A MOSTRA

Passo a passo da exposição

 

As Borboletas de Franca

Não é possível separar o ativista, o artista e o intelectual em Abdias. Em seu trabalho, as suas obras teóricas abordam questões relacionadas a lutas sociais, afirmação de identidades negras e defesa de seus direitos. Na política, se baseia em assegurar esses direitos e na arte expressa tradições e conceitos de maneira estética e discursiva com temas como combate ao racismo, pan-africanismo, diáspora africana, ancestralidade e tradições religiosas e signos de matriz africana.

 

Assim, interesses centrais transparecem na sua poesia, na sua pintura, nos seus projetos de lei, nas publicações que editou: a história da África, a religião iorubá, os marcos culturais e revolucionários dos povos negros diaspóricos.

 

A Mulher da Banda de Fora

Todas essas preocupações de Abdias Nascimento se traduziram na organização de debates, na produção acadêmica, no autoexílio que deu o impulso para sua atuação internacional, além da criação do Ipeafro, Museu de Arte Negra e Congresso do Negro Brasileiro.

 

Ele disputou, ainda, os postos da política institucional. Em 1954, candidatou-se a vereador e, em 1962, a deputado estadual pelo antigo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) do Rio de Janeiro. Mais tarde, foi deputado federal, de 1983 a 1987, e senador, em 1991 e de 1997 a 1999, pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT).

Sankofa

Sankofa, um símbolo de um conjunto ideográfico dos povos acã, grupo linguístico da África Ocidental, significa a sabedoria de aprender com o passado para construir o presente e o futuro. Seu símbolo é o pássaro que olha para trás.

 

Esse conceito transparece no esforço de Abdias por recuperar a ancestralidade africana e em apontar as sequelas da diáspora, a dispersão forçada dos negros pelo mundo. A cada ação política e artística reverberava a sua luta, e Abdias, trazendo o passado, dava mais um passo à frente.

 

Teatro Dentro de Mim

Abdias fundou o Teatro Experimental do Negro (TEN) para confrontar a falta de representatividade e dignidade do negro nas artes cênicas nacionais. De 1944 a 1968, encenou textos estrangeiros de destaque e dramaturgia própria.

 

Com o TEN também atuou além dos palcos. Promoveu debates e cursos de alfabetização para adultos, fez seu próprio jornal, o Quilombo, e ofereceu apoio psicológico para pessoas negras. O TEN influenciou a aprovação da lei Afonso Arinos, que definiu como contravenção penal algumas situações de discriminação racial.