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Inventário: Semente

Neste mês, Tereza Maciel e Márcio Vasconcelos transformam "semente" em imagem e texto

Publicado em 31/03/2022

Atualizado às 15:21 de 26/04/2022

Por Márcio Vasconcelos e Tereza Maciel

Márcio Vasconcelos

Fotografia colorida que mostra uma criança, um menino negro. Ele está batucando com a mão em um instrumento de percussão.
Inventário: semente (imagem: Márcio Vasconcelos)

Este é o Luan, que com apenas 6 anos de idade já é Ogã Suspenso, ou seja, pessoa escolhida por um orixá por ter passado pela cerimônia em que é colocado em uma cadeira e suspenso pelos ogãs da casa, significando que, futuramente, será confirmado e passará por obrigações para essa função.

Luan é filho de Wellington, Vodunso Ahujay no Tambor de Mina, filho de Equede Concita, que por sua vez é filha de Pai Euclides Talabyan, babalorixá fundador da Casa Fanti-Ashanti, na cidade de São Luís (MA), em 1º de janeiro de 1954. Nessa data e terreiro, nascia o Tambor de Mina. Em 29 de setembro de 1980, deu-se também a entrada do candomblé, tornando Pai Euclides o pioneiro da cidade na prática desse ritual.

É dessa forma que as sementes são plantadas e germinam nesse espaço sagrado, que, além de ser um dos mais importantes terreiros de culto afro do Brasil, é mais que um templo das religiões de matriz africana: constitui-se em verdadeiro patrimônio cultural brasileiro, um celeiro de manifestações da cultura popular e religiosa do Maranhão.

Pai Euclides Talabyan faleceu em 2015 aos 78 anos, mas já vinha anos preparando Mãe Pequena da Casa, Mãe Kabeca de Xangô, para sucedê-lo na chefia e manutenção dos rituais. Desse modo, a Casa segue forte e viva nos preceitos e tradições.

Tereza Maciel

Fotografia colorida de uma folha de planta. A folha é grande e verde, e está colocado no centro da imagem. Ela está acima de um monte de sementes de açaí. Algumas sementes também estão em cima da folha. As sementes são pequenas e de cor escura.
Inventário: semente (imagem: Tereza Maciel)

feira do açaí

numa encruzilhada, noite emenda com dia, dá oito da noite os barcos vão chegando aos montes com paneiros de açaí abarrotados com aquilo que movimenta a cidade: sementes, que batidas se transformam no açaí nosso de cada dia.

ali onde também tem festa para o senhor ogum em abril, tambor faz festa, menina dança, altas cantorias até de manhã na feira do açaí, também é lugar de comércio, de sustento de todo dia, de muita luta, de muita fé.

o pequeno caroço do açaí é abundante, dele vem música, livro, suco, mingau, sobremesa, acompanhamento de peixe, magia, cura, ancestralidade. na pequena semente preta, às vezes verde, cabe sabedoria profunda de onde venho, Amazônia.

 

Em Inventário, dois fotógrafos recebem, todo mês, uma palavra diferente e são convidados a transformá-la em imagem e texto.

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