Acessibilidade
Agenda

Fonte

A+A-
Alto ContrasteInverter CoresRedefinir
Agenda

Arte Cibernética – Coleção Itaú Cultural em Curitiba (PR)

Mostra reúne obras que interagem com o público

Publicado em 17/03/2015

Atualizado às 21:06 de 02/08/2018

De 1º de abril a 31 de maio, o Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba (PR), recebe a itinerância da exposição Arte Cibernética – Coleção Itaú Cultural. A série de trabalhos exibidos explora a interação, seja entre o observador e a obra – que reage às ações do público –, seja entre os integrantes distintos de um sistema – o seu choque e combinação produzindo novos efeitos. Criações que participam de uma mesma poética e inspiradas na tecnologia desenvolvida no século XX.

Essas são as características da arte cibernética, um recorte no contexto da relação entre arte e tecnologia. Exemplos dessa abordagem são Ultra-Nature, do mexicano Miguel Chevalier, um jardim virtual que se move e evolui segundo suas tendências próprias e pela interferência dos visitantes; e Pix Flow #2, do coletivo belga Lab[au], em que partículas atuam umas sobre as outras e geram resultados imprevisíveis. Confira todas as obras na lista abaixo.

A abertura da mostra ocorre no dia 31 de março, às 19h. Em 1º de abril, acontece o Encontro Arte Cibernética, que debate os conceitos desse campo, com presença do gerente do núcleo de Inovação do Itaú Cultural, Marcos Cuzziol, e dos artistas Raquel Kogan, Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti.

O MON funciona de terça a domingo, das 10h às 18h, com horário estendido nas primeiras quintas-feiras de cada mês, até as 20h. O ingresso custa R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia) e é gratuito em duas ocasiões: nas primeiras quintas, das 18h às 20h (2 de abril e 7 de maio), e nos primeiros domingos de cada mês (dias 5 de abril e 3 de maio) durante todo o período. Conheça o site do instituto.

Outras informações sobre arte e tecnologia estão disponíveis nesta seção do site. Entre outras ações do Itaú Cultural nesse sentido: a mostra Rumos Arte Cibernética – o hotsite reúne textos críticos sobre o tema. Na aba Vídeos, saiba mais sobre o acervo do instituto dedicado a esse gênero artístico.

Arte Cibernética – Coleção Itaú Cultural em Curitiba (PR) 

Visitação
quarta 1 de abril a domingo 31 de maio de 2015
terça a domingo 10h às 18h
primeiras quintas de cada mês 10h às 20h

R$ 6 (inteira) | R$ 3 (meia)

Gratuito (no primeiro domingo de cada mês e das 18h às 20h nas primeiras quintas)

Abertura
terça 31 de março de 2015
às 19h

Encontro Arte Cibernética
com Marcos Cuzziol, Raquel Kogan, Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti
quarta 1 de abril
às 19h

[livre para todos os públicos]

Obras e Minibiografias

Camille Utterback e Romy Achituv
Text Rain, Estados Unidos/Israel, 1999
poema Talk, You, de Evan Zimroth / tradução Marcus Bastos

A projeção do corpo dos participantes é combinada com a animação de uma chuva de letras coloridas que, por sua vez, respondem aos movimentos corporais. Acumulando certo número de letras ao longo dos braços estendidos ou da silhueta de algum objeto, o participante pode formar uma palavra inteira e até mesmo uma frase. As letras em queda não são aleatórias, elas dão forma aos versos de um poema sobre o corpo e a linguagem.

Camille Utterback é norte-americana e uma das pioneiras no campo das instala­ções interativas. Já realizou exposições no New Museum of Contemporary Art, no American Museum of the Moving Image, no NTT InterCommunication Center, em Tóquio, e na Ars Electronica, na Áustria, entre outros.

Romy Achituv é um artista israelense que iniciou sua carreira como escultor, mas passou a explorar novas possibilidades artísticas oferecidas pelas novas mídias.

 

Christa Sommerer e Laurent Mignonneau
Life Writer, Áustria, 2005

Quando os participantes usam as teclas de uma antiga máquina de escrever, os caracteres são marcados na folha. Ao retornar o cilindro da máquina, as letras transformam-se em criaturas artificiais que parecem flutuar. As criaturas são baseadas em um algoritmo genético que determina seus comportamentos e movimentos, e precisam se alimentar de novas letras datilografadas para reproduzir novos seres. Ao conectar o ato de datilografar ao da criação da vida, o espectador, no papel de “escritor de vidas”, participa da geração de um mundo situado no limiar do analógico e do digital.

Christa Sommerer é uma bióloga belga. Atuou como professora associada no Instituto de Ciências e Artes Midiáticas Avançadas (Iamas), em Gifu, no Japão. Em parceria com o artista francês Laurent Mignonneau, desenvolve instalações que produzem seres ine­xistentes na natureza. Atualmente, ambos são catedráticos da Universidade de Artes e Design, em Linz, na Áustria, onde dirigem o Departamento de Cultura da Interface no Instituto de Mídias.

 

Edmond Couchot e Michel Bret
Les Pissenlits, França, 2006

A força e a duração do sopro do espectador determinam os movimentos das sementes de um dente-de-leão, que realizam trajetórias complexas. O conceito de primeira interatividade – baseado na relação homem-máquina, em modelos de estímulo e resposta, ação e reação – transparece nesta obra clássica, que até hoje influencia artistas do mundo inteiro.

Edmond Couchot é professor emérito da Universidade Paris VIII, onde criou a cadeira de artes e tecnologias da imagem entre 1982 e 2000. Com Michel Bret, aplica em seus trabalhos a noção de segunda inte­ratividade e a cibernética de segunda ordem, que focam sistemas auto-organizados, estruturas emergentes e automatismo.

Michel Bret nasceu em 1941 e passou a primeira parte de sua vida entre o Marrocos, a Venezuela e o Vietnã. É autor de vários filmes de animação, de instalações interativas e do Anyflo, software de animação 3D. As suas pesquisas englobam as disciplinas da inteligência e da vida artificial (conexionismo e evo­lucionismo) e as técnicas para aplicá-las na dança, no teatro e nas artes circenses.

 

LAb[au]
PixFlow #2, Bélgica, 2007

Escultura na forma de um console composto de quatro displays organizados verticalmente. Um programa simula um campo vetorial no qual partículas fluem conforme a evolução de sua densidade. A interação mútua que se desenrola no campo provoca a emergência de comportamentos totalmente imprevisíveis das partículas.

LAb[au] é um coletivo belga fundado em 1995 por Manuel Abendroth, Jérôme Decock e Els Vermang. Identificam-se como um “laboratório de arquitetura e urbanismo”, mas as suas áreas de interesse englobam software art e VJeing. Além disso, promovem simpósios e workshops com nomes como Stanza, Lev Manovich e Marcos Novak.

 

Miguel Chevalier
Ultra-Nature, México, 2008

Um jardim virtual criado para interagir com o público. A flora é composta inicialmente de seis variedades de plantas digitais coloridas. Cada uma delas evolui de acordo com um ciclo definido por seu código genético. Por meio de sensores, as plantas seguem os movimentos dos visitantes e são polinizadas por seus gestos, influenciando seu crescimento e sua multiplicação de forma imprevisível.

Miguel Chevalier é conhecido como um dos pioneiros da arte digital. Nascido no México e radicado na França, graduou-se na Escola Nacional Superior de Belas Artes, em Paris, no início da década de 1980. Em 1994, ingressou como artista residente na Villa Kujoyama, em Quioto, Japão.

 

Raquel Kogan
Reflexão #3, Brasil, 2005

Instalação na qual a imagem de várias sequências de números é projetada na parede de uma sala escura. A projeção é refletida em um espelho d’água rente ao chão. A obra é interativa e as pessoas acionam o teclado que regula a rapidez da projeção. Dessa forma, cria-se um movimento contínuo, mas nunca repetido, como se os números subissem de um espelho a outro, sucessivamente.

Raquel Kogan é artista multimídia, gravadora e pintora. Vive e trabalha em São Paulo. Em seu trabalho, os números são uma constante: nas pinturas e nas gravuras definem o espaço e a profundidade; nos objetos, nas instalações e nas intervenções são utilizados como meio de interação. Em 2003, iniciou a série Reflexão, que consiste em um ambiente interativo no qual sequên­cias de números em movimento são projetadas em toda a extensão de uma parede e refletidas em um espelho d’água.

 

Regina Silveira
Descendo a Escada, Brasil, 2002

Versão interativa da obra Escada Inexplicável 2, de 1999, elaborada em colaboração com o Itaulab, núcleo de pesquisa mantido à época pelo Itaú Cultural. Na instalação, o visitante desce uma escada virtual e interativa. As imagens sincronizadas de três projetores incidem sobre o chão e as paredes, gerando um continuum dinâmico. O visitante penetra no desenho, que vai se desdobrando à medida que ele “desce” a escada, ao som dos passos ritmados de outros (ausentes) que a percorrem em diferentes patamares.

Regina Silveira é artista visual. Sua obra abrange gravura, serigrafia, videoarte, pintura, desenho e arquitetura. É doutora em arte pela USP, universidade na qual lecionou de 1974 a 2000. Seu trabalho atingiu projeção nacional e internacional: entre outras mostras coletivas, participou das bienais de São Paulo (1983 e 1998), do Mercosul (2001 e 2011) e de Taipei (2006). Suas instalações individuais também se espalham pelo mundo. Entre as mais recentes estão Tropel (Reversed), no Køge Art Museum (Dinamarca, 2009), Octopus, na Alexander Gray Gallery (Nova York, 2009), e In Absentia (Collection), no The Aldrich Contemporary Art Museum, Ridgefield (Estados Unidos, 2012).

 

Rejane Cantoni e Daniela Kutschat
OP_ERA: Sonic Dimension, Brasil, 2005
programação Victor Gomes / apoio ATOS Automação Industrial – CLP (hardware)

A instalação consiste em um instrumento musical virtual com a forma de um cubo preto aberto, preenchido por centenas de linhas luminosas que podem ser tocadas pelo visitante. Afinadas com a tensão adequada, essas cordas vibram com uma frequência de luz e de som que varia de acordo com sua posição relativa e com o modo de interação do visitante.

Rejane Cantoni é mestra e doutora em comunicação e semiótica pela PUC/SP e mestra em estudos superiores dos sistemas de informação, com opção por visualização e comunicação infográficas, pela Universidade de Genebra, na Suíça; também possui pós-doutorado pela USP.

Daniela Kutschat é pesquisadora dos meios eletrônicos e de tecnologias de comunicação no contexto da arte desde 1986. Artista plástica e doutora em artes pela USP (2002), tem desenvolvido plataformas multimodais que integram corpo, luz, som e imagem em instalações, ambientes imersivos e sistemas interativos.

 

Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti
Fala, Brasil, 2011

Uma máquina de falar autônoma e interativa, desenhada para estabelecer comunicação e sincronização automáticas entre humanos e máquinas e entre máquinas e máquinas. Na instalação, um microfone faz a interface com um “coro” de quarenta celulares. Todos os aparelhos estão em estado de escuta para captar vozes e outras sonoridades. A máquina de falar autônoma analisa as informações e estabelece equivalências com sua memória. Em seguida, gera um resultado audiovisual com um significado semântico similar ao som captado, ou seja, fala e exibe nas telas uma palavra idêntica ou semelhante à palavra escutada. Caixas de som e visualização de palavras nas telas dos aparelhos celulares possibilitam um “diálogo”.

Rejane Cantoni é mestra e doutora em comunicação e semiótica pela PUC/SP e mestra em estudos superiores dos sistemas de informação, com opção por visualização e comunicação infográficas, pela Universidade de Genebra, na Suíça; também possui pós-doutorado pela USP.

Leonardo Crescenti é arquiteto e diretor de cinema, tendo feito 13 curtas-metragens. Desde 1978, realiza projetos em mídias e suportes variados. A parceria com Rejane Cantoni começou em 2005. Participaram de diversas exposições em âmbito nacional e internacional. Foram selecionados em 2014 pelo programa Rumos Itaú Cultural 2013-2014 para a produção da obra Voz/Voice. Em 2013, receberam o prêmio VIDA 13.2 por Fala e menção especial do Prix Ars Electronica para Túnel.

Compartilhe