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“Luar”, arte de Bruna Pereira, colore a fachada do Itaú Cultural

O desenho integra o projeto “Arte urbana”, que convida artistas para intervir na fachada do IC, na Avenida Paulista

Publicado em 23/01/2024

Atualizado às 16:17 de 24/01/2024

O ano de 2024 começou e o Itaú Cultural (IC), na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), está de cara nova, com a pintura Luar (2024). A obra é da artista Bruna Pereira e faz parte do projeto Arte urbana, que convida artistas para intervir na fachada do prédio do IC.

A pintura, que ficará exposta até o final de março, remete a uma floresta fictícia com seres e plantas vivendo em harmonia, iluminados pela lua. A artista e tatuadora contou que pretende quebrar um pouco o ritmo acelerado das pessoas que vivem na capital paulista.

Em entrevista ao IC, Bruna falou sobre sua obra, seu processo criativo, trajetória e inspirações. Leia abaixo.

Como começou sua relação com a arte?

Acho que é uma história bem clichê, porque desenhei desde sempre. Alguma coisa dentro disso eu sabia que iria acabar fazendo, mas não tinha muita referência do quê, porque não tenho artistas na família, não tinha referência nenhuma perto de mim, então não sabia o que iria ser, mas sabia que eu queria.

Com cerca de 16 anos, comecei a estudar para ser tatuadora, para juntar dinheiro para pagar o material. Com 19 já comecei a tatuar e, paralelamente à tatuagem, estudava pintura e xilogravura. Aí comecei a me oferecer para pintar a parede das pessoas e murais.

Fale sobre o uso das cores nas suas obras.

As minhas paletas sempre foram mais pastel, não me vejo nessas cores vivas, sempre me vi nas coisas mais minimalistas. E não foi nada pensado, foi mais um sentimento, fui pintando e vendo do que eu gostava, tanto que as primeiras pinturas que eu fazia eram bem coloridas e vi que aquilo não me representava.

As cores que utilizo são sempre muito parecidas. Percebi que uso muito laranja e tons de azul ou lilás. Acabo indo para as cores mais secundárias, que são laranja, verde e roxo.

Quais artistas são suas principais referências?

Tenho vários, eu me inspiro em muitos atualmente. De uns tempos para cá, venho estudando a história da pintura popular brasileira e a arte naïf brasileira. Quando descobri que existiam artistas que faziam parte de um movimento que era fora da academia, que eram os pintores naïf, comecei a estudar a técnica deles e vi que eles fugiam de várias proporções, não havia proporção de retrato, de realismo, eles pintavam o que sentiam.

E sempre pintei dentro desse lugar, porque eu não tinha muita referência de estudo, então me identificava muito com esses artistas e uso a maioria deles como referência – Heitor dos Prazeres, Maria Auxiliadora, que são pintores naïf no Brasil que admiro muito, e Gilvan Samico, na área de gravura.

Como você entende a importância de a arte ocupar esses espaços públicos?

Acho que é de extrema importância, porque a arte não é só agradável aos olhos, não é só uma coisa estética, mas acho que existem mensagens, às vezes subliminares, mensagens sociopolíticas também que são importantes. Se nem sempre a gente consegue chegar falando, a gente consegue chegar pelo menos mostrando.

Algo que chama atenção na sua obra é a presença de animais. Como se dá esse processo criativo?

Gosto quando as pessoas se identificam com o meu trabalho, e às vezes o jeito mais fácil de todas as pessoas, sem exceção, se identificarem é o uso dos animais. Por exemplo, fiz uma tela que mostra vários cachorros brigando. Dei a ela o nome de Rinha, justamente por causa de uma questão que passei de amizades que se romperam.

Era uma analogia, algo real, mas eu não queria usar pessoas, porque acho que dessa forma, às vezes, usando bicho, usando qualquer outra coisa, as pessoas podem se identificar sem exclusão.

Fale um pouco do trabalho que você criou para o banco do IC.

Quando me foi pedido, foi explicado mais ou menos o tema que vocês queriam ter agora. E, dentro disso, comecei a me inspirar no que já gostava de fazer. Sempre brinco com coisas que, na verdade, não têm necessariamente um sentido, mas, a partir do momento em que as pessoas começam a observar isso, vai-se às vezes criando sentido para elas. Inclusive, quando eu estava pintando, uma mulher me abordou e começou a criar uma história sobre o que estava acontecendo. E eu apenas afirmei, a história é essa.

O propósito é a pessoa se sentar e relaxar. Às vezes, é a curiosidade que vai despertar o interesse, então usei da curiosidade para distrair a pessoa do caos de São Paulo. Para mim, essa é a ideia.

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