Acessibilidade
Agenda

Fonte

A+A-
Alto ContrasteInverter CoresRedefinir
Agenda

Boi Vagamundo explora festejos populares da América Latina

Projeto apoiado pelo Rumos viaja a América Latina para documentar a tradição dos folguedos

Publicado em 03/09/2019

Atualizado às 09:42 de 30/12/2019

por Tatiana Diniz

Em novembro de 2018, o Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare completou 25 anos de existência. Ao longo de sua trajetória, o grupo se dedicou a três linhas de pesquisa que, em conexão, convergiram para o projeto Boi Vagamundo, selecionado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018.

Na primeira linha de pesquisa, o Boi Galado – um brinquedo criado em 2015 e inspirado na tradição do boi, folguedo que acontece em todo o país – conduziu a todo um arcabouço estético e ético apresentado pela cultura popular. A ela somou-se a investigação sobre a Latinoamérica, que já permeava a prática artística do grupo há cerca de uma década.

Paralelamente, o projeto pedagógico batizado de Laboratório – atividade muito presente no teatro de grupo hispano-americano – passou a acontecer ao longo dos últimos cinco anos em Natal (RN), recebendo artistas de todo o Brasil e de outros países da América Latina. “A partir dessa trajetória, construiu-se a estrutura do projeto Boi Vagamundo”, explica Fernando Yamamoto, diretor artístico dos Clowns.

Unindo as três linhas de ação, o intuito principal de Boi Vagamundo é encontrar uma estrutura original para o Boi Galado, que tenha a cara do grupo. Para isso, na primeira etapa do projeto foram realizadas as chamadas Residências Tupiniquins, que aconteceram nos estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Maranhão.

“Em cada um desses estados, conhecemos manifestações populares que têm o boi como sua figura principal: o Boi Calemba Pintadinho, na cidade de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, o encontro de cavalo-marinho no terreiro do Mestre Salustiano, em Pernambuco, e o São João maranhense, talvez a mais forte manifestação ligada ao boi no Brasil”, descreve Yamamoto. 

Na etapa internacional, o projeto se deslocou ao Peru para conhecer a Fiesta de la Virgen del Carmen, na cidade de Paucartambo, onde acompanhou a manifestação chamada de Waka Waka, que satiriza a figura do toureiro espanhol, ou do colonizador. Também no Peru, na cidade de Lima, foi oferecido um laboratório para artistas peruanos em geral, numa atividade realizada em conjunto com o grupo Yuyachkani.

A rotina se repetiu no Equador, na festa do Paseo del Chagra, na cidade de Machachi, onde o laboratório foi realizado em parceria com o grupo Malayerba, um dos principais nomes do teatro latino-americano. Por fim, em outubro, os Clowns partem para a Colômbia – primeiramente, para Valparaíso, onde acompanham a Fiesta del Buey, e depois oferecem o laboratório junto com o grupo Teatro del Embuste.

“Passadas todas as residências e os laboratórios internacionais, voltaremos ao Brasil para, em sala de trabalho, estruturar todo esse conhecimento visto, adquirido e vivenciado. A partir disso, começaremos a alcançar uma nova etapa do nosso Boi Galado”, completa o diretor.

A última etapa do Boi Vagamundo acontece em 2020, com o Laboratório da Cena, que tradicionalmente acontece em Natal todos os anos. Nessa edição, o tema será tudo que foi vivenciado ao longo do projeto.

“Não posso deixar de falar que tudo está sendo feito em parceria com o nosso mestre do Boi Galado, Helder Vasconcelos, multiartista pernambucano e parceiro de longa data”, ressalta Yamamoto. Todas as etapas vêm sendo documentadas no Instagram do grupo e registradas em audiovisual, para fins de produção de um documentário.

Compartilhe