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Abraham Palatnik, pioneiro da arte cinética no Brasil, morre aos 92 anos

Conheça algumas ações do Itaú Cultural dedicadas ao artista

Publicado em 09/05/2020

Atualizado às 17:52 de 16/08/2022

Abraham Palatnik, considerado um dos pioneiros da chamada arte tecnológica no Brasil, faleceu nesta manhã, vítima da Covid-19. Artista essencial, se manteve ativo e produziu obras relevantes - para o Brasil e o mundo - até o fim de sua vida. Palatnik se destaca por sua trajetória singular, tendo expandido os caminhos das artes visuais em sua produção artística ao tratar de questões que envolvem arte, ciência e tecnologia. Artista inventivo, com sua criatividade desenvolveu maquinários que, além da questão estética, apontam para a diversidade de experimentação artística por ele construída ao longo de seus mais de 60 anos de carreira.

Para Alfredo Setubal, presidente do Itaú Cultural, “Palatnik reuniu com maestria tempo, movimento, racionalidade e poética em trabalhos que o tornaram único no mundo. Foi um mestre que produziu de forma incansável e potente até os dias de hoje”. 

O artista tem uma formação peculiar: entre 1942 e 1945 estudou na Escola Técnica Montefiori, em Tel Aviv, e se especializou em motores de explosão - seguindo para os estudos de arte no ateliê do pintor Haaron Avni e do escultor Sternshus, e estudando estética com Shor. Essa especialização inicial foi essencial para que Palatnik saísse à frente nas produções artísticas ligadas à tecnologia.

Palatnik defendia que as indústrias deveriam contratar artistas, argumentando que estes possuem “um potencial perceptivo que podem resolver inúmeros problemas”. Dizia, ainda, que a questão não era referente a um tipo de artista ou de percepção específica, mas da possibilidade de este ter a capacidade de resolver problemas em que são necessários um olhar sem regras tradicionais.

Sua carreira foi marcada por encontros essenciais, mas merece destaque aquele com os artistas Almir Mavignier, Ivan Serpa e Mário Pedrosa. Neste momento passa a frequentar os ateliês do Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro e entra em contato com o trabalho de Nise da Silveira. "O impacto das visitas ao Engenho de Dentro e as conversações com Mário Pedrosa demoliram minhas convicções em relação à arte", diz Palatnik. A partir das trocas com Pedrosa, o artista rompe com uma produção artística clássica, que priorizam o pincel e o manejo realista das tintas, e parte para experimentações com a luz.

Abraham Palatnik
Objeto Cinético, 1990/1999
110 x 80 cm
Acervo Itaú Cultural
Imagem: Sérgio Guerini/Itaú Cultural

A história do artista com o Itaú Cultural vem de longa data. Nos primeiros anos após a construção do edifício onde fica hoje localizado o Itaú Cultural, que foi concluída em 1995, foi homenageado com a retrospectiva Abraham Palatnik: a trajetória de um artista inventor, com curadoria Frederico Morais, em 1999.

Pouco tempo depois, em 2001, participou da coletiva Trajetória da Luz na Arte Brasileira, com curadoria de Paulo Herkenhoff. A mostra traçou um amplo panorama da utilização da luz como recurso artístico em obras de 133 artistas concebidas entre os séculos XIX e XXI. Ainda, em 2002, foi tema da exposição Pioneiro Palatnik: Máquinas de pintar e máquinas de desacelerar, com curadoria de Marcio Doctors.

Palatnik foi, entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010, homenageado no Ocupação Itaú Cultural. Com curadoria de Aracy Amaral, a exposição reuniu algumas de suas obras e materiais que fizeram parte de seu processo de criação, além de entrevistas e um depoimento do próprio artista. Alguns desses materiais estão disponíveis no site da Ocupação e na playlist do YouTube.

Acesse a Enciclopédia Itaú Cultural e mergulhe na história de Abraham Palatnik.

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