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RELEASE

Itaú Cultural anuncia os selecionados do Rumos 2015-2016

O Itaú Cultural anuncia nesta segunda-feira, 9 de maio, os selecionados do Rumos 2015-2016, principal programa do instituto para o fomento à produção artística brasileira. Antes de passarem para a Comissão de Seleção, as propostas inscritas foram examinadas por 30 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país, os quais realizaram a primeira fase seletiva. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por essa comissão multidisciplinar, formada por 22 profissionais que se inter-relacionam com a cultural brasileira e por gestores da própria instituição, que selecionou 117 trabalhos.

 

Está é a 17ª edição do Rumos – a segunda desde 2013, quando o programa foi reformulado passando a ser um modelo aberto para receber inscrições de todas as áreas de expressão e iniciativas híbridas, com liberdade para artistas, produtores e pesquisadores definirem as regras de produção e apresentação de suas obras.

 

25 estados contemplados

Os projetos selecionados são originários de 25 estados e um é da Argentina. Somente Rondônia e Roraima não tiveram trabalhos classificados – sendo que o primeiro é impactado por uma obra a ser realizada a partir de Goiás. Pelo menos 52 dos escolhidos terão repercussão e investigações em outros estados ou países (Angola, Colômbia, Cuba, Espanha, México e Uruguai).

 

A região Sudeste conta com 62 dos contemplados (52,99% do total), o Nordeste com 27 (23,08%), o Centro-Oeste com 10 (8,55%), o Norte com nove (7,69%) e o Sul com oito (6,84%). São Paulo, figura com 34 (29,3% do total); Rio de Janeiro, com 16 (13,8%); Minas Gerais, com 10 (8,6%), Bahia, com oito (6,9%), Pernambuco, com seis (5,2%) e o Pará com cinco (4,3%).

 

Com as propostas inscritas em três grandes campos – criação e desenvolvimento (concepção e/ou desenvolvimento de projetos artístico-culturais), documentação (organização e preservação de acervos relacionados à arte e à cultura brasileiras) e pesquisa (desenvolvimento de pesquisas em arte e cultura brasileiras) –, a maior incidência é nos formatos audiovisual/documentário (48), seguido de patrimônio e memória (45), artes visuais (40), formação (30) e música (28).

 

Reflexo da complexidade brasileira

Neste ano, houve uma grande incidência de trabalhos inscritos com questões que espelham as atuais preocupações do país: questões raciais, as comunidades isoladas e as questões de gênero. Também, projetos de artistas viajantes, que promovem intercâmbio entre diferentes culturas da América Latina ou de países que fazem parte da história brasileira, como Angola.

 

“Esta edição do Rumos reafirma a força e a amplitude da diversidade cultural e artística brasileira e, portanto, para o Itaú Cultural o programa cumpre o papel de garantir e incentivar a construção desta multiplicidade de narrativas sobre a nossa contemporaneidade”, observa Eduardo Saron, diretor do instituto.

 

Os temas aparecem tanto em projetos de pesquisa quanto de fim artístico. Um deles, do Rio de Janeiro, é Pontes sobre abismos, de Aline de Souza Motta. Trata-se de um trabalho de artes visuais que fala sobre relações familiares, história, memória e ancestralidade na África, em um diálogo com a atualidade.

 

Outro exemplo é Acervo Agudás - Os "brasileiros" do Benim: Documentos visuais, sonoros e textuais, uma pesquisa de Milton Roberto Monteiro Ribeiro, também do Rio de Janeiro, que aborda a questão dos descendentes de africanos escravizados no Brasil que, ao longo do século 19, retornaram à África (região de Benim, Togo e Nigéria). O conteúdo será disponibilizado ao público no site do Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense.

 

Pelo menos três perpassam questões de gênero. Fabiana, um audiovisual a ser realizado pela goiana Brunna Laboissiere Ferreira que impactará, além de Goiás, Belém, Recife, Macapá, Porto Velho e Vitória. O projeto contempla a pesquisa, produção e finalização de um documentário em que a diretora acompanhará a rotina de Fabiana, uma caminhoneira que se assume como mulher transexual na adolescência e está prestes a se aposentar.

 

A baiana Camele Lyra Queiroz realizará LUMA, um curta-metragem de 20min que se apoia na abordagem documental para mostrar a retomada do contato e da aproximação entre ela, que vive em Salvador, e seu tio, que se tornou travesti e vive em São Paulo há vários anos. A última vez que se viram foi há 27 anos. No conteúdo, o filme será marcado pelas tensões emocionais, e na sua forma, pelas tensões estéticas.

 

Em TransAmazona, o Muamba Estúdio, de Belém do Pará, fará um roadmovie experimental sobre o universo de mulheres transexuais e travestis em áreas de influência da BR230, a Rodovia Transamazônica. Percorrendo três estados cortados por ela, os realizadores pretendem questionar a sobreposição sistemática de opressões na trajetória de mulheres trans na Amazônia: a transfobia, o machismo, o racismo e o preconceito de classe agravados pelo isolamento político da região, que figura nos piores índices de educação do país.

 

Documentário de longa-metragem que tem como tema o processo de aculturação de dois jovens sírios no Brasil, Depois da Primavera, a ser realizado pela Coevos Filmes, busca compreender o choque cultural que gera mudanças, conflitos, encontros e desencontros. Aqui, um acontecimento é central: a visita de um pai que não se comunica com seus filhos há mais de dois anos.

 

Uma comunidade isolada também é o tema de A Cidade Inventada - Versão expandida e Internacional. Projeto de Porto Alegre para a criação de um site com impacto nacional, aborda o confinamento de ex-portadores de Hanseníase em uma cidade isolada, criada para este fim.

PRESSKIT DIGITAL 2016