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Novos nomes da fotografia no Brasil – Andressa Ce – São Caetano do Sul, São Paulo

Andressa Ce começou a brincar com a fotografia em meados dos anos 2000. Sua primeira fotografia com intenções autorais é de 2008

Publicado em 18/09/2020

Atualizado às 19:18 de 16/08/2022

Por Cassiano Viana*

Andressa Ce (São Caetano do Sul, São Paulo, 1990) conta que começou a brincar com a fotografia em meados dos anos 2000, com uma Cyber-shot. “A primeira foto que eu tirei possivelmente foi antes, em algum momento que consegui roubar a câmera analógica do meu pai”, recorda. “Lembro de uma foto que tirei da minha cachorra, deve ter sido essa.”

(imagem: Andressa Ce)

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Pensando em fotografia com intenções autorais, a primeira foi feita em 2008, quando Andressa estudava moda e produziu uma foto para participar de um concurso da faculdade.

Com a palavra, Andressa Ce:

Ella A.

Conheci a Ella A. em 2006 em um parque da cidade (hoje sei que o melhor lugar para encontrá-la é sempre próximo à natureza). Logo, ela passou a me enviar poemas e desenhos que estava fazendo. Elaborações sobre se sentir sozinha, sua incompreensão com relação ao mundo como ele era, tudo mascarado por fantasias e metáforas. Na época eu tinha 16 anos e aquilo fazia muito sentido para mim. Aquela garota me entendia e por isso nós nos tornamos tão próximas quanto ela me permitia (ela tem um pouco de dificuldade com pessoas, e eu respeito isso). Quando eu criei o blog Histórias Nem Tão Reais, em 2013, Ella foi a primeira pessoa que pensei que deveria fazer parte do projeto. Naquela época, ela tinha começado a se envolver com fotografia e suas poesias passaram a ser contos. Propus a ela que a cada duas semanas postasse um conto atrelado a uma foto e assim começou nossa relação profissional.

Ella A (imagem: Andressa Ce)

Sam Terri

Queria apresentar visões de mulheres diferentes no blog, então como contraponto à Ella só consegui pensar na Sam Terri. Eu a tinha conhecido há menos de um ano, em 2012, por causa de um blog que ela mantinha chamado Correndo Pelada e Vivendo Feliz, em que ela escrevia sobre suas aventuras etílicas em festas e seus casos amorosos. Ela tinha humor e gostava de se divertir. Fomos a algumas festas juntas, já que naquela época eu estava no auge da minha juventude. Ela já me deu conselhos amorosos e eu já tentei, sem sucesso, impedi-la de enviar mensagem para o boy que claramente não se importava com ela. Ela era fotógrafa de balada e, naquela mesma época que criei o blog, tinha começado a fazer convite para as pessoas posarem (quase) peladas para ela. Assim consegui minha segunda colaboradora.

Olga Gaia

Foi em alguns anos depois, em 2015, que conheci a Olga Gaia. Eu estava em Londres para fazer um curso de verão e a encontrei toda coberta em tecidos (até hoje nunca vi seu rosto) distribuindo zines informativos em frente ao Tate Museum. Parei para conversar e descobri que ela tinha acabado de fazer um blog chamado Maybe You’re Mad, em que ela desenvolvia suas teorias sobre uma agência secreta que estava controlando o mundo através dos meios de comunicação. Consegui o contato dela depois de prometer que a ajudaria com a divulgação daquela história toda. Foi assim que a agreguei ao meu blog. Por coincidência, além dos textos de denúncia, ela se expressava por fotografias. Às vezes em intervenções em fotografias antigas (ela diz que as usa para criar uma relação com o passado), às vezes por fotos que ela mesma tira em sua busca por pistas da presença da agência até os dias de hoje.

Olga Gaia (imagem: Andressa Ce)

Em 2017 eu decidi que queria fazer parte do projeto também. Comecei a fotografar tentando entender o que me interessava. Cores fortes, melancolia, Millenialls. Foi com um pouquinho de cada coisa que aprendi com as meninas que desenvolvi minha própria forma de ver o mundo. Os lamentos de Ella se tornaram elucubrações. A Sam leva a vida e a arte cada vez menos a sério. As conspirações de Olga continuam, mas com a responsabilidade de nunca questionar a ciência. E eu me sinto cada vez mais confortável com cada uma dessas pessoas que vivem dentro da minha cabeça.

Cassiano Viana (@vianacassiano) é editor do site About Light.

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