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“Aquilo de que não se pode falar” apresenta experiência dramatúrgica em duas línguas

Projeto selecionado pelo Rumos 2019-2020 realiza montagem com português e Libras coexistindo em cena

Publicado em 02/12/2021

Atualizado às 17:39 de 17/08/2022

por Ana Luiza Aguiar

Baseado no livro Vaca de nariz sutil, escrito há 60 anos por Campos Carvalho, Aquilo de que não se pode falar é uma experiência virtual de dramaturgia em que duas línguas e culturas que pouco conversam entre si – Língua Brasileira de Sinais (Libras) e português – coexistem em cena, nem sempre de forma cordial.

O texto original conta a história de um soldado esquizofrênico que, ao voltar da guerra, é obrigado a dividir um quarto de pensão com uma pessoa surda chamada Aristides. No livro, tudo é narrado do ponto de vista do soldado. Já o diretor desta montagem, Vinicius Arneiro, resolveu colocar em cena, junto com os atores Filipe Codeço e Marcelo William da Silva, os intérpretes de Libras Jhonatas Narciso e Lorraine Mayer, que irão interpretar nessa língua as falas em português e vice-versa.

O espetáculo, que tem o apoio do programa Rumos Itaú Cultural, fica em cartaz de 8 a 15 de dezembro, sempre às 19h e gratuitamente, com ingressos retirados por meio do Sympla.

Fotografia de um homem negro, com camisa branca, durante cena da montagem Aquilo de que não se pode falar.
Cena da montagem Aquilo de que não se pode falar (imagem: divulgação)

Idealizado por Filipe, o projeto nasceu em 2016 a partir do desejo de adaptar a obra para o teatro. “Imaginei o texto se tornando um espetáculo solo de teatro-dança no qual eu viveria o soldado anônimo avassalado pela guerra”, conta. Do encontro com o diretor surgiu a proposta de trazer um ator surdo para compartilhar a cena, dando vida a Aristides. Ao gerar duas linhas narrativas que se desdobram paralelamente, a dramaturgia se desenvolve sem hierarquia linguística e permite diversas leituras.

“Trata-se de um projeto que se orienta pelo desejo de fazer confluírem as experiências e os modos de vida por intermédio das suas diferenças. É um caminho sinuoso e de constante aprendizado, por isso revela muito sobre a urgência de buscarmos maneiras de fazer conviverem aqueles que se diferem entre si”, analisa o diretor da peça.

Desenvolver o projeto foi um desafio por diversas razões. Primeiramente porque, por causa das limitações impostas pela pandemia de covid-19, todos os ensaios foram virtuais. Depois, pelo fato de existirem duas línguas em cena – e de tudo precisar ser traduzido simultaneamente não só durante a apresentação, mas desde os ensaios. “Eu adorei o processo e o resultado que tivemos. Foi enriquecedor, como ator, viver todo esse dia a dia de trabalho, mesmo que remoto na maior parte do tempo. O texto era muito grande e denso, não foi nada fácil construir essa trajetória. E, como iniciativa de buscar estratégias que pudessem contemplar todos de uma forma mais igualitária, para além dos ensaios, foi criado um espaço que nomeamos GT de Libras. Ele foi o pontapé fundamental para a compreensão de todo conteúdo que estava em língua portuguesa”, conta Marcelo William, que interpreta Aristides.

Imagem da montagem Aquilo de que não se pode falar. No palco se vê um homem de pé, com um abajur em frente ao seu rosto. Ao lado se vê uma televisão no chão, a qual mostra um homem dentro da tela.
Espetáculo conta com interpretação em Libras (imagem: divulgação)

Aquilo de que não se pode falar [com interpretação em Libras]
8 a 15 de dezembro de 2021
às 19h
[duração aproximada: 75 minutos]
on-line
reserve seu ingresso via Sympla

Ficha técnica
Idealização: Filipe Codeço e Vinicius Arneiro
Direção: Vinicius Arneiro
Dramaturgia: Diogo Liberano
Elenco: Filipe Codeço, Jhonatas Narciso e Marcelo William da Silva
Figurino e visagismo: Ticiana Passos
Intérpretes de Libras: Jhonatas Narciso e Lorraine Mayer
Direção de fotografia: Andrea Capella
Edição: Lucas Domires
Direção musical e mixagem de som: Felipe Storino
Direção de arte e cenografia: Julia Deccache
Iluminação: Bernardo Lorga
Designer gráfico: Pablito Kucarz
Som direto: Bruno Espírito Santo
Assistente de câmera: Bia Marques (Dafb)
Colorização e legendagem: Lucas Domires
Transcrição em Libras: Jhonatas Narciso, Lorraine Mayer e Marcelo William da Silva
Produção-executiva: Pedro Struchiner e Thiago Monte
Direção de produção: Maksin Oliveira
Realização: Roda Produtiva

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