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Rumos 2013/2014 – Sarau é exemplo de resistência cultural

Sarau do Binho Selecionado: Binho Durante os anos 1990, Robinson Padial – mais conhecido pelo apelido Binho – começou a promover...

Publicado em 22/06/2015

Atualizado às 21:10 de 02/08/2018

Obra: Sarau do Binho
Selecionado: Binho

Durante os anos 1990, Robinson Padial – mais conhecido pelo apelido Binho – começou a promover atividades culturais em seu bar, que hoje não existe mais. Entre essas atividades, surgiu a Noite da Vela, encontro no qual cerca de 30 pessoas se reuniam para ouvir músicas em discos de vinil e declamar poesia. Em 2004, também nesse espaço, foi criado o Sarau do Binho. Com o fechamento do bar, em 2012, este evento passou a ser realizado de forma itinerante  – espalhando-se por escolas, praças e outros espaços – até descobrir uma nova casa, o Espaço Clariô de Teatro, onde agora ocorre mensalmente.

Desde sua criação, o Sarau do Binho tem ampliado cada vez mais suas atividades, buscando dar vazão à produção cultural da periferia paulista. Nesse sentido, o sarau tem criado interligações com projetos semelhantes em outras áreas da cidade, formando uma rede de apoio e troca de ideias. “Com esse contato conseguimos construir propostas em conjunto”, explicou Binho. “Um exemplo disso é a Kombiblioteca de um parceiro do sarau, que divulgamos em nosso Facebook.”

Nomes importantes do cenário cultural têm participado dos eventos – prova da importância e do renome crescente do sarau. Entre os artistas convidados, podemos citar Fabiana Cozza, Paulo Lins, Kiko Dinucci, Marcelo Preto e Banda Preto Soul. “Geralmente somos nós mesmos que vamos atrás dos nomes para vir aos saraus, mas de vez em quando são os próprios artistas que nos contatam”, contou Binho. O cantor Marcelo Jeneci é um exemplo disso. “Ele já tinha interesse em conhecer o sarau, veio na apresentação da Fabiana Cozza e aí combinamos com ele para que também participasse no mês seguinte.”

Para Binho, um dos processos mais interessantes desde o ano passado tem sido a aproximação do sarau com escolas. “O projeto tem realizado saraus com cerca de cinco escolas da região até agora, além de algumas em outras partes da cidade.” Esse processo tem promovido maior interesse das crianças pela leitura e ampliado o número de participantes nos encontros. “Vai criança, gato, é uma bagunça”, contou o organizador.

Voltando-se para esse incentivo à leitura, Binho se empenhou na criação de dois projetos: a Bicicloteca e a Brechoteca. O primeiro envolve uma bicicleta que circula pelo bairro com livros para empréstimo, contando principalmente com campanhas de arrecadação de livros para renovar seu acervo. Já a Brechoteca é um brechó criado a fim de reunir recursos para manter a Biblioteca Popular do Jd. Rebouças, espaço alugado de forma autônoma por Binho.

Neste ano, o ambicioso Binho – que também é poeta – irá lançar a segunda edição do livro Sarau do Binho. A primeira edição, lançada em 2013, foi fruto de um trabalho coletivo que reuniu 180 poetas e conseguiu uma tiragem de mil exemplares. “A segunda edição da antologia está em andamento e tem lançamento esperado para o começo de setembro de 2015”, disse o poeta. O novo livro busca trazer um número maior de poetas ligados ao sarau, mostrando ainda mais a diversidade e a criatividade da periferia. “Botamos mais lenha na fogueira.”

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