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Rumos 2013-2014: A ligação que mudou a vida do bailarino Leandro Berton

O Corpo, a Imagem e Seus Efeitos – uma Intersecção entre Dança e Fotografia selecionado: Leandro Berton Leandro Berton havia acabado de...

Publicado em 26/09/2014

Atualizado às 21:00 de 02/08/2018

obra: O Corpo, a Imagem e Seus Efeitos – uma Intersecção entre Dança e Fotografia
selecionado: Leandro Berton

Leandro Berton havia acabado de se mudar para uma casa a apenas três quadras do Centro Cultural de Bauru. Ele tinha 13 anos de idade e, por influência de uma amiga, inscreveu-se em uma oficina de jazz, na turma que acabara de abrir. Na secretaria, porém, foi informado de que todas as vagas haviam sido preenchidas. De volta para casa, ainda cabisbaixo, o telefone tocou. Era a professora Ana Karina Cruz. Sim, a sala estava lotada, mas como havia poucos alunos homens, ele poderia se juntar ao grupo.

Mesmo que Leandro ainda não soubesse disso, aquele momento seria decisivo para que ele iniciasse uma trajetória de sucesso na dança, que culmina agora no projeto O Corpo, a Imagem e Seus Efeitos – uma Intersecção entre Dança e Fotografia. “Se eu não tivesse atendido aquela ligação, talvez não tivesse feito nada do que fiz depois”, supõe.

Quinze anos, muitas histórias, aprendizados, coreografias, aulas, espetáculos, uma mudança difícil para São Paulo e até mesmo um emprego como ajudante geral separam os dois momentos. Assim como, ainda na adolescência, a professora Ana Karina foi fundamental para que ele tivesse aulas de jazz, outros profissionais influenciaram a carreira de Leandro.

Um deles foi Rubens de Moura, na época diretor de expansão de cultura da Prefeitura de São Paulo. Leandro tinha 21 anos e integrava a Cia. Nós da Dança, de Bauru, quando pela primeira vez o grupo, que até então só participava de festivais no interior do Estado, conseguiu vender dois espetáculos. Quem os comprou foi justamente Moura.

A Cia. se apresentou no Teatro Décio de Almeida Prado, na capital paulista, e a atuação de Leandro chamou a atenção do diretor. “Ele me perguntou se eu tinha vontade de ser bailarino mesmo, porque era muito amigo da diretora do Balé da Cidade de São Paulo, Mônica Mion, e poderia conseguir uma vaga de bailarino ouvinte para mim. No final de semana seguinte, quando nos apresentamos novamente em São Paulo, não voltei para Bauru na segunda-feira. Estava sem dinheiro, tinha apenas 20 reais no bolso, nem sei como me virei nos meses seguintes”, relembra. A ajuda do amigo Rafael Botta, com quem dividiu um quarto de pensão no Centro paulistano, foi essencial nesse período.

Além das aulas no Balé da Cidade, com nomes como Ricardo Ordoñez, Lilia Shaw e Milton Kennedy, Leandro passou a ver exposições de arte e espetáculos de dança gratuitos exibidos em São Paulo. “Vi um monte de coisa que nunca tinha passado pela minha cabeça que poderia ser dança, teatro, porque estava acostumado com o convencional”, conta. Foi também nessa época que ele passou a frequentar as oficinas de dança do Centro Cultural São Paulo.

No ano seguinte, em 2008, Leandro montou seu primeiro espetáculo, Peter Pan, dentro do projeto Solos, Duos e Trios do Centro Cultural. Foi a partir daí que ele começou a ganhar dinheiro com a dança (sendo professor por um período) e pôde deixar o emprego de ajudante geral. Peter Pan lhe trouxe o prêmio de intérprete revelação na dança da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e o encontro com o bailarino e coreógrafo Cristian Duarte, com quem dividiria importantes trabalhos futuros.

Projeto

De lá para cá, Leandro participou de vários projetos. No ano passado, percebeu que não conseguia mais ir para um estúdio criar. Também fez, de forma muito intuitiva, algumas fotos e notou que todas tinham algo em comum: seu corpo sempre aparecia flutuando. “Saquei que isso poderia ser um projeto. [...] Comecei a pensar em como poderia aproximar a dança dessas fotos. E aí tudo fez sentido: eu não estava mais conseguindo ir para o estúdio criar porque precisava de outra linguagem (a fotografia) para me atravessar, para me dar um empurrão.”

O Corpo, a Imagem e Seus Efeitos – uma Intersecção entre Dança e Fotografia propõe exatamente esta reflexão: como uma linguagem (a foto) pode alimentar o processo de criação da outra (a dança) e vice-versa. Em princípio, Leandro vai trabalhar com quatro fotógrafos. Desses encontros, serão gerados dois trabalhos distintos: um solo de dança e uma série fotográfica.

 

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