LINHA DO TEMPO / NASCIMENTO, VIDA, OBRA E MORTE
1930-1946
Nasce em 8 de abril de 1930, no Rio de Janeiro, filho de Christovam Torres de Camargo, paulista, e Maria Campomar, argentina. Com 16 anos muda-se com a família para Buenos Aires, onde finaliza os estudos secundários. Frequenta por seis meses a Academia Altamira, sob a orientação dos artistas Emilio Pettoruti (1892-1971) e Lucio Fontana (1899-1968).
1949-1950
Em Paris, estuda filosofia na Universidade Sorbonne e entra em contato com diversos artistas, entre eles o franco-alemão Hans Arp (1886-1966) e o belga Georges Vantongerloo (1886-1965). Mas é a visita constante ao ateliê do romeno Constantin Brancusi (1876-1957) uma das experiências mais importantes para a sua produção futura.
1951-1953
De volta ao Brasil, realiza a primeira escultura abstrata em argila, Germinal n. 1, que dá nome à série constituída por cinco esculturas realizadas no início da década. Em 1953 instala-se em Paris, dedicando-se exclusivamente à escultura abstrata.
1954-1955
Adere ao figurativismo, com esculturas de nus de mulheres fortemente influenciadas pelo escultor francês Henri Laurens (1885-1954).
Com a obra Escultura, participa pela primeira vez de uma exposição coletiva, o 3º Salão Nacional de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. A obra integra hoje o acervo permanente do Museu Nacional de Belas-Artes sob o título Forma Abstrata. No mesmo salão apresenta Germinal n. 1, fundida em alumínio.
1956
No Rio de Janeiro, em Copacabana, é inaugurado o edifício Camargo, projetado por Oscar Niemeyer. No térreo instala-se a Galeria GEA, com individual de Frans Krajcberg (1921).
A galeria, dirigida por Sergio Camargo, apresenta nos anos seguintes individuais de artistas como Alfredo Volpi (1896-1988), Iberê Camargo (1914-1994), Maria Leontina (1917-1984), Milton Dacosta (1915-1988) e Heitor dos Prazeres (1898-1966).
1957-1960
Realiza sua primeira exposição individual, na Galeria GEA, no Rio de Janeiro.
Aproxima-se do pintor Milton Dacosta (1915-1988), 15 anos mais velho, que nesse momento produz suas principais obras — de um construtivismo conciso, muito admiradas por Sergio Camargo.
1961-62
Instala-se em Paris, onde permanece até 1974. Frequenta como ouvinte, por quatro anos, o curso de sociologia da arte com Pierre Francastel (1900-1970), na École Pratique des Hautes Études.
Busca novo método de trabalho a fim de romper com o formalismo de sua fase anterior. Pressiona o gesso em dobras aleatórias com pedaços de tecido e realiza relevos invertidos.
O novo método de trabalho lhe agrada, mas não seus resultados. Dessas experimentações sobraram apenas alguns exemplares, a maior parte foi destruída.
1963
Trabalha intensamente no novo ateliê, em Malakoff, no sul de Paris.
Inicia a série Relevos: cilindros de madeira dispostos sobre o plano e pintados de branco, nos quais ritmos e estruturas são revelados pela incidência da luz.
Em setembro, inscreve três relevos, até então inéditos, na 3ª Bienal de Paris, e obtém o Prêmio Internacional de Escultura, que corresponde a uma bolsa de cinco meses na França.
1964
Apresenta sua primeira individual no exterior, na Signals Gallery, em Londres, na Inglaterra. A galeria dedicada ao experimentalismo foi responsável pela divulgação de Lygia Clark (1920-1988), Hélio Oiticica (1937-1980) e Mira Schendel (1919-1988). Concebe dois projetos monumentais – a coluna Homenagem a Brancusi e a Torre Modulada – a ser executados em mármore de Carrara no ano seguinte, na Itália, no ateliê de Alfredo Soldani, em Massa.
1965
No Brasil instala ateliê no espaço da galeria GEA, que desde a sua partida é dirigido pelo irmão. Participa da 8ª Bienal Internacional de São Paulo com cinco relevos em madeira, recebendo o Prêmio de Melhor Escultura Nacional.
1966-1969
Participa da 33ª Bienal de Veneza apresentando 22 obras, entre elas a coluna Homenagem a Brancusi e Torre Modulada, expostas pela primeira vez. Visita Brasília para acompanhar o andamento da construção do Muro Estrutural do Palácio do Itamaraty, finalizado em 1967 e oficialmente inaugurado em 21 de abril de 1970.
1970
Passa a utilizar nos relevos elementos cilíndricos – de maior volume e em menor quantidade, combinados geralmente em duplas – denominados “trombas”.
1971-72
O mármore torna-se o material mais utilizado pelo artista em seus trabalhos. As esculturas são executadas em Massa, na Itália, com base em protótipos enviados por Camargo.
1973
Emprega pela primeira vez a pedra negro belga na base de uma de suas esculturas.
1974/1975
Retorna definitivamente ao Brasil e inicia a construção de um ateliê em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. O espaço é construído pelo arquiteto Zanine Caldas com projeto paisagístico do próprio Sergio Camargo.
A volta ao país também é marcada pela inauguração de uma individual do artista no MAM do Rio de Janeiro, com 52 relevos em madeira e 41 esculturas em mármore, produzidos entre 1963 e 1975.
Por intermédio de Ronaldo Brito, passa a frequentar um grupo de artistas e críticos para discutir e refletir sobre arte. Entre os participantes estavam Waltercio Caldas (1946), Iole de Freitas (1945), Tunga (1952) e José Resende (1945).
1976-1977
Ganha o Prêmio de Melhor Escultor do Ano pela Associação Paulista dos Críticos de Arte.
1978-1979
Começa a empregar regularmente pedras negras a partir da encomenda de um jogo de xadrez. Feitas inicialmente de mármore de Parma, mais tarde Camargo, adota o mármore negro belga para suas peças, por apresentar maior resistência ao corte.
1980
Apresenta publicamente, pela primeira vez, uma obra em mármore negro belga [n. 494b] na individual no Espaço ABC/Funarte, no Rio de Janeiro.
Integra a mostra inaugural do Gabinete de Arte Raquel Arnaud, em São Paulo, ao lado de Amilcar de Castro (1920-2002), Franz Weissmann (1911-2005) e Lygia Clark (1920-1988).
Inaugura individual no Museu de Arte de São Paulo, com 54 peças em mármore de Carrara, produzidas entre 1978 e 1980. A exposição recebe o Prêmio de Melhor Retrospectiva do Ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
1981-1982
Produz peças mais alongadas devido ao uso de cortes em ângulos cada vez mais agudos. Emprega regularmente o negro belga.
1983-1985
Apresenta individual no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, em São Paulo, com 14 peças em negro belga produzidas entre 1973 e 1983. A escultura final dessa série tem em suas extremidades um ângulo de 15 graus, o limite máximo suportado pelo material.
1986-1987
Finaliza a parede monumental de concreto para o Centro Empresarial Itaú Unibanco, em São Paulo, iniciada no ano anterior. Com 420 metros quadrados, a obra pesa 163 toneladas.
Realiza sua última exposição individual em solo estrangeiro, na Galeria 111, em Lisboa, Portugal.
1988–1989
Entre as últimas obras que realiza surgem formas ovóides, brancas e negras, com incisões longitudinais ou redondas.
1990
Realiza sua última exposição individual – com 15 peças inéditas, entre elas os “ovos” – no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, em São Paulo.
Morre em 20 de dezembro, no Rio de Janeiro. É velado no Paço Imperial e sepultado no Cemitério São João Batista.
Mais de 40 acervos e coleções públicas apresentam obras de Sergio Camargo, entre eles o Centre Pompidou, em Paris; o Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba); a Tate Gallery, em Londres; o Museum of Modern Art (MoMA), em Nova York, e os Museus de Arte Moderna (MAM) de São Paulo e do Rio de Janeiro.
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