque a própria vida é complexa... Não há simplicidade nenhuma no ato de existir”.

Teatro, música e leitura

Além do espaço expositivo, a Ocupação traz uma programação paralela. São quatro peças baseadas em textos de Hilda – A Obscena Senhora D; Osmo; O Meu Lado Homem, um Minicabaré d'Escárnio; e Matamoros –, uma leitura comentada com as pesquisadoras Luisa Destri e Eliane Robert Moraes a respeito do lugar da autora na literatura brasileira e uma leitura de sua poesia feita junto ao público pelo crítico literário José Castello, todas as atividades no Itaú Cultural. Já no Auditório Ibirapuera, o cantor e compositor Zeca Baleiro leva pela primeira vez ao palco composições que fez sobre versos hilstianos.

As montagens ocorrem a partir de 28 de fevereiro, com A Obscena Senhora D, um monólogo de Suzan Damasceno com direção de Donizeti Mazonas e Rosi Campos; depois, em 1º de março, Osmo, interpretado por Donizeti Mazonas e Erica Knapp e dirigido por Suzan Damasceno  – estas duas às 19h  –, O Meu Lado Homem, um Minicabaré d'Escárnio, com Luis Mármora no papel do protagonista e o diretor Luiz Gayotto, e Matamoros, com as atrizes Maíra Gerstner e Luciana Froés e a diretora Bel Garcia – ambas às 20h (saiba mais na matéria).

As leituras ocorrem das 20h às 21h30. As pesquisadoras Luisa Destri, consultora desta Ocupação, e Eliane Robert Moraes analisam trechos de livros em 18 de março. José Castello lê, junto ao público, o livro Do Desejo, em 25 de março.

No dia 28 de fevereiro, às 21h, Zeca Baleiro apresenta o álbum Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboéde Ariana para Dionísio (2006), composto de versões musicadas sobre poemas de Hilda, outras poesias da homenageada e canções inéditas criadas com ela. Os ingressos estão esgotados.

Publicação e site

A Ocupação conta ainda com uma publicação impressa, que aprofunda o material exposto. O jornalista Gutemberg Medeiros comenta a recepção da obra, a mestre em teoria e história literária Luisa Destri fala das relações entre vida e ficção e o doutorando em literatura brasileira Ronnie Cardoso analisa as cores e os sons usados por Hilda para abordar temas centrais em sua produção. Além dos artigos críticos, há o depoimento dos atores Donizeti Mazonas e Suzan Damasceno sobre a experiência de interpretar o Osmo e a Senhora D.

Por sua vez, o site do Ocupação apresenta uma seção dedicada à autora, com parte do material da mostra e conteúdo exclusivo: entrevistas com a artista visual Maria Bonomi e a poeta Maria Luíza Mendes Furia, um bate-papo entre os jornalistas José Castello e Humberto Werneck e um minidoc sobre a Casa do Sol – sua força como espaço de criação e convívio artístico – com os artistas visuais Olga Bilenky e Jurandy Valença e o produtor cultural Daniel Fuentes, que viveram com a escritora e são responsáveis pelo IHH.

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