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Festival de palhaçaria feminina reuniu artistas do Norte e do Nordeste

Encontro potencializou o protagonismo da palhaçaria feminina e apresentou produções artísticas e pensamentos de artistas do Norte e do Nordeste do país

Publicado em 23/12/2021

Atualizado às 18:35 de 10/02/2022

por Cristiane Batista

Respeitável público! A palhaçaria feminina “está mais on” do que nunca com o F.E.M.E: festival de mulheres engraçadas de Maceió, idealizado pelo Grupo Clowns de Quinta, que faz um recorte de gênero com foco na palhaçaria e na comicidade feminina e chegou à sua segunda edição com o apoio do programa Rumos Itaú Cultural 2019-2020, em novembro de 2021.

>> Apresentações artísticas e mesas que aconteceram no festival estão disponível no canal do YouTube do projeto, neste link.

Formado por Nathaly Pereira, (atriz e palhaça Coxinha), Wanderlândia Melo (atriz e cômica), Elaine Lima (atriz e palhaça Frella) e David Oliveira (ator e palhaço Nores), o grupo se conheceu no curso de artes cênicas – teatro licenciatura na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). “Quando éramos estudantes, tínhamos um espetáculo chamado Cenas clownssícas, em que recriávamos as cenas clássicas de palhaços de circo. Em um ensaio, o nosso professor chamou a atenção para a cena O batalhão, na qual eu fazia a figura do capitão, e por vezes meus colegas de cena me chamavam de ‘Senhor Capitão’ e por outras de ‘Sim, Senhora Capitona’, e ele me perguntou se eu, Salsichinha, preferia ser chamada de senhora ou senhor, pois existia um movimento da palhaçaria feminina que estava discutindo essa afirmação do gênero”, conta Wanderlândia.

Foi então que o Clowns de Quinta começou a participar de festivais como o PalhaçAria, da Cia. Animeé, em Recife, o Encontro internacional de mulheres palhaças, de Mafalda Mafalda, em São Paulo, e Esse monte de mulher palhaça, do grupo Marias da Graça, no Rio de Janeiro, que inspiraram a construção de uma cena de fomento a “mulheres protagonistas do fazer rir” também em Alagoas.

O tema se tornou pesquisa e a equipe passou a olhar para a cena do estado com mais atenção. “Sentimos falta de nomear essas presenças, e foi a partir da falta que decidimos criar um espaço para essa discussão e apreciação de mulheres no palco. Era um monte de mulher, com e sem nariz vermelho, cômicas de vários países. A gente não tinha essa referência, e isso fez com que olhássemos para os nossos corpos e as nossas vivências como potência para a dramaturgia. Foi bem grandioso!”, conta a artista, que aprofundou o estudo para seu trabalho de conclusão de curso e para a idealização do F.E.M.E, projeto iniciado em 2019. 

Três mulheres estão lado a lado, rindo, em foto do F.E.M.E: festival de mulheres engraçadas de Maceió. Elas estão com roupas coloridas. Ao fundo se vê paredes com cores vivas, laranja e amarela.
Elaine Lima (atriz e palhaça Frella), Wanderlândia Melo (atriz e cômica) e Nathaly Pereira, (atriz e palhaça Coxinha) (imagem: Benita Rodrigues)

A primeira edição do festival aconteceu em março do mesmo ano, em vários espaços da capital Maceió, e contou com a participação de artistas locais e nacionais para um intercâmbio de saberes e experiências. Na plateia, outras mulheres, que com seus risos e suas palmas ajudaram também a compor a programação.

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>> Primeira edição do F.E.M.E também foi realizada com o apoio do Rumos Itaú Cultural 2017-2018

A ideia era seguir e ampliar a fórmula na segunda edição, que aconteceu em novembro deste ano, mas a pandemia exigiu algumas adaptações. Nada que criatividade e uma dose extra de humor não resolvessem, e a tecnologia tornou-se uma aliada. “O F.E.M.E ganhou o subtítulo Calor de rachar!. Nós nos sentimos em movimento e em diálogo com as palhaças convidadas, que estavam também se reinventando, internamente e com a forma digital. Descobrimos outros universos, articulações de comunicação e formas de trabalhar”, acredita Wanderlândia. 

Foi feito um pré-encontro virtual e definiu-se a programação, que contou com espetáculos, mesas de conversa, cabaré e oficinas virtuais sobre assuntos como comicidade preta, que geraram outra discussão: “A gente faz palhaçaria e usa nariz vermelho, só que algumas provocações sobre nossos traços negrumes são anuladas quando colocamos o nariz. Isso fez com que a gente decidisse abandonar essa máscara. Precisamos de corpos, histórias, terreiros e dialetos diversos”, explica ela.

Como convidadas, além de artistas locais como Ana Antunes, a palhaça MornaLisa, no número Lançamento da candidatura de MornaLisa, e Bárbara Lustoza, a palhaça Binha, que apresentou Relato de uma ex-vegana, participaram as baianas Maria Teixeira, a palhaça Testuda, em Máscara pra que te quero e Vanda Cortez em A mulher dragão!, a cearense Amanda Santos, a palhaça Rupi, em Nas tentativas de organizar e muitas outras. A Região Norte foi representada com espetáculos virtuais e uma roda de conversa com as artistas Antonielle Xavier, Ester Monteiro, Jamile Soares e Romana Melo. 

Tudo sob a acolhida afetuosa das hostess Frella, Coxinha e Salsichinha, palhaças que também apresentaram o cabaré virtual Pode vir quente?, “uma novidade para aquecer seu coração”, segundo a divertida vinheta no YouTube produzida por elas, com cenário de praia, boias e drinques coloridos.

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