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Patrimônio | Rosa Trakalo (Fundham)

Entrevista com Rosa Trakalo, coordenadora da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham) e administradora do Parque Nacional Serra da...

Publicado em 25/05/2017

Atualizado às 10:51 de 03/08/2018

Rosa Trakalo, coordenadora da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham), fala sobre memória, políticas públicas e a relação com a comunidade situada ao redor do Parque Nacional Serra da Capivara, que fica no município de São Raimundo Nonato, no sul do Piauí.

Rosa Trakalo é uruguaia e mora na região do Parque Nacional Serra da Capivara há quase 25 anos. Sua formação em história da arte e arqueologia e as atividades desenvolvidas posteriormente – entre elas na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em Paris durante muitos anos – a levaram a atuar como membro ativo da Fundação Museu do Homem Americano, instituição dedicada à preservação e ao desenvolvimento da região do Parque Nacional Serra da Capivara, no Nordeste, inscrito pela Unesco na lista de patrimônio cultural da humanidade.

Rosa Trakalo (Foto: Guilherme Castoldi)

Qual é a importância das políticas culturais para a memória?

O Poder Público tem como principais obrigações a saúde, a educação e a segurança. Nenhuma dessas atividades pode se desenvolver, evoluir ou se aprimorar sem a memória. Assim, considerando que a cultura de um povo representa a somatória de vivências, experiências, acertos e erros – em suma, a memória –, as políticas públicas são obrigadas a consolidar a cada dia essa cultura, não deixando que a identidade se perca.

Em 2016, em nota veiculada pelo site G1, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que liberaria o valor de 969 mil reais oriundos de compensação ambiental e destinados à renovação da parceria, e que estão bloqueados na Caixa Econômica Federal por decisão de acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU). Qual é a situação atual do Parque Nacional Serra da Capivara? Como ele está sendo mantido? As políticas públicas têm atendido às necessidades do local?

Nos últimos meses a Fumdham recebeu as verbas prometidas pelo Ministério do Meio Ambiente – elas foram repassadas ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [Iphan] e liberadas como aditivo ao Termo de Parceria já existente. Também recebemos as duas primeiras parcelas de um contrato de patrocínio da Petrobras e de uma parceria com o governo do estado do Piauí. Finalmente, em janeiro deste ano, recebemos 782.470,30 reais liberados pela Justiça Federal a pedido da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] do Piauí. Também, um novo Termo de Parceria foi assinado com o ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]. Assim, foi possível reestabelecer os serviços e o parque está funcionando quase normalmente.

Em 2013, foi anunciada a criação do Museu da Natureza, que ficaria próximo da entrada do Parque Nacional Serra da Capivara. Segundo reportagem veiculada pelo site Empresa Brasil de Comunicação (EBC), os recursos para a criação do museu seriam do Programa BNDES para o Desenvolvimento da Economia da Cultura (BNDES Procult). Como está esse processo?

A primeira parcela para a construção e o início dos trabalhos preparatórios da exposição foi liberada e atualmente estamos no processo de escolha da construtora que fará os trabalhos.

O Parque Nacional Serra da Capivara é uma unidade de conservação de proteção integral à natureza localizada em quatro municípios piauienses: Brejo do Piauí, Coronel José Dias, João Costa e São Raimundo Nonato. Como é a relação dessa população com o parque? Vocês têm algum trabalho de mediação com essa população?

Longos anos de trabalho em educação ambiental e inclusive formal começam a dar seus frutos, e as comunidades do entorno começam a se integrar. O parque, segundo nossa visão, deve ser um motor de desenvolvimento, e essa é nossa meta constante.

Há quanto tempo você está no parque? Ele foi tombado pelo Iphan e, em 1991, declarado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. Pode fazer um breve relato das consequências desse tombamento?

Sem estar presente, trabalho para o projeto desde antes de o parque ser criado, mas vivo na região desde 1992. O tombamento, tanto nacional quanto internacional, representa um reconhecimento e abre portas e caminhos que permitem justificar a necessidade de proteger, conservar e divulgar.

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