Acessibilidade
Agenda

Fonte

A+A-
Alto ContrasteInverter CoresRedefinir
Agenda

Expedição Brasiliana: catalogue descobertas

No sexto episódio da temporada, aprenda a registrar as suas descobertas. Saiba mais neste material complementar

Publicado em 11/09/2020

Atualizado às 14:45 de 23/06/2022

Encontrar descobertas é muito mais do que ter sorte: é observar e reconhecer. Os seres humanos fazem isso há muito tempo por diferentes motivos. No início, a descoberta de comida na natureza, entre tantas espécies venenosas ou difíceis de comer, despertava a curiosidade. Colher frutos e raízes comestíveis possibilitou outras coletas, não de comida, mas de coisas que podiam ter usos diferentes, como madeira e palha, usadas para a construção de instrumentos e objetos diversos.

Quando os humanos, milhares de anos depois, já tinham desenvolvido técnicas de agricultura, pecuária e de artesanato, veio a necessidade de coletar outras coisas, coisas sem uma serventia aparente. Aprendendo a admirar o mundo, as pessoas perceberam a vontade de não só ver, mas guardar um pedacinho dele. Os chamados “gabinetes de curiosidades” ou “câmara das maravilhas” eram espaços onde se acumulavam coisas de todos os tipos advindas de regiões próximas ou muito distantes. Misturavam-se no mesmo ambiente estrelas do mar desidratadas, pinturas, porcelanas, pedras, tecidos, chifres de unicórnio – coisas reais ou fictícias, pequenas ou grandes, bonitas ou feias: a ideia era criar uma miniatura do mundo.

Para além dessa concepção, existe também a catalogação. Ou seja, dar ordem e organizar as coisas. Ela pode ser entendida como uma vontade de compreender o mundo e o que vive nele.

A primeira expedição científica realizada no Brasil, em 1815, foi liderada pelo então príncipe da Prússia, Maximiliano von Wied. Eentre muitas coisas, ele coletou e catalogou uma cobra, cujos ossos podemos ver hoje no Espaço Olavo Setubal, na sede do Itaú Cultural (IC). Os cientistas viajantes, como os alemães Martius e Spix, que vieram ao Brasil entre 1817 e 1820, reuniram diversas espécies de plantas e carcaças de animais para estudá-las. Selecionaram o que nunca tinham visto, o que acharam diferente, o que acharam belo. E assim acabaram contribuindo para a revelação de inúmeras espécies até então desconhecidas!

Usada em diversas áreas, da biologia à museologia e biblioteconomia, a catalogação permite que guardemos algo e que façamos relações entre os itens. Ela possibilita que as coisas não se percam – afinal, se o príncipe Maximiliano não tivesse coletado aquela cobra, o que teria acontecido com seus ossos?

Na arte, a catalogação aparece de muitas formas. Uma delas é em uma técnica chamada assemblage, que se caracteriza pela colagem de um acúmulo de coisas. Elas podem ser unidas com cola em um papel, tela ou mesmo numa caixa. O resultado é a criação de uma forma totalmente nova.

O que há em comum entre todas as pessoas e os jeitos de catalogar é o olhar de descoberta, de reconhecimento para certa coisa – e pode ser qualquer coisa! –, de modo que, ao tirá-la de onde estava e guardá-la em outro lugar, um especial, ela recebe uma condição diferente, muito mais valorizada.

É nesse sentido de reconhecer que há valor em algo que as pessoas podem guardar conchas da praia ou plantas e flores em livros. Além de ser repletos de beleza e mistério, os objetos podem simbolizar momentos que se deseja recordar. 

E você, o que guarda para não esquecer?

Deixamos abaixo algumas referências para inspiração:

Acervo e coleção;
Assemblage;
Colagem;
Armas, ornamentos e utensílios indígenas registrados pelo príncipe Maximiliano von Wied;
Ilustrações científicas botânicas de diversas autorias;
Mestre Valentim – artista que trabalha com a ideia de classificação da natureza;
Burle Marx – colecionador e catalogador de plantas.

Expedição Brasiliana: catalogue descobertas (imagem: Divulgação)
Compartilhe