Ocupação

Elomar Figueira Mello (Vitória da Conquista, BA ‒ 1937) é um cavaleiro de outras eras. Autor de romances, poesias, peças de teatro, música para violão e orquestra, óperas e de um cancioneiro primoroso, retrata o mundo rural do sertão profundo, um lugar vaporoso, que se desmancha toda vez que se alcança.

Fora do nosso tempo, esse mundo tem como esteio o apuro estético, uma beleza nostálgica e paradoxos: fé cristã e magia, cultura erudita e sabedoria popular, amores e ódios, terra e céu.

A essência é cavaleiresca, mas troca a capa e a espada por um facão e um gibão de couro, e tem ares quixotescos de fantasia poética sem nunca perder a honra. Para os personagens sertanejos ‒ damas, donzelas, vaqueiros, cantadores, andarilhos ‒ registrou um dialeto próprio. Para si construiu um castelo, de onde, recluso, faz ecoar seu canto de menestrel e vocifera contra a modernidade, labutando nas suas criações ‒ especialmente a música, a arquitetura e os bodes.

Entoamos uma loa em sua homenagem e para todos os sertanejos: a Ocupação Elomar. Entre as luas nova de julho e a crescente de agosto de 2015, o Itaú Cultural abriga uma casa de fazenda, no tempo das horas mortas, onde repousam registros, objetos e memórias do artista, permeados por seu canto e por sons atemporais de um reino encantado.


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