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Lulinha Alencar homenageia Luiz Gonzaga

Show também tem músicas dedicadas a Dominguinhos

Publicado em 02/09/2013

Atualizado às 20:44 de 02/08/2018

De sanfoneiro pra sanfoneiro: em 8 de setembro, às 19h, Lulinha Alencar traz ao Auditório Ibirapuera uma homenagem ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Parte da turnê Cem Gonzaga, o show traz obras instrumentais de Gonzagão e composições de Lulinha, com participação especial de Deka Silva e Davi Alencar. Além disso, outro grande nome será lembrado: Dominguinhos.

Lulinha é do Rio Grande do Norte, radicado em São Paulo, e toca sanfona desde 1999. É integrante dos grupos Moderna Tradição e América Contemporânea. Já se apresentou em todo Brasil e países como Bélgica, Inglaterra, Espanha, França, Alemanha, Itália, Áustria, Suíça e Marrocos. Cem Gonzaga foi lançado em 2012, o ano em que se comemorava o centenário de nascimento do mestre.

Exposição O Imaginário do Rei

Até 15 de setembro, a Oca apresenta a mostra O Imaginário do Rei — Visões sobre o Universo de Luiz Gonzaga, com exibição de filmes e exposição de discos, livros, fotografias e esculturas. O evento tem apoio do Itaú Cultural. Saiba mais.

Gonzagão e Auditório

Em 2012, o Auditório Ibirapuera foi o palco do show Danado de Bom — 100 Anos de Luiz Gonzaga. Músicos como Pélico, Tulipa Ruiz, Clube do Balanço e Blubell reinterpretaram o legado de Luiz Gonzaga. Veja trechos. Assista também a cenas de Lua, espetáculo de Antonio Nóbrega inspirado no sertanejo.

Entrevista Com Lulinha

Qual sua relação com Luiz Gonzaga? Por que decidiu reinterpretar a obra do mestre?

Não tive o prazer de conhecer Gonzaga, pois ele nos deixou em agosto de 1989, quando eu tinha 10 anos. Porém, como sou filho de sanfoneiro (Zé de Cezário), do sertão, do pé da serra, não faltava oportunidade para conhecer a obra dele.

Desde pequeno toquei zabumba, triângulo com meu pai, e no repertório sempre tinha Gonzaga. Ouvia meu avô falar de vezes em que foi assisti-lo quando ele passava ali por perto do sertão potiguar. E, claro, o Rádio Sempre [marca do aparelho] sempre estava sintonizado e era certo que iriam apresentar músicas de Luiz, ali se aprendia a tocar as músicas dele.

Esses já seriam bons motivos para que o meu primeiro disco fosse dedicado a ele, mas tem mais... Eu nasci no dia de Santa Luzia, 13 de dezembro, dia em que em 1912 nascera Gonzaga, também em um sertão nordestino e, assim como eu, filho de um agricultor sanfoneiro. Além disso, temos um distante parentesco, pois sua mãe, Santana, era uma Alencar. Por fim, fui batizado com nome de Luiz.

Outro motivo e não menos importante foi o aniversário de cem anos que foi comemorado em 13 de dezembro passado, com o qual eu não poderia deixar de prestar minha homenagem ao Rei. Reside nessa ligação afetiva e artística o motivo para o Cem Gonzaga, que faz um trocadilho com a influência e ao mesmo tempo a ausência de um dos maiores mestres da música brasileira.

Como têm sido os shows da turnê Cem Gonzaga? Como é recebida a obra do Rei do Baião hoje?

O Cem Gonzaga tem sido muito bem recebido, não só aqui em casa, mas também em outros países, como Suíça, França e Itália, onde tive oportunidade de mostrá-lo.

Algumas pessoas ficam realmente surpresas com tais composições, pois a grande maioria conhece Gonzaga por sua grande voz marcante, voz essa que era proibida nas rádios do Rio de Janeiro nos anos 1940 – foi daí que vieram os primeiros discos, todos instrumentais.

Acho importante que as pessoas conheçam esse lado de Gonzaga, que era um ótimo instrumentista. A obra de Gonzaga será hoje e sempre uma obra de arte.

E quanto a Dominguinhos? Qual a importância do trabalho dele para você?

Domingos é uma referência para músicos do mundo todo.

Se existem jovens tocando sanfona hoje, certamente não é apenas por causa de Gonzaga, é principalmente porque Domingos levou adiante seus ensinamentos e os personificou com uma propriedade inconfundível.

Era sempre uma experiência muito boa estar ao seu lado, e assim foi durante o São João de 2013 pelo Nordeste, ano do centenário do Rei do Baião. Comemorá-lo ao lado do seu maior discípulo foi um aprendizado.

Eu toco sanfona há 13 anos e foi a ele dedicada minha primeira composição nesse instrumento, que assim como Luiz ele popularizou, deixando pra nós o dever de levar adiante.

Não existirá outro Dominguinhos.

O CD Cem Gonzaga ainda está em produção, quando será lançado? Como será composto, composições próprias mais obra de Luiz Gonzaga?

O Cem Gonzaga está gravado, um disco solo em que a parte musical dependia apenas de mim. Os arranjos foram aparecendo naturalmente durante concertos, viagens em casa e no próprio estúdio onde foi gravado.

É um disco todo instrumental, que até outro dia tinha apenas músicas de Luiz e uma música minha, que dá nome ao disco, eram 13 faixas ao todo.

Eram, porque eu resolvi colocar mais duas em homenagem ao querido Dominguinhos, uma autoral (“O Meu Último São João”), composta no ano passado durante o São João em que estive ao seu lado, e a faixa que fecha o disco, um lindo improviso dele, que aprendi, gravei, a que dei o nome de “Sanfonizador”, assim era como se autodenominava Gonzaga.

Em breve o disco irá para a fábrica e logo vamos recebê-lo de volta, prontinho para que possamos voltar ao Ibirapuera para o lançamento e todos possam levá-lo para casa.

Como será o show no Auditório?

No Ibirapuera não será diferente do disco, no repertório, Gonzaga, alguma coisa autoral em que é clara a sua influência e, claro, Dominguinhos.

Teremos também as participações mais que especiais do meu conterrâneo Deka Silva e do meu querido filho Davi Alencar.

Ah... e se eu tiver coragem ainda dou uma “cantadinha” pra gente lembrar um pouco da poesia que imortalizou o sertão, o vaqueiro, a seca, os costumes e as tradições de nosso Nordeste.

Obrigado e até lá.

 

Lulinha Alencar em Cem Gonzaga
domingo 8 de setembro de 2013
às 19h
duração: 90 min (aproximadamente)
gratuito [os ingressos serão distribuídos uma hora e meia antes da apresentação]
[livre para todos os públicos] L

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