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Rumos 2015-2016: Kingston Kombi

Se nos Estados Unidos o hip-hop virou uma empresa milionária cujo universo glamouroso distanciou-se da realidade de seus fãs, o objetivo...

Publicado em 27/04/2017

Atualizado às 10:49 de 03/08/2018

Por Patrícia Colombo

Se nos Estados Unidos o hip-hop virou uma empresa milionária cujo universo glamouroso distanciou-se da realidade de seus fãs, o objetivo do projeto Kingston Kombi é justamente retomar os valores iniciais do movimento e reaproximá-lo das comunidades mais carentes aqui no Brasil.

Selecionada pelo programa Rumos Itaú Cultural, a iniciativa é comandada pela Flying Boys Crew, ONG curitibana que existe desde o final dos anos 1990. A ideia da turma é aparelhar uma Kombi com equipamentos para mixagem e reprodução de som, microfones e instrumentos de percussão – e, com a estrutura montada, promover eventos com música, dança e conversas em diferentes bairros da região metropolitana de Curitiba.

[caption id="attachment_97515" align="aligncenter" width="539"]A equipe do Flying Boys Crew, tetracampeã do Master Crews – maior evento de danças urbanas da América Latina A equipe do Flying Boys Crew, tetracampeã do Master Crews – maior evento de danças urbanas da América Latina[/caption]

 

Foi o conceito de Sound System que inspirou o formato. “Essas festas populares dos guetos jamaicanos foram a centelha inicial do movimento hip-hop na década de 1960”, explica Maurício Priess, que encabeça o projeto. “Mais tarde, também se desenvolveram em guetos estadunidenses no formato de ‘block parties’, que eram organizadas pelas próprias comunidades carentes. O desejo de se expressar pela música e pela dança, com batidas, rimas e passos originais, criava um ambiente de igualdade, acessível a todos, no qual não só o entretenimento era buscado, uma vez que também se tratava de cenários para a luta pelos direitos humanos dos negros.”

Segundo ele, a história em Curitiba não é tão diferente. As primeiras rodas de break nos anos 1980 aconteciam no Shopping Itália, que se tornou um ponto de encontro histórico de b-boys e b-girls locais. Desde então, esses dançarinos seguem em busca de manter a existência dos encontros em locais públicos acessíveis.

“Um sistema de som com autonomia sempre foi um problema”, diz Maurício. “As pilhas dos rádios acabam rápido e são caras, locais com tomadas públicas são quase inexistentes e um evento de hip-hop sem música não é concebível.”

Atualmente em fase de pré-produção, a Kingston Kombi deve começar a rodar em junho de 2017 – são 12 paradas programadas até dezembro de 2017.

Paz, unidade, amor e diversão

A equipe fixa é composta de dez pessoas, entre membros da Flying Boys Crew e produtores culturais. Porém, o plano é que mais de 50 pessoas atuem durante seu ano de execução. Maurício revela que cada uma das festas vai contar com diferentes b-boys, b-girls, MCs, DJs, grafiteiros, fotógrafos e cinegrafistas.

“A ideia é que a cena do hip-hop curitibano como um todo se envolva no projeto, por isso teremos uma equipe móvel tão grande”, conta. “Durante as primeiras fases, nós aprendemos e trocamos muito. É o que tem instigado a Kingston Kombi, a organização e mobilização tão necessárias para manter os pilares do hip-hop: paz, unidade, amor e diversão.”

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