O Itaú Cultural (IC) recebe, na segunda quinzena de julho, uma série de oficinas sobre o protagonismo feminino no grafite. Abordando os processos criativos, políticos e históricos da resistência feminina na arte urbana, as atividades acontecem nos dias 22, 23, 29 e 30 de julho, na sede do IC.
No dia 22, às 15 horas, a oficina Das ruas às roupas: formas de organização e resistência na cena feminina do grafite convida o público para conhecer as estratégias e as possibilidades de resistência e existência das mulheres em suas atuações no grafite. O objetivo da atividade é instrumentalizar as participantes com outras formas de enfrentamento e organização. A oficina é ministrada pelas artistas e educadoras Ana Clara, Nenesurreal e Videira. Para essa atividade, o público deve trazer roupas para customizar durante oficina.
No dia 23, às 11h30, a oficina Mulheres negras no grafite e o autorretrato aborda o protagonismo, ativo e representativo, das mulheres negras no hip-hop e no grafite. A atividade nos convida para explorar as referências das grafiteiras, que utilizam muitas vezes os retratos para se expressar. A partir de tais referências, o público é convidado para criar autorretratos, pensando em como valorizar a autoestima. A atividade é ministrada pelas artistas e educadoras Babi Lopes, Caluz e Negana.
No final de semana seguinte, no dia 29, às 15 horas, a oficina Desafios e ferramentas para iniciar a pintura de paredes oferece um panorama teórico e prático para mulheres artistas que desejam ingressar no mundo do grafite e da arte urbana. Abordando questões como o enfrentamento do machismo, os riscos e obstáculos enfrentados na esfera pública, a falta de apoio institucional e os desafios associados à maternidade, a atividade busca fornecer orientações e ferramentas práticas para lidar com tais desafios. A atividade é ministrada pelas artistas e educadoras Aline, Amanda Pankill e Femmenath.
Encerrando o ciclo de oficinas de julho, no dia 30, às 11h30, a atividade Mulher na história da arte: apagamento e apropriação apresenta um panorama histórico e análises críticas sobre a representação e o apagamento das mulheres, tanto na história da arte como na sociedade em geral. O público é convidado para refletir sobre a realidade das mulheres e os processos de criação artística. Após o bate-papo, as artistas promovem uma oficina de estêncil como estratégia de pintura e ativismo. A atividade é ministrada pelas artistas e educadoras Ju Costa, Quel e Veronica Nuvem.
Para participar, inscreva-se no balcão de atendimento do Itaú Cultural, no dia de cada programação, 30 minutos antes do início das atividades. Confira mais informações de cada atividade na aba Programação.
Abaixo você pode conhecer um pouco mais sobre as artistas:
Aline é designer de moda, artista visual, arte-educadora e grafiteira. Residente em São Paulo, é integrante da crew TSC. Seu trabalho com letras engloba os estilos throw up e wildstyle. Atualmente, numa nova fase, tem focado seus estudos nas questões emocionais, experimentações e sustentabilidade.
Amanda Pankill é artista visual nascida e criada na zona leste de São Paulo. Graduada em design gráfico e pós-graduada em história da arte, é estudante de letras. Sua abordagem artística é multidisciplinar, englobando grafite, pintura em tela e ilustração.
Ana Clara é artista visual e grafiteira autodidata. Formada em ciências sociais, sua influência é a temática feminista. É uma das fundadoras da Rede Latino-Americana Graffiteiras Br – uma das primeiras formas de organização virtual e presencial nas artes urbanas.
Babi Lopes é artista visual independente, técnica em artes visuais e design de moda e, atualmente, estudante de história da arte. Dedica-se a investigar as cosmovisões ancestrais sobre o tempo e a relação de pessoas negras com a memória e o passado, além de representar o corpo da mulher negra como território de conexão com a ancestralidade e a terra. Atualmente, ilustra o blog Sou Ciência, da Folha de S. Paulo, e desenvolve projetos artísticos para o Canto Baobá.
Caluz é artista visual e grafiteira residente em São Paulo. Seu trabalho artístico tem uma poética voltada para as questões das mulheres reais e para a valorização da ancestralidade das mulheres brasileiras como forma de resistência. Utiliza cores fortes e vivas em suas obras e se expressa por meio de retratos femininos.
Femmenath é mulher parda, mãe, corintiana e sapatão. Nascida em São Paulo, cresceu na periferia da Freguesia do Ó. Cursou artes visuais e iniciou sua história no grafite em Olinda (PE). Aos 25 anos, decidiu ser mãe e uniu os dois caminhos, maternidade e arte.
Ju Costa é grafiteira, professora e ativista, formada em artes plásticas e em tecnologia mecânica. Retrata a diversidade periférica e discute a importância da ancestralidade e do reconhecimento dos povos indígena e de matriz africana no território. É idealizadora do projeto Bitucaivos e do espaço LabCasa Cultural.
Negana é artista visual, muralista e educadora. Nascida em 1988, em João Pessoa (PA), reside atualmente em São Paulo. Seu trabalho tem influência na cultura e estética preta, com ênfase na figura da mulher. Suas obras evidenciam existências apagadas pelo padrão social, contribuindo para o empoderamento da comunidade negra.
Nenesurreal é mulher negra, periférica, artista visual e plástica, grafiteira, educadora social e criadora da grife NeneSurreal. Foi ganhadora do Prêmio Sabotage em 2016 e, em 2018, homenageada pela Ação Educativa por seu trabalho no combate às injustiças sofridas pela população pobre e preta, sobretudo pelas mulheres.
Quel é mulher negra, lésbica e periférica. Multiartista surrealista, utiliza a arte urbana, as artes plásticas e a escultura em sua pesquisa. Busca, em suas obras, retratar o inconsciente e seus mistérios, assim como registrar sentimentos e memórias que a atravessam.
Veronica Nuvem é designer gráfica, artista visual autodidata, grafiteira e arte-educadora. Utiliza linguagens da arte urbana, como estêncil, colagem e grafite. Além de seu trabalho autoral, é idealizadora do Graffiteiras Indígenas e do Sapatão das Tintas, cujo objetivo é visibilizar e fomentar a produção dessas artistas.
Videira é artista urbana formada em design de interiores e produção cultural, e estudante de artes visuais. Seus trabalhos artísticos evidenciam a importância da perspectiva feminina na luta pela proteção do meio ambiente, com pesquisas voltadas para a flora brasileira e a mulher brasileira na história da arte.