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Aquecimento para a Banca de Quadrinistas | Laura Athayde

Laura Athayde é uma das convidadas da terceira edição da Banca de Quadrinistas e expõe seu trabal...

Publicado em 24/08/2018

Atualizado às 17:38 de 11/09/2018

Laura Athayde é uma das convidadas da terceira edição da Banca de Quadrinistas e expõe seu trabalho no evento nos dias 15 e 16 de setembro.

Ela se define como advogada por profissão e desenhista por teimosia. Formada em direito e em design gráfico, desde 2014 dedica-se profissionalmente à ilustração e aos quadrinhos. Lançou algumas HQs independentes e já ilustrou para a Companhia das Letras, a Editora Record e a Editora Planeta, entre outras. Além de fazer quadrinhos e publicá-los regularmente no site O Beltrano, escreve sobre eles para o site Minas Nerds. Foi selecionada na edição 2017-2018 do Rumos Itaú Cultural com o projeto da HQ Aconteceu Comigo – Histórias Reais de Mulheres.

Como aquecimento para a Banca, os convidados escolheram alguns de seus trabalhos para publicação no site e comentaram as escolhas. Laura Athayde enviou quatro tirinhas. Confira abaixo:

Por que você escolheu essas histórias?
Porque acho que representam bem o meu trabalho. Três delas foram feitas entre o ano passado e o início deste ano, quando eu publicava semanalmente no portal mineiro O Beltrano, e uma delas – a moça que se olha no espelho – é de 2016, da época em que participei do Coletivo Mandíbula, de mulheres quadrinistas. Minha produção é autobiográfica (ou semiautobiográfica, como prefiro chamar) e, portanto, grande parte das minhas tiras acaba abordando temas relacionados à mulher na sociedade brasileira.

Como foi o processo de criação delas?
A primeira tira, Elogio x Assédio, é 100% verídica e baseada em uma situação que vivi andando pelas ruas de Belo Horizonte. Às vezes esse viés autobiográfico me leva a abordar temas um tanto quanto pesados, como é o caso do assédio; contudo, gosto de dar um toque bem-humorado e otimista ao meu trabalho, e por isso não pude deixar de retratar essa cena. O que começou como mais um momento tenso entre tantos vividos diariamente pelas mulheres acabou sendo uma anedota divertida que adorei contar – apesar de muita gente achar que é invenção!

A segunda tira, Van Gogh e Picasso, reflete minhas intermináveis dúvidas sobre a escolha da carreira artística. Sou formada em direito e trabalhei por um tempo na área. Nesse universo em que eu vivia, trabalhando em um escritório de advocacia, o caminho já está mais ou menos dado: progressão de carreira, aumento de salário... Não tem muitas surpresas. A vida de artista freelancer, por outro lado, não tem nenhuma certeza! Então, essa tirinha fala um pouco sobre tentar equilibrar sonhos e realidade e se comprometer com a sua escolha, sem ficar pensando no que poderia ter sido caso escolhêssemos um caminho diferente.

A terceira é uma das minhas favoritas e também um dos meus trabalhos mais conhecidos. Ela circula bastante pelo Instagram e pelo Tumblr em perfis estrangeiros. Nessa época eu mantinha uma página com outras seis colegas em que postávamos tirinhas todos os dias, uma de nós a cada dia da semana. Para estimular a criatividade e manter certa unidade nas postagens, escolhíamos temas semanais, e dessa vez foi “espelho”. Pareceu o tema perfeito para falar de pressão estética e autoestima, conceitos muito presentes na minha vida enquanto mulher. Por isso, tentando manter o viés otimista, decidi desenhar uma moça se apaixonando por si mesma, ou melhor, aprendendo a amar o seu reflexo no espelho.

Por último, a tirinha sobre o amor e as cicatrizes que ele deixa. Como quadrinista autobiográfica, não dá para deixar de abordar, ocasionalmente, temas mais melancólicos. Nesse caso, uma amizade que restou de um relacionamento terminado me fez refletir sobre as marcas que as pessoas deixam em nossa vida, ou até mesmo – por mais cruel que isso soe – a inexistência de qualquer marca. Por ser uma tirinha bastante metafórica, optei por um estilo de desenho mais distante da realidade, que demonstrasse que esses encontros não estão acontecendo agora, na sequência em que foram desenhados, mas na memória da personagem, e por isso a estética é mais embaçada e menos colorida.

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