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Ilê Aiyê: organizações de resistência negra

Alexandre e Nayra comentam sobre a representatividade do grupo de Salvador na cultura negra brasileira, em sintonia com a Ocupação Ilê Aiyê

Publicado em 13/11/2018

Atualizado às 18:57 de 09/02/2023

Por Alexandre Ribeiro e Nayra Lays

O Ilê Aiyê representa um Brasil que fez com que jovens como nós, Alexandre e Nayra, pudessem avançar. De geração em geração, resistindo através da arte e do conhecimento, a proximidade com a região da Liberdade não é coincidência. O Ilê é território onde a alma precisa estar.

Bahia de todos os santos. Bahia que abrigou piratas, colombos e iemanjás. Bahia que com o tempero de uma mistura cáustica explodiu as expressões da diáspora. Fundado no dia 1º de novembro de 1974, em Salvador (BA), o Ilê Aiyê não surgiu em um contexto de aceitação. O Ilê é resistência. Desde a proibição velada de os negros desfilarem no Carnaval da cidade, até os xingamentos de “racistas” por não deixarem pessoas brancas desfilar. O Ilê é resistência.

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>>Conteúdo exclusivo sobre a Ocupação Ilê Aiyê

Cores: explosivas e mensageiras. A poesia do Ilê reside nas cores. A Ocupação Ilê Aiyê, em cartaz até o dia 6 de janeiro de 2019, no Itaú Cultural, retrata de maneira respeitosa e profunda a pluralidade que as tonalidades proporcionam. Guiando os visitantes em eixos de quatro cores, o passeio pela história é tão natural e gostoso que dá para sentir o batuque ao caminhar. Dos instrumentos e do coração. A cor preta vem da cútis dos reis e da história. A cor vermelha representa o sangue derramado na luta por igualdade. A amarela é símbolo da riqueza cultural e da beleza negra. E a ocupação se encerra com a cor branca, entregando-nos horizontes de paz e de cura.

Espaço expositivo da Ocupação Ilê Aiyê, no Itaú Cultural (imagem: André Seiti)

Horizontes de paz e cura são plantados desde 1995 com o Projeto de Extensão Pedagógica do Ilê Aiyê. Quando me deparei com todo o conteúdo produzido, e pude ler, mesmo que só um recorte, meus olhos marejaram. Em conversas ancestrais com meu coração eu pude entender: em tempos de guerra a nossa arma é o conhecimento. Ao ler o conteúdo e as estratégias de organização de meus ancestrais, eu me lembrei os motivos de eu me olhar no espelho e achar tanto o meu black power quanto o meu black pau incrivelmente lindos. Eles tentaram nos enterrar, mas esqueceram que somos sementes.

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