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Ocupação HH – Teatro

Nos personagens de Hilda Hilst, a vontade violenta de compreender as coisas que existem e por que existem

Publicado em 18/02/2015

Atualizado às 21:05 de 02/08/2018

Marcada pela oralidade, pelas variadas vozes que se cruzam na narrativa, a prosa de Hilda Hilst ganha força renovada quando encenada. Quatro espetáculos que fazem parte da programação paralela da Ocupação Hilda Hilst – mostra dedicada à escritora – permitem ver essa potência em funcionamento. No Itaú Cultural, ocorrem A Obscena Senhora D, em 28 de fevereiro, Osmo, em 1º de março – ambos às 19h –, O Meu Lado Homem, um Minicabaré d’Escárnio, em 4 de abril, e Matamoros, em 21 e 22 de abril – ambos às 20h.

Adaptada do livro de mesmo nome, A Obscena Senhora D tem direção de Donizeti Mazonas e Rosi Campos e interpretação de Suzan Damasceno. Isolada do mundo, a protagonista Hillé se debate entre questões sobre o “sentido das coisas” – “isso de vida e morte, esses porquês” –, sobre o que é deus – “ah, dizem todos, está em tudo, no punhal, nas altas matemáticas, no escarro, na pia, nas criancinhas mortas, no plutônio” – e sobre as vivências do corpo, “essa armadilha” que grita “vazios tristes” (os trechos entre aspas foram extraídos do livro).

Osmo é baseado no conto homônimo presente em Fluxo-Foema. Nu em uma caixa de acrílico cheia d’água, Donizeti Mazonas contracena com Erica Knapp – apenas uma presença muda no palco –, sob direção de Suzan Damasceno. O protagonista depõe sobre suas obsessões metafísicas, um grande mistério que presenciou e foi ignorado, a violência vazia do assassinato. No livro, ele declara: “Estou pensando se você seria capaz de me responder. O quê? De me responder por que é que eu penso e vejo coisas que ninguém pensa e vê”.

Bel Garcia dirige Matamoros, adaptação de “Matamoros (da Fantasia)”, parte do livro Tu Não Te Moves de Ti. Maíra Gerstner faz o papel da protagonista que dá nome à peça – a menina descobre o amor e o gozo, e defronta um mistério: “Se na volúpia me fiz na meninice, nem na adolescência descansava, teria sido melhor perecer do que levar às costas este mundo manchado de lembranças, teria sido graça não conhecer aquele que me fez conhecer, e de minha mãe Haiága, fez a desgraça”. A atriz Luciana Froés participa, em vídeo, da peça.

O Meu Lado Homem, um Minicabaré d’Escárnio é um musical inspirado no livro Cartas de um Sedutor, parte da trilogia erótica em prosa de Hilda. Com direção de Luiz Gayotto e atuação de Luis Mármora, a peça é ambientada em um cabaré, onde Sápata Magáli, um show man, conta suas histórias. Na trilha sonora, composições de Rafael Castro produzidas para o espetáculo, além de músicos como Ataulfo Alves, Leonard Cohen, Amy Winehouse, Martinho da Vila, Roberto e Erasmo Carlos. Para maiores de 18 anos.

Mais informações na aba Programação.

Por trás dos personagens

Na publicação impressa da Ocupação, Donizeti e Suzan falam sobre o processo de recriar no palco personagens de Hilda. Donizeti diz: “Criei vários mecanismos de fuga para não ficar sozinho com Osmo. Agora vejo que tinha medo dele, de não dar conta de um universo tão sombrio”; e Suzan: “Devorei em poucas horas A Obscena Senhora D. [...] fiquei petrificada, achei que jamais voltaria a me mover”. O livro estará disponível na exposição e on-line, no nosso canal do Issuu. Além disso, a partir da segunda semana de março, trechos das duas peças estarão disponíveis no site da Ocupação, em que está acessível um texto do jornalista Ronaldo Bressane sobre as adaptações teatrais feitas sobre Hilda.

Ocupação Hilda Hilst – Programação paralela: teatro
sábado 28 de fevereiro e quarta 22 de abril

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