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Rumos 2015-2016: a troca de experiências como processo criativo

Ao longo do tempo, classificar uma obra de arte em gêneros determinados tornou-se cada vez mais difícil. São inúmeras as possibilidades e...

Publicado em 20/03/2017

Atualizado às 10:46 de 03/08/2018

Por Victória Pimentel

Ao longo do tempo, classificar uma obra de arte em gêneros determinados tornou-se cada vez mais difícil. São inúmeras as possibilidades e é com grande frequência que elas se misturam, tornando as obras híbridas. O projeto 20Minutos.MOV, um dos selecionados pelo programa Rumos 2015-2016, tem como ponto de partida a dança, mas explora a ideia de mescla entre diferentes vertentes artísticas e destaca as trocas provenientes dessa experiência.

[caption id="attachment_96872" align="aligncenter" width="537"]A oficina de Micheline Torres foi uma das atividades do projeto A oficina de Micheline Torres foi uma das atividades do projeto[/caption]

Idealizada por Cândida Monte, a ação nasceu exatamente desse desejo de aprendizado e intercâmbio. Foi em 2010, quando a artista ainda fazia parte do coletivo Couve-Flor Minicomunidade Artística Mundial, em Curitiba, que aconteceu a primeira edição do 20Minutos.MOV. A ideia era movimentar o espaço do grupo trazendo artistas de fora, conhecê-los, trocar experiências e fomentar a formação de pessoas interessadas em performance, corpo e movimento. Sete anos depois, o projeto se encontra em sua quinta edição e o objetivo continua o mesmo. “Mais do que tudo, o desejo é oferecer tempo e espaço para o artista criar e trocar”, conta Cândida. “Nosso interesse é juntar artistas que se complementem e também se provoquem.”

20Minutos.MOV em 2017

Nas cinco edições do projeto, seu formato variou bastante. Houve ocasiões que contaram com apenas dois artistas, convidados pela curadoria, para desenvolver seus trabalhos em paralelo. Em outras, foi possível abrir convocatórias e escolher as propostas – caso da edição atual. Desta vez, foram selecionados quatro bolsistas através de chamada aberta, além de dois pesquisadores convidados pela curadoria, formada por Cândida e pelo artista Neto Machado.

Cândida conta que eles receberam 124 propostas na primeira fase do processo seletivo, on-line. Em um segundo momento, os curadores conversaram com os primeiros selecionados pessoalmente e dali saíram os quatro escolhidos para participar do projeto: Luciano de Mesquita Faccini (Cada Corpo Tem Seus Bugs), Karla Keiko (Entre Seios), Francisco Mallmann (Eu Não Dou a Outra Face) e a dupla Greice Barros e Anne Celli (Links). Os artistas convidados são Bernardo Stumpf (Paguro) e Renata Roel (Corpo de Baile). “A seleção final foi feita visando à formação de um grupo de propostas que tinham diferenças entre si, mas que podiam, ao mesmo tempo, ter possibilidades de interlocução”, explica.

Segundo ela, nenhum dos bolsistas é bailarino ou dançarino, mas todos – selecionados e convidados – têm o corpo e o movimento como mote de suas criações. Os artistas mediadores das atividades compreendidas pelo projeto, por sua vez, possuem trajetória em dança e performance. Cândida desenvolve: “O projeto está mais interessado no que a experiência que vem da dança pode contribuir para o fazer artístico. O artista, cada vez mais, tem esse espaço, essa possibilidade de trânsito entre áreas e mídias. Meu interesse nesse programa é dar espaço e visibilidade a essa permeabilidade, a esse não lugar”.

Atividades

Além do período de convivência entre os artistas, o projeto contou com três oficinas, ministradas por profissionais da dança. Para essas atividades, foram também convidados a participar aqueles artistas que passaram para a fase de entrevista do processo seletivo. A primeira oficina, Meu Corpo É Minha Política – comandada pela bailarina, performer e coreógrafa Micheline Torres –, abordou a composição coreográfica e a performance, buscando ajudar os artistas a levantar questões e material para suas pesquisas.

Pensamento Crítico e a Tolerância à Incerteza, a segunda oficina, foi liderada por Cristiane Bouger, que desenvolve trabalhos com performance, dança contemporânea, instalação, poesia, vídeo e texto experimental. A atividade teve como objetivo a crítica e a análise, ao estabelecer espaços de divergência e o exercício do desapego à opinião e às certezas sedimentadas. Por fim, a criadora-intérprete, professora e pesquisadora Daniella Aguiar apresentou Transmediações – Recriando em Outras Mídias, debatendo o formato e de que maneira a escolha de mídia altera as possibilidades do processo artístico.

O projeto termina nos dias 13, 14 e 15 de abril de 2017, com a mostra final das criações dos artistas contemplados, que acontece no Espaço Cultural La Bamba, em Curitiba, e é aberta ao público. Cândida conta que, com o projeto, ela encontrou uma forma de incentivar a criação e o pensamento crítico na capital paranaense. “Como artista em Curitiba, penso nesse projeto como forma de fomentar parceiros – novos e já existentes – e é por isso que ele é pensado para artistas daqui”, explica. “Em lugares de pouco espaço de formação convencional, a potência também está no que acontece nas entrelinhas, na reverberação do que se aprende, nas trocas entre coletivos, artistas e áreas artísticas. Está em espaços, grupos, coletivos independentes que se reinventam a todo momento para seguir existindo, para seguir criando e fazendo sentido.”

A apresentação final dos bolsistas acontece nos dias 13 e 14 de abril, às 20h; no dia 15 de abril é a vez de os residentes mostrarem seus resultados finais. A mostra acontece no Espaço Cultural La Bamba (R. São Pedro, 479 – Bairro Cabral, Curitiba/PR) e a entrada é gratuita.

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