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Balé da Cidade de São Paulo se apresenta no Auditório dentro do festival Abril para Dança

Os bailarinos sobem ao palco com o espetáculo A Sagração da Primavera

Publicado em 10/04/2019

Atualizado às 12:06 de 28/04/2019

Chuva de pétalas de rosas artificiais (com o aroma delas), trilha musical inspirada nos sons da natureza e figurinos feitos à mão que trazem desenhos de movimentos. Essas são algumas das atrações à parte que podem ser observadas em A Sagração da Primavera, espetáculo que o Balé da Cidade de São Paulo apresenta no palco do Auditório Ibirapuera de 26 a 28 de abril, como parte da programação do festival Abril para Dança – evento que celebra e abre espaço para os movimentos da dança na cidade de São Paulo, com curadoria de Fernando Dourado.

A montagem, que comemora os 50 anos de atividades do Balé da Cidade (completados em 2018), é uma releitura de Ismael Ivo para o clássico do compositor russo Igor Stravinsky (1882-1971) – uma das mais importantes obras do século XX e marco da dança moderna mundial. Nessa nova versão, o diretor artístico e coreógrafo da companhia de dança chama a atenção para questões importantes da atualidade.

A Sagração da Primavera apresenta, como contexto geral, a história de uma virgem que é sacrificada para que venha a próxima primavera. Mas, no espetáculo criado por Ismael, assuntos importantes e atuais também são levantados, como as questões de gênero e ambiental”, fala Willian Alexandrino, gestor do Balé da Cidade de São Paulo. “Essa montagem pode ser considerada uma produção internacional, já que trabalhamos com cenógrafo alemão, ensaiadoras italianas, figurinista alemã e bailarinos brasileiros. Isso resultou num grande mix de culturas e olhares durante o processo criativo, que acabou sendo muito rico, já que cada grupo de profissionais trouxe para o espetáculo a sua própria bagagem. O resultado no palco se torna muito potente, esteticamente falando.”

Willian acrescenta que na construção da montagem são usadas 650 mil pétalas de rosas, que surgem em uma chuva de flores, como uma metáfora para alertar sobre o desequilíbrio das condições ambientais. “Se num primeiro momento essa chuva é muito bonita e poética, com o passar do tempo ela começa a incomodar justamente por mostrar esse desarranjo do meio ambiente”, explica. “No prólogo da obra, a trilha sonora especialmente criada por Andreas Bick (que captou e representou sons diversos da natureza) também ajuda a criar essa temática.”

Inspiração, pesquisa, estudo, ação – o balé muito além do palco

Quem pensa que um espetáculo de balé é feito apenas de uma boa coreografia, de exímios bailarinos que a executam e de uma bela trilha sonora não imagina o complexo universo que existe por trás do palco, nos bastidores de uma produção. Willian conta que, além do trabalho de consciência corporal feito com os bailarinos, durante a concepção e a criação de uma montagem todos os artistas integrantes da companhia – como cenógrafos, figurinistas e iluminadores – participam de um grande processo de pesquisa e estudo da obra que será montada para compreender o seu conceito geral – e não apenas o seu funcionamento no palco. Segundo ele, o que mais chamou atenção durante o processo de A Sagração da Primavera foi um quadro que inspirou a chuva de pétalas de rosas executada no decorrer da apresentação.

“Os bailarinos receberam material de pesquisa e estudo para entender o conceito da montagem. Uma das coisas mais emblemáticas nesse processo foi um quadro que se chama As Rosas de Heliogábalo [pintura de Lawrence Alma-Tadema de 1888], que serviu de referência para o cenógrafo conceituar a queda de pétalas e, até mesmo, os tons das rosas que utilizamos”, conta Willian. “Essas flores são artificiais, de plástico. Depois, cada uma das pétalas foi revestida com um tipo de veludo para que os bailarinos tivessem uma sensação específica, como se estivessem de fato pisando pétalas de rosas – e para podermos reapresentar o trabalho várias vezes”, detalha. “Para ajudar a criar esse efeito, usamos ainda aromatizadores que trazem o cheiro de rosas para que eles realmente tenham essa experiência de estar sendo recebidos pela primavera. Foi um processo complexo, desafiador, mas com um resultado final muito gratificante.”

Desafiador também foi o trabalho dos figurinistas, dos iluminadores e dos cenógrafos do espetáculo, como destaca Willian. “Os figurinos são um trabalho à parte. Eles foram confeccionados à mão, um a um. Cada saia usada pelos bailarinos tem um desenho pensado como se fosse um movimento da primavera. Depois da concepção, levaram-se cerca de 15 dias para produzir as peças”, conta. “Já o cenário é relativamente simples de estrutura, mas muito complexo de montagem. Tivemos, por exemplo, de inserir uma iluminação que criou uma ambientação especial. Em alguns momentos da obra, o espectador tem a sensação de visualizar uma vila, onde se discute a questão da primavera.”

Com tanta criatividade, ideias, estudos, pesquisas e profissionais envolvidos na realização de um espetáculo – apenas para citar parte do que acontece nos bastidores –, ficam claras a complexidade e a grandiosidade da produção de uma obra (seja de que forma de arte for) e a importância de ter uma equipe antenada e sintonizada para fazer tudo acontecer, mesmo que para isso seja necessário um preparo de seis meses antes do “grande dia”, dos tão esperados 60 minutos de apresentação no palco – como no caso de A Sagração da Primavera.

“São muitos detalhes dentro de um todo. Mas contamos com uma equipe competente que dá todo o suporte, de cada área, para que tudo aconteça de modo positivo. A junção de tantos talentos trabalhando em um objetivo comum é o que causa esse impacto tão grande no final, não só em A Sagração da Primavera, mas em todos os trabalhos realizados pela companhia”, fala Willian. “Muita gente tem a visão de que talvez o Balé da Cidade seja uma companhia de dança mais velha, mais antiga. Mas, na verdade, estamos no ápice da nossa juventude – portanto, nada como mostrar isso no palco, celebrando a primavera.”

Abril para Dança | Balé da Cidade de São Paulo
sexta 26 e sábado 27 de abril de 2019
às 21h
domingo 28 de abril de 2019
às 19h
[duração aproximada: 60 minutos] 

Entrada gratuita. Distribuição de ingressos na bilheteria do Auditório, uma hora e meia antes da apresentação. Limite de dois ingressos por pessoa. Sujeito à lotação da casa.

[classificação indicativa: 14 anos]

Abertura da casa: 90 minutos antes da apresentação

 

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