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PRESS KIT

CONTEXTO

A linha curatorial seguida para esta Ocupação apresenta mais de um Cartola: o já conhecido músico e compositor, o poeta, o erudito, popular e contemporâneo. Em 100m2, a mostra se estende por cinco eixos temáticos que acompanham a sua vida: Rio de Janeiro, 1908, Casa, Zicartola, Mangueira e Cartola de Ouro. Em consequência, o visitante acompanha as mudanças do se entorno à época.

 

Rio de Janeiro, 1908

Aqui, o visitante toma contato com a cidade do Rio de Janeiro em 1908, quando Cartola nasceu, embalada por uma paisagem sonora que remete à produção musical da época e seus sons urbanos. Um projeto de modernização redesenhava e redefinia a então capital do Brasil. Surgiram praças, avenidas e equipamentos culturais. Em contrapartida, foram demolidos cortiços forçando os seus habitantes, negros em geral, a migrar para as bordas e os morros da cidade. Assim nasciam as favelas cariocas.

 

Antes de subir o Morro da Mangueira, o pequeno Angenor passou a infância no bairro do Catete e em Laranjeiras, em uma vila de operários da Fábrica de Tecidos Aliança, onde seu pai trabalhava. Com a família, o poeta em formação participava dos cortejos carnavalescos do Rancho dos Arrepiados – formada por outros funcionários da fábrica e representada pelas cores verde e rosa que, anos depois, comporiam a bandeira da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, fundada por ele.

 

Encontros, rua

Neste eixo se encontra uma série de fotos de Cartola com grandes parceiros de sua vida e obra, como Carlos Cachaça, Nelson Cavaquinho e Clementina de Jesus. Tem também manuscritos de sua autoria e depoimentos em audiovisual de Monarco, Elton Medeiros e Zé Keti. Enquanto observa as imagens, o visitante pode ouvir o disco Native Brazilian Disco, o primeiro a ter um registro da voz de Cartola, nos anos de 1940.

 

Zicartola

Neste eixo, o visitante encontra o ambiente do célebre ZiCartola, um bar/restaurante que o casal abriu no centro da capital fluminense e, entre 1963 e 1965, início da Ditadura Militar, fez sucesso ao misturar dois ingredientes fundamentais: ótima comida e excelente música ao vivo. Com Zica à frente da cozinha e Cartola no comando da programação musical o lugar tornou-se ponto de encontro de sambistas, jovens universitários, intelectuais e outros grupos.

 

Filas para entrar se formavam pela Rua da Carioca, inversamente proporcionais ao reduzido espaço da casa. Centenas de pessoas se apertavam no salão para comer bem e ouvir o trabalho de mestres, como Carlos Cachaça, Elton Medeiros, Hermínio Bello de Carvalho, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento e Zé Kéti, e novatos do samba – muitos destes se tornaram mestres mais adiantes, como jovem Paulinho da Viola, que ali recebeu seu primeiro cachê.

O Rio de Janeiro e o poeta

Casa/Varanda

Aqui se encontra muito do mundo de Cartola e como foi construindo o seu espaço pessoal. Em 1919, ele se mudou com a família para o Morro da Mangueira, conheceu os botequins do Buraco Quente, onde os sambistas da comunidade se reuniam, e se apaixonou pela boemia. O casamento do artista com a rua nunca se desfez, mas outros amores foram aparecendo e a vida doméstica também passou a ter uma grande importância em sua trajetória.

 

Em 1926, após a morte da mãe e o abandono do pai, Cartola vivia sozinho. Sentindo os efeitos da boemia, caiu de cama e foi socorrido por Deolinda da Conceição, sua vizinha. Pouco tempo depois, ela se mudou com a filha e o pai para a casa dele iniciando uma relação que foi até 1948, quando a mulher morreu de enfarte

 

Ele ainda viveu uma relação conturbada com Donária, por quem chegou a renunciar da Mangueira e da música, até que em 1952 reencontrou uma velha conhecida de infância: Euzébia Silva do Nascimento, a Dona Zica. A moça tornou-se o seu grande amor, o trouxe de volta à Mangueira e exerceu um papel fundamental em sua vida e carreira. Os dois viveram juntos até que a morte dele os separou, em 1980.

 

A partir deste espaço, o visitante também encontra o ambiente da varanda da casa de Cartola. Ali, pode sentar para ouvir a obra completa do homenageado. Tem acesso, ainda, a manuscritos originais, críticas de jornais, seus LPs, fotos, depoimentos da filha, dona Regina, de Nelson Sargento e pode ver em uma televisão de época o vídeo do encontro de Cartola com o pai para quem ele toca O Mundo é um Moinho.

 

Palácio do samba

Com Abelardo Bolinha, Carlos Cachaça, Euclides Roberto dos Santos, Massu, Pedro Paquetá, Satur e Zé Espinguela, em 1928, Cartola fundou a Estação Primeira de Mangueira. Antes, eles frequentavam o grupo dos Arengueiros, reunião de mascarados, bambas e batuqueiros que vez ou outra tomava as ruas do Rio de Janeiro.

 

Além do nome da escola – assim batizada porque a estação de trem da comunidade era a primeira, partindo da Central do Brasil, onde havia samba –, Cartola decidiu as cores da agremiação. O verde e o rosa vieram do Rancho dos Arrepiados de sua infância. O primeiro samba composto por ele, Chega de Demanda, foi também o primeiro de desfile da Mangueira, no carnaval de 1929.

 

Cartola de Ouro

No Zicartola, pelo final da noite, era costume homenagear os artistas que se apresentavam no palco da casa. Aracy de Almeida, Ciro Monteiro, Elizeth Cardoso, Ismael Silva e Lindaura Rosa foram alguns dos nomes que entraram para a Ordem da Cartola Dourada e tiveram seus retratos fixados nas paredes do local. Neste espaço, a Ocupação Cartola reúne depoimentos e performances de artistas que, ligados a diferentes áreas e movimentos, celebram o legado do mestre. Entre eles, Raquel Virigina, Juçara Marçal, Ellen Oléria e Rico Dalasam,