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Coletânea reúne estudos sobre tradução e interpretação em Libras na esfera artística

Formada por três volumes, a compilação engloba artigos científicos e relatos de experiência de autores surdos e ouvintes envolvidos com essa prática

Publicado em 13/06/2019

Atualizado às 11:19 de 26/08/2019

Por Marcella Affonso

Percebendo a escassez de registros teóricos sobre o trabalho de tradução e interpretação na Língua Brasileira de Sinais (Libras) realizado em espetáculos teatrais, shows musicais e museus, entre outros espaços e contextos artísticos ou literários, a professora e pesquisadora e também tradutora e intérprete Natália Schleder Rigo resolveu criar uma coleção de livros sobre esse assunto. A principal ideia do projeto, apoiado pelo programa Rumos Itaú Cultural 2017-2018, é contribuir para a formação dos profissionais que trabalham nessa esfera, fornecendo a eles uma base na qual possam apoiar sua atuação.

“O projeto surgiu, sobretudo, na tentativa de incentivar as pessoas que desempenham esse trabalho a transformar suas experiências em um registro teórico, de forma a contribuir com outros tradutores e intérpretes que atuam na esfera artística. Quer dizer, quais práticas positivas estão sendo realizadas? Como os profissionais pensam teoricamente sua atuação?”, conta Natália, que, além de trabalhar com arte e de ser intérprete no meio artístico, é mestre e doutoranda em estudos da tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Intitulada Textos e Contextos Artísticos e Literários: Tradução e Interpretação em Libras, a coletânea reúne artigos científicos e relatos de experiência de autores surdos e ouvintes que trabalham com tradução de textos artísticos ou literários e com interpretação simultânea em contextos relacionados. São 3 volumes de até 12 capítulos cada um, que tratam de práticas com música, dança, teatro, literatura, cinema e artes visuais. “A tentativa foi a de contemplar todas as linguagens artísticas”, explica Natália, também organizadora da obra.

Capas dos três volumes da coletânea (por Diego S. Rigo / arte por Bruno Bachmann)

Troca de saberes desde o princípio

Os capítulos dos livros foram produzidos para o projeto a convite da organizadora. “Chamei autores e autoras de quem eu conhecia o trabalho e que eu sabia que atuavam em determinado contexto. Por exemplo, convidei a diretora de uma série televisiva e o tradutor surdo que trabalhou como ator, tradutor e consultor dessa série, para que eles relatassem essa rica experiência em um dos capítulos do terceiro volume”, conta.

Após receber cada capítulo, Natália inicia uma etapa de adequação dos textos enviados e de orientação aos autores convidados, já que os escritos precisam seguir determinadas normas para que sejam enquadrados em formatos acadêmicos. E é justamente para essa etapa que a organizadora chama a atenção.

Conforme ela explica, embora muitos desses profissionais desenvolvam trabalhos técnicos e práticos de extrema qualidade, muitos só tiveram a oportunidade de pensar e escrever teoricamente sobre esse fazer com o projeto. “O processo de adequação dos textos seguindo as normas acadêmicas é trabalhoso, mas, ao mesmo tempo, muitos desses autores e autoras estão sendo estimulados a adentrar o universo acadêmico e a investigar de forma mais aprofundada a própria atuação. Não esperava que isso acontecesse; está sendo muito significativo”, diz.

Compartilhamento de experiências

Em fase de produção, a coleção deve ser lançada ainda em 2019. Os três volumes serão publicados separadamente em formato digital e disponibilizados para download no site da Editora Arara Azul, escolhida intencionalmente pelo trabalho direcionado a publicações sobre língua de sinais e sobre o universo surdo.

“Espero que essa coletânea circule e atinja o maior número de pessoas possível, não só tradutores e intérpretes, mas também profissionais das artes em geral – artistas, produtores culturais, companhias, diretores etc. –, que não fazem parte desse universo, sobretudo porque também são essas pessoas que devem conhecer a complexidade que envolve o trabalho de tradução e interpretação artística em Libras”, pontua a organizadora.

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