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Rumos 2015-2016: Projecto Multiplo

Criar um acervo itinerante de obras – em formato impresso – de artistas latino-americanos, tornando a arte acessível para cada vez mais...

Publicado em 03/07/2017

Atualizado às 10:55 de 03/08/2018

Por Jessica Orlandi

Criar um acervo itinerante de obras – em formato impresso – de artistas latino-americanos, tornando a arte acessível para cada vez mais pessoas. Esse é o objetivo do Projecto Multiplo, idealizado pela curadora Paula Borghi, também curadora adjunta da 11ª Bienal do Mercosul e gestora cultural do Espaço Saracura, no Rio de Janeiro.

O projeto, que já passou por oito países (Chile, Argentina, Equador, Brasil, Cuba, Uruguai, México e Colômbia) e conta com um acervo de mais de 1.500 obras, foi iniciado em 2011, quando Paula fez uma viagem a Valparaíso (Chile) para participar de uma residência artística no Espacio G. “Eu e o [artista chileno] Maurício Román fizemos a primeira edição do Projecto Multiplo”, conta. “Foi uma exposição de livros de artista, mas que teve ainda outras atividades, como um show de música experimental e uma exibição de lambe-lambes nas ruas da cidade.”

Contemplado pelo programa Rumos Itaú Cultural, o Projecto Multiplo busca reunir publicações como selos, postais, fanzines, revistas, livros, lambe-lambes, cédulas e adesivos, constituindo assim um acervo de arte impressa com foco na produção de criadores latino-americanos. A ideia é que esse acervo se torne uma espécie de biblioteca, ou uma exposição de arte capaz de itinerar. “O objetivo é que as coisas se somem, se multipliquem”, diz Paula. “Então, em cada lugar onde essa biblioteca vai ser exposta as pessoas são convidadas antecipadamente, por meio de edital, para participar da exibição.”

[caption id="attachment_98680" align="aligncenter" width="537"]Sexta edição do Projecto Multiplo, realizada em 2014 no Red Bull Station, em São Paulo | foto: Red Bull Station Sexta edição do Projecto Multiplo, realizada em 2014 no Red Bull Station, em São Paulo | foto: Red Bull Station[/caption]

 

Ainda segundo Paula, não há um júri para selecionar os trabalhos que farão parte do acervo. “O artista que se inscreve, que acha que deve participar dessa biblioteca, desse recorte, é automaticamente aceito”, explica a curadora. Ela acrescenta ainda que os interessados em participar das próximas edições do projeto podem entrar em contato pelo e-mail multiploprojecto@gmail.com.

Integrando arte, cultura e os países latino-americanos

Paula Borghi conta que foi o próprio estudo da arte que a fez querer saber mais sobre os artistas latino-americanos e criar o Projecto Multiplo. “Quando você vai estudar arte contemporânea, nota que o nosso olhar é muito mais voltado para a Europa e para os Estados Unidos”, diz ela. “Além disso, somos um dos poucos países da América Latina que não falam espanhol. Nós nos consideramos um continente; não nos comunicamos com os países vizinhos. Então, nossa proposta é romper essas fronteiras – da linguagem e da geografia – e circular com esse material.”

A curadora acrescenta que, apesar de dar origem a um formato de exibição de arte não convencional, esses livros de artista estão começando a ganhar espaço, sendo aceitos inclusive por instituições do meio. “Trata-se de um formato de arte que você pode enviar por correio, por exemplo. Você pode viajar com uma exposição inteira dentro da mala”, diz Paula. “Assim, esses livros também passam a ser uma ponte de conhecimento e acessibilidade para a união da América Latina.”

A expectativa de Paula para os próximos anos é que o acervo do Projeto Multiplo fique disponível, em definitivo, em alguma biblioteca pública brasileira. Mas, enquanto isso não acontece, o público pode conferir as obras do projeto em Cali, na Colômbia, onde a exibição acontece, até setembro, no espaço independente Lugar a Dudas.

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