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Novos nomes da fotografia brasileira – Jaque Rodrigues, Crato, Ceará

Na série que apresenta novos nomes e caminhos da produção fotográfica brasileira, é a vez de conhecer Jaque Rodrigues

Publicado em 15/01/2021

Atualizado às 19:04 de 16/08/2022

por Cassiano Viana

Jaque Rodrigues nasceu em Guarulhos, São Paulo, em 1989, mas foi criada no interior do Ceará, numa cidade chamada Várzea Alegre. Atualmente, ela vive e trabalha no Cariri cearense, na cidade do Crato. “Minha mãe e meu pai (in memoriam) são cearenses e eram retirantes em busca de uma vida melhor na Grande São Paulo”, conta. “Sou fruto desses percursos, de idas e vindas do interior para a capital.”

Ela conta que, desde cedo, tem aproximações com a arte a partir do saber-fazer do avô, através da carpintaria e da marcenaria; da mãe, com costura, bordados e crochê; e de um primo, por meio pinturas em telas. “Essas são referências marcantes que me influenciaram nestes percursos para com o mundo artístico”, afirma.

Jaque Rodrigues, de Crato, Ceará (imagem: Jaque Rodrigues)

Com a palavra, Jaque Rodrigues:

Desde criança tenho interesse pelas áreas criativas e pela fotografia. Lembro que quando eu era criança havia um laboratório de fotografia analógica em frente à minha casa, por vezes, me foi permitido acompanhar todo o processo de revelação das imagens. Sala escura, filmes fotográficos, vasilhas com água que banhavam papéis e filmes. Era bonito acompanhar o processo e poético ver a imagem surgir. A fotografia, que é luz, nesse caso precisava do escuro para existir.

Eu não tenho memória da primeira fotografia que realizei e tenho poucos registros fotográficos da infância. Essa é uma pequena angústia que anda comigo. Sou uma acumuladora de memórias e penso que a fotografia me conquistou por essa possibilidade de tecer memórias, de ter esse vislumbre, essa miragem de uma infinitude guardada – acho isso bem bonito.

Hoje, percebo que a fotografia tem um papel fundamental que vai além do ato de registrar alguém ou algum momento, ela é parte do que constrói nossa história pessoal e coletiva.

Falando como uma mulher racializada e pensando a fotografia, o acesso a essas tecnologias tem nos possibilitado construir novas narrativas através de nossos olhares, de nossas vivências. Hoje nós também estamos atrás das câmeras construindo a partir de nossos imaginários, e isso é um marco na história deste país, nas artes e na fotografia.

A fotografia é como um encontro, um portal de possibilidades que aguçam e atravessam nossas corpas, isso também é incentivo para meu olhar e para minha prática artística.

 

Cassiano Viana é editor do site About Light.

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