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Nïïma: pesquisa constrói roteiro de longa inspirado no universo gay indígena da tríplice fronteira

Longa-metragem mergulha na vida de indígenas trans e travestis moradoras da tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia

Publicado em 02/09/2019

Atualizado às 17:19 de 03/09/2019

por Tatiana Diniz

Os “cotidianos anfíbios” do Norte do país sempre conduziram a trajetória profissional de Flávia Abtibol, jornalista e realizadora audiovisual pela Tamba-Tajá Criações. Ao longo de anos, ela abordou em seus trabalhos temáticas indígenas e caboclas, “seja no ambiente urbano, seja mais voltada à cultura ribeirinha – ou ainda focando alguma figura que considerava importante para falar dessas amazônias tão complexas e diversas”, conta.

Em sua carreira, a jornalista realizou curtas e médias-metragens, programas de televisão e pesquisas em etnografia visual, além de projetos de catalogação e de difusão do audiovisual amazônico. “Sempre busquei a finalidade de mergulhar nesses cotidianos para propor diálogos e me permitir experimentar possibilidades de linguagem”, diz.

Na chamada 2017-2018 do Rumos Itaú Cultural, teve seu projeto Nïïma: Pesquisa e Desenvolvimento de Roteiro Audiovisual aprovado. A nova empreitada debruça-se sobre a temática da homossexualidade no universo indígena, e Nïïma – que significa “gay” na língua Tikuna – representa toda a narrativa contada. Na proposta, que prevê a produção de um longa-metragem, Flávia mergulha na vida de indígenas trans e travestis moradoras da tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia.

A iniciativa começou a ser delineada durante uma conversa com amigos indígenas que moram em Manaus. “Tive acesso à foto de uma trans da etnia Tikuna e imediatamente a ideia surgiu. A partir daí, passei a pesquisar outros casos, buscar contato com travestis e trans por meio das redes sociais, conhecer histórias e tentar entender melhor seus cotidianos – sobretudo atrelados a uma cultura drag pop, supercontemporânea. Longe dos estereótipos que colocam os índios como pessoas isoladas, as Nïïma são uma fonte de conexão pura”, revela Flávia.

O processo demandou aprofundar o conhecimento sobre as Nïïma a partir de uma vivência na tríplice fronteira, para assim desenvolver o roteiro audiovisual do longa, que será o produto final do projeto. Em março de 2019, Flávia dedicou-se à pesquisa de campo, junto com o produtor Chicco Moreira. Na sequência, junto com a antropóloga Josi Tikuna, desenvolveu o argumento do filme, cuja escrita também teve a consultoria da cineasta Júlia Mariano.

A previsão é de que o roteiro seja concluído em outubro de 2019, para então terem início os processos de filmagem e o lançamento, que ainda não têm data definida para acontecer.

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