release

Ocupação Person, 28ª mostra da série e primeira de 2016, abre o calendário de exposições do Itaú Cultural no dia 20 de fevereiro

Como as demais do gênero, a exposição proporciona ao público um mergulho na vida de uma personalidade relevante para a cultura brasileira e inspiradora das novas gerações de artistas.  Luiz Sergio Person (1936-1976) foi cineasta, roteirista, publicitário e produtor e ainda fez incursões no teatro sobretudo na década de 1970, com produções do Auditório Augusta Auditório Augusta. A versatilidade e a intensidade nestas áreas são a tônica desta Ocupação, que marcam os 40 anos de morte e 80 anos de nascimento do artista.

 

A versatilidade e a intensidade de atuação de Luiz Sergio Person (1936-1976) no cinema, na televisão, na publicidade e no teatro são a tônica da Ocupação Person, que marca os 40 anos de morte e 80 anos de nascimento do artista. De 20 de fevereiro a 3 de abril, o Itaú Cultural apresenta a mostra que leva o público a conhecer todas as facetas de uma personalidade relevante para a cultura brasileira e inspiradora das novas gerações de artistas. Além da exposição, a Ocupação conta com um hotsite, uma publicação distribuída aos visitantes no instituto, e intensa programação paralela, que inclui apresentações de peças adaptadas por ele, ciclo de filmes que dirigiu, e oficinas relacionados ao seu universo.

 

Com curadoria compartilhada entre Regina Jehá, companheira do cineasta, as filhas Domingas e Marina Person e os núcleos de Audiovisual e Literatura e de Comunicação do Itaú Cultural, a mostra joga luz em detalhes da vida e obra do artista, passando por seus matizes, do teatro ao cinema e a publicidade. A expografia é assinada pelo diretor de arte Valdy Lopes Jn, o mesmo responsável pelo espaço expositivo das ocupações de Zuzu Angel e de Nelson Rodrigues.

 

Para a Ocupação Person, ele desenhou os 100 metros quadrados no Piso Paulista do instituto de modo a mostrar em um espaço aberto a obra multifacetada do homenageado. O lugar apresenta projeções em painéis, jogos de imagens sobrepostas, carpetes e veludos verdes revestindo quase todo o espaço expositivo. Somam-se memórias e sons que compuseram os breves e intensos 39 anos vividos por Person. Sobre mesas, em prateleiras e vitrines, abriga, ainda, centenas de fotografias, livros, documentos e obras usadas pelo artista como referência.

 

Entre os inéditos, encontra-se a Revista Sequência, criada por Person há 60 anos, em 1956, da qual só existe um número e o cineasta foi o responsável por toda a criação – da edição às fotos e confecção dos textos. Também é exposto pela primeira vez o roteiro de A Hora dos Ruminantes adaptado do romance homônimo de José J. Veiga e escrito pelo cineasta em parceria com o crítico de cinema Jean-Claude Bernardet. Embora seja considerada uma de suas obras primas e do cineasta ter tentado leva-lo às telas durante seus últimos nove anos de vida, o texto nunca saiu do papel. Esta obra, com O Caso dos irmãos Neves e A Tomada de poder em Natal formariam a trilogia sobre a violência do cineasta.

 

Fac símiles com anotações do próprio punho de Person revelam a sua trajetória e podem ser manuseados pelo público. É assim, por exemplo, nos roteiros completos dos filmes O Caso dos Irmãos Naves, São Paulo Sociedade Anônima, e o nunca a antes visto SSS Contra a Jovem Guarda, obra que não chegou a ser concretizada.

 

Estas obras cinematográficas são uma das partes de sua vida que ganham relevância nesta ocupação, sobretudo O Caso dos Irmãos Naves, de 1967, ficção baseada em fatos reais sobre dois irmãos acusados de um crime que não cometeram, registrado como um dos erros judiciários mais polêmicos do país. O processo de criação deste longa-metragem é exposto, desde o livro que inspirou o filme, as reportagens publicadas sobre o caso, o caderno de anotações de época de Person, o roteiro

original e cadernos pessoais. Resultando em uma denúncia à polícia, pelas torturas e arbitrariedades cometidas durante o Estado Novo, este judiciários mais polêmicos do país. O processo de criação deste longa-metragem é exposto, desde o livro que inspirou o filme, as reportagens publicadas sobre o caso, o caderno de anotações de época de Person, o roteiro originale cadernos pessoais. Resultando em uma denúncia à polícia, pelas torturas e arbitrariedades cometidas durante o Estado Novo, este trabalho se tornou uma metáfora para a época em que foi produzido, enquanto o Brasil enfrentava a ditadura militar.

 

São Paulo Sociedade Anônima, outro de seus clássicos, lançado em 1965, é desvendado por meio de registros, rascunhos e fotos da época em que estava sendo realizado. A história acontece no momento da euforia desenvolvimentista provocada pela instalação de indústria automobilísticas estrangeiras no Brasil no final dos anos de 1950.

 

A contribuição de Person para o teatro também fica em evidência nesta 28ª Ocupação. Cortinas de veludo verde drapeadas logo na entrada remetem ao respeitável Auditório Augusta, espaço da vanguarda teatral paulistana, fundado em 1973 por ele e Glauco Mirko Laurelli, em São Paulo. Ali, Person dirigiu espetáculos de excelente repercussão, como El Grande de Coca-Cola e Entre Quatro Paredes (1974). Além de referências ao lugar e a estas peças, o visitante encontra catálogos de Lição de Anatomia, Orquestra de Senhoritas e o texto da peça Trotski no Exílio, adaptada por Person do texto de Peter Weis (1916-1980), nunca encenada, depois de ter sido censurada em 1975.

 

Para informar mais o público sobre a obra de Luiz Sergio Person, depoimentos em audiovisual de pessoas que trabalharam com ele são disponibilizados na mostra, como os atores Sérgio Mamberti, Eva Wilma, o crítico, roteirista e cineasta Jean-Claude Bernardet, as filhas Domingas e Marina e outras personalidades.

 

Além do espaço expositivo

O instituto programou uma série de atividades paralelas que ocupam a Sala Multiuso e a Sala Itaú Cultural da casa. No mesmo fim de semana de abertura da mostra, promove a leitura de Orquestra de Senhoras, comédia adaptada por Person de texto de Jean Anouilh, em 1974, que causou polêmica ao levar ao palco do Auditório Augusta atores vestidos de mulher. No mesmo ano, o diretor traduziu o drama Entre quatro paredes, de Jean Paul Sartre que, renomeada A portas fechadas é apresentada em março na programação que integra o Terça Tem Teatro e acompanha a exposição em homenagem ao cineasta. Em abril, é realizado no instituto um ciclo filmes dirigidos por ele.

 

Um hotsite sobre o homenageado, alocado em http://sites.itaucultural.org.br/ocupacao, conta com convidados para compor parte dos textos, como Ricardo Kotscho, que escreve sobre a parceria dos dois na criação de algumas peças. A página também estará aberta no espaço expositivo para consulta.  O Itaú Cultural distribui, ainda, uma publicação que estende ainda mais a memória da vida de Person. Ela conta, por exemplo, com textos de diversos jornalistas e escritores convidados como, Luís Antônio Giron, que traça um panorama da trajetória do homenageado no cinema e no teatro; Inácio Araújo, analisando os filmes São Paulo S.A., O Caso dos Irmãos Naves e Cassy Jones; um texto de Lourenço Muttareli e outro de Noemi Jaffe traça uma crítica A Hora dos Ruminantes, como se existisse o filme do roteiro que, na verdade, nunca saiu do papel.

Paulista nascido em 1936, Luiz Person morreu precocemente em um acidente automobilístico, no dia 7 de janeiro de 1976, na estrada que o levava à sua casa em Itapecerica da Serra. Este acaso ganha traços sutis dentro da Ocupação que leva o seu nome.

2016 - DESENVOLVIDO PELA CONTEÚDO COMUNICAÇÃO