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“VER É UMA FÁBULA”

Composta principalmente de filmes e vídeos, a exposição é a maior do artista já realizada no país

Publicado em 18/03/2013

Atualizado às 17:40 de 19/05/2020

Com curadoria de Moacir dos Anjos, o Itaú Cultural inaugura a partir de 28 de março “VER É UMA FÁBULA” – MOSTRA DE CAO GUIMARÃES. A exposição traz 21 obras do artista e ainda conta com ciclo de filmes, que apresenta ao público todos os 8  longas-metragens realizados em sua carreira.

>>Baixe o aplicativo VER É UMA FÁBULA - MOSTRA DE CAO GUIMARÃES e confira videoguia da exposição

>>Visitas educativas - Mostra de Cao Guimarães

Há obras de Cao Guimarães do início dos anos 2000 até trabalhos mais recentes, de 2012. Entre os mais antigos estão Between – Inventário de Pequenas Mortes, de 2000, e Hypnosis, de 2001, ambos filmados originalmente em super-8. Já a mais nova das produções do artista, Otto, de 2012, integra a programação do ciclo de filmes, com início também em 28 de março.

“Essa não é uma exposição completa, uma retrospectiva, mas este é o momento da minha carreira em que vou poder mostrar a maior quantidade de obras juntas”, conta Cao. A exposição consiste basicamente de filmes e vídeos, excluindo as fotografias. As únicas que entram são as imagens da série Gambiarras, apresentadas em slideshow. “Achamos que para mostrar todo o universo das fotografias seria preciso um recorte mais amplo e um espaço maior. Queremos oferecer ao público uma exposição focada, imersiva e mais concentrada em alguns aspectos da obra dele”, completa Moacir dos Anjos.

A frase que dá título à mostra está no livro Catatau, do poeta e escritor Paulo Leminski. Em 2010, Cao Guimarães, inspirado na publicação, dirigiu o longa-metragem Ex Isto; nele René Descartes, interpretado pelo ator João Miguel, diz: “Ver é uma fábula”.  Moacir dos Anjos explica que essa frase resume um pouco o que a obra de Cao oferece, a possibilidade de construir narrativas, de tecer histórias a partir do olhar. E o próprio artista não discorda: “Quando quero fazer um filme ou uma foto, recorto a realidade, ou seja, injeto imaginação e subjetividade nela. Meu instrumento básico de trabalho é o meu olhar e o que faço é justamente fabular sobre a realidade.”

No espaço expositivo nada de salas fechadas; os monitores estão suspensos, soltos. Além disso, as obras não se apresentam agrupadas de forma temática. Sem paredes entre os vídeos, a ideia é que eles se relacionem e recriem significados. No entanto, em seu percurso o visitante encontra algumas salas fechadas em que pode se acomodar e se concentrar em um único vídeo. Como destaca o curador, o que norteou a distribuição das obras no espaço foi a criação de certa coreografia da mostra. “A disposição foi realizada de forma que as obras fluíssem bem de uma para a outra, seja do ponto de vista visual, seja do ponto de vista sonoro e de duração, provocando as reações mais diversas no espectador, seduzindo, cativando e atraindo para a obra do Cao.”

O áudio de cada um dos vídeos foi um dos elementos principais para o que artista e curador estão chamando de coreografia. “Embora seja sutil, o áudio é muito presente e muito importante no trabalho de Cao”, conta Moacir. O duo de artistas mineiros O Grivo é o responsável por praticamente todo o trabalho sonoro das obras do artista e a preservação dos áudios foi determinante no arranjo das telas. As obras com duração mais longa e em que a convivência dos elementos sonoros se tornou difícil, como Brasília e Limbo, ganharam salas separadas.

A participação nessa coreografia demanda do espectador certo engajamento e certa disposição para estabelecer um diálogo, um embate com a obra do artista. Cao Guimarães destaca que esta é uma das características interessantes de “VER É UMA FÁBULA”, retira o espectador de uma situação passiva. Nesse sentido, a exposição mostra-se em total coerência com o trabalho do artista, na medida em que se propõe nos fazer ver coisas e situações que normalmente não percebemos.

Quando questionado sobre quais temas poderiam fazer parte de suas obras, Cao conta que tudo que está ao seu redor tem relevância e aí talvez esteja a mais marcante característica de seu trabalho. Segundo o artista, da parte dele existe a total aceitação de que uma folha ao vento é tão expressiva quanto uma cantora lírica.

Formigas que passam pelo chão, bolhas de sabão que explodem ao vento, ônibus que cumprem seu itinerário, um parque de diversões. O olhar de Cao está atento à sutileza dessas situações e vai além, captura esses elementos de maneira muito particular, devolvendo-nos imagens de um mundo ressignificado. “É interessante encontrar situações inusitadas em que é possível se arriscar. A novidade é um dos principais elementos da arte e que transcende um pouco a compreensão. Não é para explicar nada, mas para compartilhar uma sensação de estar no mundo. É algo que se completa no outro, no olhar de quem vê, do espectador. E cada um terá uma noção da obra completamente diferente do outro.”

"VER É UMA FÁBULA" – MOSTRA DE CAO GUIMARÃES conta ainda com um workshop, que será ministrado pelo próprio artista, e com um ciclo de filmes, cuja agenda completa você confere na aba "programação".

Workshop com Cao Guimarães (VAGAS ESGOTADAS)
quinta 9 a sábado 11 de maio de 2013
das 14h às 17h30

Cao apresenta um workshop com informações sobre a sua trajetória, além de um panorama histórico de suas obras e a relação entre o seu cinema e as artes plásticas. Na sexta 10 de maio, haverá a participação da dupla O Grivo, que falará a respeito das trilhas sonoras criadas para obras do artista.

Sala Vermelha - 20 vagas (três dias de workshop)
inscrições a partir de 22 de abril pelo tel. 11 2168 1876

* Na quarta 8 de maio, às 20h, O Grivo fará uma apresentação na Sala Itaú Cultural, com execução de trilhas sonoras ao vivo sobre projeções de alguns curtas de Cao Guimarães − entre eles, trabalhos criados em conjunto com o artista especialmente para a ocasião.

 

“VER É UMA FÁBULA” – MOSTRA DE CAO GUIMARÃES

Exposição
quinta 28 de março a 1 de junho de 2013
terça a sexta, das 9h às 20h
sábado, domingo e feriado, das 11h às 20h
Entrada franca
[livre para todos os públicos] L

Mostra de filmes
Entrada franca – ingressos distribuídos com meia hora de antecedência
[livre para todos os públicos] L

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