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Luiz Gê fala sobre a Avenida Paulista aniversariante

Ilustrador, autor de um clássico dos quadrinhos brasileiros sobre a Avenida Paulista, celebra esse cartão-postal de São Paulo no dia do seu aniversário de 130 anos

Publicado em 08/12/2021

Atualizado às 18:55 de 04/10/2022

por Fernanda Castello Branco

Fizemos três perguntas a Luiz Gê, ilustrador e autor de Avenida Paulista, clássico dos quadrinhos brasileiros, lançado pela primeira vez em 1991. A ideia era que ele fizesse parte da nossa comemoração dos 130 anos da Avenida Paulista, celebrados nesta quarta-feira, 8 de dezembro de 2021, repensando a via mais famosa de São Paulo.

Veja também:
>>Luiz Gê - Série HQ - Jogo de Ideias (2012)

Abaixo, as respostas de um homem que “procura responder” – como ele mesmo disse – com palavras e, claro, com desenhos.

O seu livro Avenida Paulista foi feito na ocasião dos 100 anos da Avenida Paulista. Agora são 130. O que tem que ser desenhado nesses 30 anos para falar atualmente sobre esse lugar?

A rigor, teria que fazer um pequeno levantamento. Mas não acho que em matéria de edifícios a coisa tenha mudado tanto. Surgiram alguns que mostram coincidências, similaridades com as projeções do livro, como o próprio prédio do Itaú Cultural: 

Imagem mostra um desenho da Avenida Paulista e embaixo duas fotos de dois prédios na mesma avenida.
(imagem: acervo pessoal)

Outros não estão na Paulista, mas próximos.

Alguns surgiram em Nova York!

Imagem dividida em três quadros mostra um desenho de um prédio e, ao lado, dois quadros mostram fotografias do mesmo prédio, na cidade de Nova York.
. (imagem: acervo pessoal)

O seu livro imagina muito uma Paulista do futuro. O que está lá que você já vê como presente? O que não virou realidade? O que nunca vai virar?

Outras projeções tinham até uma dimensão distópica, mas, considerando as dificuldades que o país vem atravessando, até que eram otimistas em certo sentido. Mudanças maiores ocorreram em outras áreas também citadas na HQ.Talvez tenham salvado o trânsito da cidade, que poderia ter entrado em colapso há muito tempo, mas não o fizeram a ponto de provocar uma mudança radical no espaço urbano como a imaginada no álbum. Ainda não conquistamos uma mudança de mentalidade que nos permitiria sonhar mais alto. No entanto, espero que estejamos a caminho.

A própria Paulista se tornou palco de manifestações políticas, manifestações político-culturais das minorias, como a Parada Gay, e um corredor cultural (e de lazer) da maior importância. O resultado é a sua apropriação pela população aos domingos. A cultura ocorre nos espaços dos prédios das instituições e na própria avenida. É uma opção de lazer. Uma avenida/parque.

Qual a sua relação com a Avenida Paulista? Ela mudou ao longo dos anos?

Sim, a minha relação com a avenida mudou muito. Como praticamente para todo mundo com idade suficiente para ter presenciado tais modificações. Na época em que fiz a história, não conhecia ainda Nova York. Quando estive lá, fiquei chateado em ver a Quinta Avenida e como quiseram repetir aqui aquele modelo. Ao mesmo tempo, aumentou a minha certeza de que a minha crítica e as minhas propostas estavam corretas. Acho que, se as empresas tivessem construído os prédios mais atrás, mantendo os casarões e as árvores, como foi feito na Casa das Rosas, ela teria se tornado uma das mais bonitas do mundo.

Mas, como escrevi (e desenhei), a presença das Paulistas que conheci sempre foi marcante na minha vida. Hoje continua sendo ainda mais; os motivos estão incluídos no que disse dois parágrafos acima.

 

Ilustração mostra estrada no centro e um muro de pedras no canto direito. No lado oposto, um muro de pedras roxo. Um cérebro aparece no céu, como se fosse uma lua.
(imagem: acervo pessoal)
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