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O que vem por aí: filmes nacionais para ficar de olho em 2022

A colunista Luísa Pécora indica sete longas-metragens dirigidos e/ou protagonizados por mulheres

Publicado em 26/01/2022

Atualizado às 14:24 de 03/08/2022

Por Luísa Pécora

por Luísa Pécora

Entramos em um novo ano, mas continuamos com muitas das dúvidas e preocupações que nos acompanham desde que a pandemia começou. Com o recente aumento das contaminações pela covid-19, voltou a ser difícil fazer planos, até mesmo os relacionados a cinema: vários lançamentos de 2022 já foram adiados e eventos foram suspensos ou realizados apenas em formato on-line.

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Nesse cenário de incertezas, não é fácil prever como será nossa relação com as salas de cinema nos próximos meses. Mas é grande a torcida para que possamos ver na telona alguns dos filmes que rodaram por festivais brasileiros e internacionais no ano passado. Abaixo, a coluna selecionou sete longas-metragens nacionais dirigidos e/ou protagonizados por mulheres para ficar de olho em 2022. Confira:

Alice dos Anjos
direção: Daniel Leite de Almeida

Um homem branco e uma menina negra dialogam em meio a árvores com galhos retorcidos e sem folhas. Ele veste um terno preto e usa um guarda-chuva como bengala; ela usa um vestido roxo.
(imagem: divulgação)

Este musical infantojuvenil faz uma releitura de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll (1832-1898), ambientada no sertão nordestino e em diálogo com Pedagogia do oprimido, de Paulo Freire (1921-1997). A jovem atriz Tiffanie Costa interpreta a personagem-título, uma menina esperta que, correndo atrás de um bode preto e apressado, é transportada para um universo mágico. Conforme conhece uma série de personagens inusitados, ela bate de frente com um poderoso coronel que quer construir uma hidrelétrica em terras que pertencem a comunidades tradicionais. Alice dos Anjos fez sua estreia na edição mais recente do Festival de Brasília do cinema brasileiro, do qual saiu com seis troféus: Melhor Filme pelo Júri Popular, Direção, Maquiagem, Figurino, Direção de Arte e o Prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).

Carro Rei
direção: Renata Pinheiro

Dois homens estão lado a lado e olham na direção da câmera. O da esquerda tem a barba por fazer e usa uma camiseta vermelha. O da direita, mais alto, veste uma camisa quadriculada azul e branca.
(imagem: divulgação)

Conhecida principalmente por Amor, plástico e barulho (2013), Renata Pinheiro está de volta com este longa exibido no Festival de Roterdã e ganhador de quatro prêmios no Festival de Gramado (Melhor Filme, Direção de Arte, Trilha Musical e Desenho de Som, além de uma Menção Especial para o ator Matheus Nachtergaele). No centro da trama está Uno (Luciano Pedro Jr.), jovem que, desde que nasceu, tem o dom de se comunicar com carros. Quando o governo proíbe veículos antigos de circular, Uno busca a ajuda do tio mecânico, Zé Macaco (Nachtergaele), para transformá-los. Dessa operação surge o Carro Rei, uma máquina inteligente que tem a capacidade de falar, ouvir e fazer seus próprios planos. “É um filme que fala sobre muitas coisas, mas principalmente sobre o Brasil de hoje”, disse a diretora em entrevista que fiz com ela em agosto. “É um filme do caos.”

O livro dos prazeres
direção: Marcela Lordy

A imagem colorida mostra uma mulher de perfil, com o rosto voltado para o lado direito do enquadramento. Ela é branca e tem cabelos longos, morenos e esvoaçantes.
(imagem: divulgação)

Fãs da escritora Clarice Lispector (1920-1977) aguardam a oportunidade de ver este filme da diretora Marcela Lordy, que foi exibido na Mostra internacional de cinema de São Paulo, no Festival de Vitória e no Festival do Rio. Inspirado na obra Uma aprendizagem ou livro dos prazeres, publicada em 1969, o longa tem Simone Spoladore no papel da professora Lóri, uma mulher que leva uma vida monótona, dividindo-se entre seu trabalho e seus relacionamentos. Ao conhecer o também professor Ulisses (Javier Drolas), Lóri vai aprender a amar e a encarar sua própria solidão. Em tempo: também vale ficar de olho no documentário Clarice Lispector – a descoberta do mundo, no qual a diretora Taciana Oliveira combina entrevistas da escritora com trechos de suas obras e depoimentos de amigos e familiares.

Medusa
direção: Anita Rocha da Silveira

Em um ambiente urbano e noturno, cerca de 15 mulheres aparecem gritando e correndo na direção da câmera.
(imagem: divulgação)

Novo trabalho da diretora de Mate-me por favor (2015), Medusa chegará ao público embalado pela exibição na Quinzena dos realizadores, do Festival de Cannes, e pelos três prêmios conquistados no Festival do Rio: Melhor Longa-Metragem de Ficção, Melhor Direção e Melhor Atriz Coadjuvante para Lara Tremouroux. Assim como em Carro Rei, Medusa usa as convenções do cinema de gênero para abordar temas urgentes da sociedade brasileira, em especial o conservadorismo patriarcal. A protagonista é Mariana (Mari Oliveira), uma jovem que faz de tudo para aparentar e para ser uma mulher perfeita, e que se une a um grupo de amigas para não cair na tentação de fazer o que não deve e para controlar tudo o que está ao seu redor – inclusive as outras mulheres.

A primeira morte de Joana
direção: Cristiane Oliveira

Duas meninas estão deitadas no chão, na beirada de uma plataforma sobre um volume de água que reflete a luz do sol. Uma das meninas está com o rosto voltado para cima, tem os olhos fechados e é observada pela outra garota.
(imagem: divulgação)

Quem gosta de coming-of-age, termo em inglês para filmes sobre jovens em momentos de transformação, não deve perder o novo filme da diretora de Mulher do pai. Em seu primeiro papel no cinema, Letícia Kacperski interpreta Joana, uma garota de 13 anos que acaba de perder a tia-avó, de quem era muito próxima. Vivendo o despertar sexual, ela questiona os motivos de a tia nunca ter tido um namorado, numa investigação que a fará aprender mais sobre as mulheres de sua família e os valores da pequena comunidade em que vive, no Sul do país. Com muitas mulheres à frente e por trás das câmeras, A primeira morte de Joana recebeu três troféus no Festival de Gramado: Melhor Filme segundo o Júri da Crítica, Melhor Montagem e Melhor Fotografia. Confira uma entrevista com a diretora.

Saudade do futuro
direção: Anna Azevedo

A imagem mostra várias fotografias afixadas em uma espécie de rede. Elas estão distribuídas aleatoriamente e trazem sobretudo retratos individuais de homens.
(imagem: divulgação)

Além de Alice dos Anjos, o outro grande destaque do último Festival de Brasília foi o documentário Saudade do futuro, ganhador do prêmio de Melhor Filme pelo Júri Oficial. Em seu primeiro trabalho solo na direção de um longa-metragem, a diretora Anna Azevedo percorre Brasil, Cabo Verde e Portugal para conversar com pessoas separadas pelo mar e com realidades distintas, mas que têm em comum a língua portuguesa e trajetórias atravessadas pelo sentimento de saudade. Conforme os personagens falam sobre as ausências que marcaram suas vidas, o filme aborda acontecimentos centrais para a história e a cultura dos três países, como a escravidão, a colonização, a ditadura e a violência cometida pelo Estado.

Tarsilinha
direção: Celia Catunda e Kiko Mistrorigo

Cena do filme de animação. Em primeiro plano, vê-se uma menina de costas. Ela usa uma mochila e olha para a paisagem à sua frente, um vasto espaço com um rio sinuoso e, em suas margens, poucas casas e uma vegetação diversa.
(imagem: divulgação)

A dupla formada por Celia Catunda e Kiko Mistrorigo é responsável por sucessos da animação nacional como Peixonauta e O show da Luna. Seu novo trabalho é o longa-metragem Tarsilinha, que, inspirado na obra da artista Tarsila do Amaral (1886-1973), foi exibido na mais recente edição da Mostra internacional de cinema de São Paulo. Na animação, Tarsilinha é uma garota de 8 anos que precisa recuperar as lembranças de sua mãe. Para isso, ela terá de embarcar em uma aventura fantástica, encontrar memórias roubadas, fazer amigos e superar obstáculos. Entre todos os filmes listados neste texto, este é o único que já tem data para chegar aos cinemas: 10 de fevereiro, coincidindo com as comemorações dos cem anos da Semana de arte moderna de 1922.

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