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Rumos 2015-2016: "Mikrology"

Não foi só Paisagem Sonora que, no Rumos 2015-2016, ganhou destaque por voltar-se para os sons da natureza. O projeto Mikrology,...

Publicado em 09/08/2017

Atualizado às 11:15 de 25/08/2017

Por Jullyanna Salles

Não foi só Paisagem Sonora que, no Rumos 2015-2016, ganhou destaque por voltar-se para os sons da natureza. O projeto Mikrology, realizado pelo artista e pesquisador Cyrille Brissot, também propõe uma escuta atenta ao que acontece ao redor, mas desta vez com enfoque no que chama de “microeventos”. O objetivo é mostrar que “mudanças de escala são extremamente ricas em surpresas e permitem a descoberta do inesperado”, conforme conta o idealizador.

A ideia de Cyrille é utilizar lupas visuais e acústicas para captar e manipular sons provenientes de estruturas muito pequenas, difíceis de ouvir sem o auxílio de equipamentos especiais. O resultado será uma instalação que, ao brincar com escalas de áudios e imagens, “questiona como a experiência estética pode amplificar a presença desses pequenos acontecimentos cotidianos, nos devolvendo a sensorialidade da interação entre o corpo e o meio em que vivemos”, como explica o pesquisador francês.

O projeto é dividido em três capítulos. No primeiro, Consum, o som é retirado de utensílios do cotidiano, como copos de plástico e sacolas, e que formam uma sinfonia eletroacústica. O segundo recorre a mudanças de estado em objetos técnicos, como filamentos de lâmpadas incandescentes. A interferência elétrica da ação resulta em refrões hipnóticos (em 2013, Cyrille gravou uma das performances que apresenta esse conceito – veja aqui). Por fim, o capítulo Insectum encerra o projeto com sons emitidos por insetos, formando uma verdadeira orquestra.

Na instalação, o próprio público poderá produzir os sons, o que traz dificuldades para o projeto, que até então era realizado na forma de apresentações ao vivo. A criatividade e a habilidade para criar áudio de materiais cotidianos e a segurança na manipulação de elementos elétricos são alguns dos obstáculos consideráveis do trabalho, mas o que mais se destaca pertence ao Insectum. Enquanto na performance os insetos precisariam sobreviver por cerca de duas horas, em uma instalação o tempo de sua interação é muito maior.

Pensando nisso, atualmente Cyrille está estudando maneiras de contornar o impasse. Para isso, procurou especialistas em insetos do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) no intuito de encontrar espécies que produzam sons interessantes e que consigam sobreviver em colônias em ambiente fechado.

Além da instalação, Cyrille pretende realizar algumas apresentações ao vivo. Artista, músico e pesquisador, ele conta que utilizar o tempo real é uma característica forte de seu trabalho. “O interesse da observação de um universo que nos é à primeira vista inapreensível é, para mim, essencial e é a base dessa proposta”, conclui.

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