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Novos nomes da fotografia no Brasil – Icaro dos Reis – Fortaleza, Ceará

Com curadoria de Cassiano Viana, a série apresenta os novos nomes e caminhos da produção fotográfica brasileira, de Norte a Sul do país

Publicado em 23/10/2020

Atualizado às 19:14 de 16/08/2022

por Cassiano Viana*

Para Icaro dos Reis (Fortaleza/CE, 1996), fotografar é uma maneira de tornar a vida mais permanente. "Em 2016, fui expulso de casa. Tinha trancado o curso de arquitetura, tudo aquilo mexeu bastante comigo", conta. Ato contínuo, começou um curso de percurso de câmera e edição na Escola Porto Iracema das Artes, vinculada ao Centro Dragão do Mar, em Fortaleza. "Ia de penetra nas aulas de fotografia. Quando terminava as aulas, andava pelo centro da cidade observando pessoas, lugares e a luz. Foi uma forma de ocupar minha cabeça", recorda.

As primeiras fotos foram de amigos, na casa deles, mostrando um pouco da intimidade, do cotidiano, sempre usando luz natural. "A arquitetura me ajudou na fotografia dando maior senso de espaço: onde a luz entra, o sol nasce e se põe, quantos minutos tenho de luz, como o espaço influencia as pessoas, as cores, dar importância a lugares esquecidos, abandonados, que não são ocupados. Amo luz natural, a forma como entra nas casas, a luz no final da tarde...", diz o fotógrafo.

Com a palavra, Icaro dos Reis:

Fotografar é minha maneira de tornar a vida mais permanente. O que me motiva na fotografia é conhecer pessoas, histórias, lugares novos. Se não fosse pela fotografia, não teria conhecido: lembranças, memórias, esquecimento, tempo, juventude, contar histórias, intimidades, voyeurismo, cotidiano.

Minhas referências nessa área são Vivian Maier, Francesca Woodman, Nan Goldin, Ren Hang, Tim Walker, Ryan Mcginley, Alessandra Sanquinetti. Penso como Alessandra: tudo que sobra das experiências são as lembranças, tudo é um ciclo em movimento.

Fotografia, para mim, é um meio de expressão, uma forma de me comunicar, atingir, de algum modo, a mim mesmo e as pessoas. É poder guardar aquele instante, olhar as coisas, o tempo devagar. Nosso mundo está tão caótico e rápido que, às vezes, não notamos como as coisas são bonitas de verdade. Poder contar histórias e compreender a minha própria a partir da fotografia.

As fotos que posto no Instagram são uma extensão de mim. Na vida real, sou bem tímido, falo pouco, gosto mais de observar. Às vezes, sinto-me deslocado, como se não me encaixasse em nenhuma parte-grupo. Então, quando produzo, parece que estou menos sozinho.

A fotografia sempre esteve comigo como uma maneira de poetizar o mundo, de escapar do real. Fotografia, para mim, é uma forma de dizer o que sinto com as imagens. Todas as minhas fotos foram feitas com celular, o que me limita um pouco (quero fazer algo mais, porém o aparelho não consegue captar tudo), mas também me liberta para criar.

Cassiano Viana (@vianacassiano) é editor do site About Light.

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