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Gestores culturais em foco | Adenildo Lima

Adenildo Lima, ex-aluno do curso de especialização em gestão e políticas culturais do Itaú Cultural, fala sobre o perfil ideal de um...

Publicado em 31/05/2017

Atualizado às 10:53 de 03/08/2018

Ex-aluno do curso de especialização em gestão e políticas culturais do Itaú Cultural, Adenildo Lima fala sobre o perfil desejado de um gestor cultural, além de identificar os principais desafios da atuação desses profissionais.

Adenildo Lima é autor dos livros O Copo e a Água (2a ed., 2017), ilustrado pelo artista plástico João Paulo de Melo, e A Parteira (2013), prefaciado por Isabel de Andrade Moliterno, entre outros títulos. Em 2017, concorreu à cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras (ABL), antes ocupada pelo poeta Ferreira Gullar. É escritor, poeta, professor universitário e palestrante. Tem formação em letras (2008), mestrado na área de educação (2012) e especialização em gestão e políticas culturais (2014), curso oferecido pelo Itaú Cultural em parceria com a Universidade de Girona, na Espanha.

Adenildo Lima (Foto: Divulgação)

Qual é a importância de compartilhar com outros gestores as suas experiências na área cultural? Como você vê essa troca?

A cultura é uma partilha que, antes de tudo, precisa ser dialogada com a diversidade. Ou seja, compartilhar é encontrar meios para melhor gerir a cultura, no lugar onde se encontra o gestor cultural. Todas as vezes que conversamos com outros gestores, o nosso olhar se amplia para a inovação, sem esquecermos que a cultura é viva, e se movimenta, e se inova, e envelhece. Isso porque muitas vezes pensamos um projeto no período da manhã e, ao final do dia, já precisamos inová-lo e repensá-lo. A cultura é como a própria existência humana, uma narrativa que constrói ou destrói laços no dia a dia. Portanto, o diálogo entre gestores culturais é de suma relevância para atingir o sucesso almejado.

Quais são os desafios ou qual é o maior desafio que um gestor/produtor cultural enfrenta hoje no Brasil?

Os desafios são muitos! Principalmente nos dias atuais, quando o próprio artista gere a sua arte. O século XXI está repleto de artistas independentes e, para um artista independente, as dificuldades são maiores. Quem vai assessorar o seu trabalho? Quem vai fazer chegar a sua música ou o seu livro ao público? Sem dizer que pouquíssimos artistas independentes têm recursos financeiros.

Na área literária, sobre a qual tenho mais conhecimento, vejo que, mesmo com certo avanço neste início de século, ainda existem desafios enormes para o escritor independente. Um bom exemplo é a preferência que se dá nas feiras literárias aos escritores que estão na mídia ou que ganharam prêmios literários. E estes continuam elitizados, ou seja, basta olhar a lista dos ganhadores para ver que a maioria deles é de editoras renomadas. Observe os convidados das festas literárias e veja que são aqueles que circulam na mídia, que ganharam prêmios ou são autores de editoras renomadas. Talvez o grande desafio para o escritor independente, que também é o seu próprio produtor cultural, seja transpor algumas muralhas já concretizadas no meio literário.

Para o gestor cultural, entretanto, de uma forma geral, os desafios sempre vão existir. E não vejo isso como algo ruim. Para que essas dificuldades sejam superadas, cabe ao gestor conhecer bem o lugar onde ele se encontra. Nem sempre o produtor/gestor cultural vai atingir o sucesso, mas, se ele não tiver coragem para encarar as dificuldades, é melhor que não se atreva nessa área.

Em que consiste o trabalho do gestor/produtor cultural? Quais são as habilidades e as competências necessárias para que um gestor/produtor cultural tenha êxito em sua atuação?

Um gestor cultural precisa ser flexível, apto a ouvir e aberto ao diálogo. E diálogo aqui não se resume a um bate-papo, mas a algo bem mais amplo. O gestor cultural precisa ter habilidades e competências para mediar conflitos que possam (e vão!) surgir em sua equipe. Antes de tudo, ele precisa ter liderança e plena consciência de que na gestão cultural não se trabalha sozinho e de que o sucesso alcançado é fruto do trabalho de toda a equipe.

Como você avalia as políticas culturais praticadas na sua cidade?

Vejo as políticas culturais praticadas na cidade de São Paulo com grande dinamismo. Às vezes pensamos que as coisas estão caminhando bem, mas, então, o quadro político muda e tudo (re)começa!

Na periferia, onde a arte e a cultura são movidas pelo espírito e pela força de um povo que respira e inspira arte, existe uma produção independente muito acentuada: publicação de livros, surgimento de novos cantores, artistas plásticos em busca de espaços para expor a sua arte... Aliás, São Paulo é uma cidade muito dinâmica. É possível ver uma manifestação artística e cultural diferente em cada bairro. Ser gestor cultural na cidade de São Paulo exige movimentação constante por parte desse profissional, caso ele não queira que seus planos e projetos fiquem ultrapassados.

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