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Ativo 040621 | Orgulho Neon

A colunista Winnie Bueno aborda a importância da trajetória da ativista Neon Cunha

Publicado em 20/06/2021

Atualizado às 11:33 de 01/07/2021

Por Winnie Bueno

Em junho celebramos o Mês do Orgulho LGBTQIA+ em todo o planeta. A data, que adquiriu também um sentido comercial, nasceu imbuída em revoltas, protestos e lutas por direitos. O orgulho LGBTQIA+ tem relação com resistência e legado – e, no contexto brasileiro, ele constantemente se resume ao das lideranças brancas.

No que pese o apagamento dos corpos negros das lutas protagonizadas pela população LGBTQIA+, nós temos muito do que nos orgulhar dos nossos. Em vez de apresentar um diagnóstico da supressão do ativismo intelectual negro, irei celebrar minhas camaradas com um ato de amor, agradecimento, reconhecimento e afirmação de nossas potências através do nome de Neon Cunha.

A ativista Neon Cunha, mulher negra, ameríndia e transgênera (imagem: João Bertholini)

Neon é uma das principais realizações da autodefinição. É uma mulher negra, ameríndia e transgênera, como ela mesma se define. Ativista independente, questionadora da branquitude e da cisgeneridade tóxica, tomou esse lugar para si a fim de observar o mundo e seus fenômenos. Conheci Neon no ativismo, dividi quarto com Neon, aprendi e aprendo com a genialidade e a sabedoria de Neon, me banhei no afeto e no amor revolucionário de Neon.

Neon tem o nome perfeito, porque tudo nela brilha, reflete e se expande. Tudo nela é revelador da importância de não nos contentarmos com o que o mundo quer da gente. Neon faz com que a gente sinta que pode voar e despertar em nós mesmas nossa agência, nosso poder de decisão, nossos direitos e escolhas. Neon é vontade, autonomia, luta e coletividade. Quando Neon fala, falam todos aqueles que levantam suas vozes contra todas as formas de injustiça social. Quando Neon fala, brilha nossa ancestralidade.

Nas palavras de Neon estão ideias de transformação que nos lembram que a luta LGBTQIA+ sem combate ao racismo – e que a luta antirracista sem combate à LGBTQIA+fobia – é insuficiente, fraca, mesquinha, opaca. Neon me ensinou a lutar pela minha própria vida – a vida física e a vida como símbolo do ser. Ela me ensinou o que significa tomar nas próprias mãos o direito de ser reconhecida a partir dos meus termos. Foi Neon que me ensinou o significado de autodeterminação e de empoderamento. Com ela aprendi o que significa amor próprio. Neon ama a si mesma com tanta profundidade que estava disposta a morrer por ela mesma. Mais do que isso, Neon me ensinou que não devemos temer a morte.

Neon é múltipla. É uma legião, um nome, várias histórias, uma casa, nossa inspiração, uma mariposa cheia de cores, uma lembrança constante de que vale a pena celebrar o nosso orgulho.

Por ti, Neon.

Por todas nós que brilhamos contigo quando paramos os olhos no teu olhar revolucionário.

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