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O olhar feminino no período de criação das duas maiores metrópoles das Américas

Quatro grandes fotógrafas, pioneiras e sintonizadas com o surgimento das grandes cidades e da fotografia moderna

Publicado em 30/07/2020

Atualizado às 11:27 de 17/08/2022

por Cassiano Viana

Nova York e São Paulo são, na primeira metade do século XX, cidades em pleno crescimento, metrópoles em criação.

Em Nova York, o Edifício Chrysler – o arranha-céu mais alto do mundo, como chamavam os idealizadores do projeto – foi inaugurado em 1930. Um ano depois, era inaugurado o Empire State Building.

Em São Paulo, em 1929, era inaugurado o Edifício Martinelli, ícone da arquitetura e do crescimento da capital paulista. Em 1939, iniciou-se a construção do Edifício Altino Arantes, outro dos primeiros arranha-céus e prédios emblemáticos da cidade. São Paulo torna-se, então, a maior cidade brasileira, com uma população superior a 1 milhão de habitantes e o principal centro industrial da América do Sul.

As duas cidades estão em ebulição. E isso pode ser observado nas construções e nas ruas.

As transformações, tanto em Nova York quanto em São Paulo, foram documentadas por um bom número de fotógrafos que inauguraram, ao mesmo tempo e em paralelo ao surgimento das duas maiores metrópoles do continente americano, o olhar moderno do mundo.

Entre esses fotógrafos, destacam-se as norte-americanas Berenice Abbott e Margaret Bourke-White, em Nova York, e Hildegard Rosenthal e Alice Brill, imigrantes radicadas no Brasil, em São Paulo.

Berenice Abbott, entre 1935 e 1939, documentou as transformações da cidade que nunca dorme. Não há como pensar Manhattan sem as imagens publicadas, posteriormente, no livro Changing New York (2005).

Tão célebres quanto são as imagens de Margaret Bourke-White do Chrysler Building, símbolo da pujança americana do início do século XX. Bourke-White, que fotografou o edifício desde sua construção, chegou a ter um estúdio na cúpula do prédio, onde registrou as águias que ornamentam sua fachada.

A alemã Alice Brill (que chegou a São Paulo em 1934, fugindo do regime nazista) trabalhou na revista Habitat, de Pietro Maria e Lina Bo Bardi, fotografando obras arquitetônicas e, posteriormente, produzindo um ensaio fotográfico comemorativo dos 400 anos da cidade. Entre as imagens de São Paulo nesse período, estão as do movimento no Viaduto do Chá, no centro da cidade, e no Vale do Anhangabaú.

Nascida em Zurique, na Suíça, Hildegard Rosenthal chega a São Paulo em 1937, também fugindo do regime nazista. Entre as fotos mais conhecidas da capital paulista, estão as do movimento na Avenida São João, no Largo da Sé e na Praça dos Correios.

As duas fotógrafas possuem o olhar estrangeiro em relação à observação da metrópole em construção, acrescentando em seus registros, em comparação aos trabalhos de Berenice Abbott e Bourke-White, uma maior presença do homem nas cidades. Algo que iria consolidar, mais adiante, a fotografia de rua no Brasil.

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