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Marlui Miranda

O espetáculo mergulha no universo particular das canções do povo Juruna

Publicado em 03/11/2016

Atualizado às 10:34 de 03/08/2018

No dia 19 de novembro, o Auditório Ibirapuera recebe Marlui Miranda, que apresenta o show do disco Fala de Bicho, Fala de Gente. Lançado em 2014, o álbum traz 11 canções do povo Juruna, adaptadas e rearranjadas. No palco, a cantora é acompanhada pelo quarteto com que trabalha há alguns anos: Paulo Bellinati (violões), Rodolfo Stroeter (contrabaixo), Caíto Marcondes (percussão) e Ricardo Mosca (bateria).

As composições do disco são, originalmente, canções de ninar, o que deixou a gravação mais complexa. “As cantigas de ninar só podem ser interpretadas entre 9 e 17 horas, então eu não poderia apresentar ou ensaiar. Seria agredir uma tradição”, explica a cantora. Para resolver o impasse, Marlui elaborou alternativas com a ajuda de Tarinu, representante do povo Juruna. Com novos arranjos e adaptações, as músicas se afastaram das origens e, a partir disso, se tornaram satisfatórias. “Segundo a ideia do Tarinu, assim é melhor porque os espíritos que as compuseram não as reconhecem”, conta ela. “Sempre antes de gravar, procuro me cercar desses cuidados, porque não é simples, é necessário que haja respeito.”

Todos os músicos contribuíram para as adaptações e os novos arranjos, mas a base foi feita por Marlui e John Surman. O músico inglês realiza um trabalho parecido com o do disco Fala de Bicho, Fala de Gente, no sentido de trazer referências e criar pontes com suas produções. A cantora explica: “Ele não trata o jazz de forma histórica. John tem uma visão cultural da música, explorando nela a sua própria origem. Ele trabalha com música folclórica e cria vínculos com o jazz”.

Marlui enfrenta as dificuldades de fazer esse tipo de produção há vários anos. Ao começar a se inserir nesse cenário, notou que as composições eram muito escassas. “Mesmo quando existia a presença da música indígena, era algo pontual, apenas uma referência. Podia aparecer algum aspecto no meio do trabalho, como uma letra falando de forma indireta sobre algum povo, mas sempre um objeto de passagem, nunca protagonista”, diz. “Quando comecei, no auge da ditadura, o indígena era visto como um assunto incômodo. Tentava-se extingui-lo ou então torná-lo mais invisível ainda.”

Motivada a dar protagonismo aos indígenas e reconhecendo seu potencial, a cantora assumiu esse compromisso como um projeto de vida. “Os modos como os indígenas enxergam a construção musical constituem um universo tão grande que eu não daria conta de fazer apenas um projeto ou um disco – é algo para a vida toda, um desafio artístico”, conta.

É com esse entusiasmo que Marlui promete subir ao palco. A apresentação, que tem um caráter bastante acústico, aproxima a música popular das canções instrumentais e aposta na força das composições indígenas.

Marlui Miranda
sábado 19 de novembro de 2016
às 21h
[duração aproximada: 90 minutos]

ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)

[livre para todos os públicos]

Os ingressos podem ser adquiridos pelo site Ingresso Rápido, pelo telefone 11 4003 12 12 ou na bilheteria do Auditório:
Horários de funcionamento
sexta e sábado das 13h às 22h
domingo das 13h às 20h

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