A carreira da artista, sua relação com Vicente Celestino e o filme "O Ébrio", um dos filmes de maior sucesso do cinema brasileiro
Publicado em 23/09/2024
Atualizado às 16:53 de 23/09/2024
por Luísa Pécora
Cantora lírica, atriz, cineasta, autora de romances, radionovelas, peças teatrais, livros infantis e roteiros cinematográficos. Gilda de Abreu (1904-1979), que completaria 120 anos neste 23 de setembro, foi o que hoje se chamaria de uma artista multimídia. Foi, também, uma artista pioneira: apenas a terceira mulher a dirigir filmes no Brasil, e a primeira a realizar três longas-metragens, ser contratada por um grande estúdio e obter sucesso nas bilheterias.
Gilda escreveu e dirigiu O ébrio (1946), um dos filmes mais vistos da história do cinema brasileiro, e disponível para streaming gratuito na Itaú Cultural Play. Relatos da época do lançamento dizem que a produção tirou longas estrangeiros de cartaz e superou a bilheteria de clássicos como E o vento levou (1939). Que trens lotados levaram espectadores de cidades pequenas aos cinemas de municípios maiores. Que críticas negativas publicadas nos jornais eram rebatidas por cartas elogiosas enviadas pelo público. E que algumas salas, atendendo a pedidos dos clientes, exibiam em repetição contínua a cena na qual o astro Vicente Celestino (1894-1968) canta a música-título.
Nem todas essas histórias podem ser comprovadas, mas Hernani Heffner, conservador-chefe da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, tem um relato pessoal a oferecer. Décadas depois do lançamento de O ébrio, Heffner acompanhou as exibições da versão restaurada em diferentes cidades e testemunhou a emoção do público na faixa dos 60 e 70 anos. “Quando você vê o filme numa sala grande e todo mundo começa a soluçar, é um acontecimento”, afirmou. “De fato, O ébrio calou muito profundamente no coração das pessoas.”
No entanto, a autora deste filme-acontecimento continua sendo pouco conhecida. Gilda foi em parte ofuscada pela celebridade de Vicente Celestino, que além de protagonista era compositor e intérprete da canção que inspirou o roteiro. Quando O ébrio foi lançado, diretores e roteiristas não eram celebrados como hoje, e certamente não como Celestino, um dos maiores cantores do seu tempo.
Mas o menor reconhecimento dado à Gilda também é sintomático do machismo que historicamente relegou cineastas mulheres ao esquecimento. Quando trabalhava nos estúdios Cinédia e comandava a restauração de O ébrio, Heffner encontrou poucas fotos das filmagens e praticamente nenhuma na qual a diretora aparecia. “Hoje usa-se o termo ‘apagamento’, e é sugestivo que muito pouco do processo de criação da Gilda no filme tenha sobrevivido."
Da ópera à radionovela
Gilda nasceu em 23 de setembro de 1904, quando seus pais – o médico João de Abreu e a cantora lírica Nícia Silva Abreu – viviam em Paris, na França. Ela tinha quatro anos quando visitou o Brasil pela primeira vez, e dez quando a família estabeleceu-se definitivamente no Rio de Janeiro.
Batizada com o nome da personagem da ópera Rigoletto, de Giuseppe Verdi (1813-1901), Gilda seguiu os passos da mãe e formou-se em canto lírico no Instituto Nacional de Música. No entanto, tomou caminho oposto, e incomum a uma jovem de alta sociedade, ao direcionar sua carreira para o teatro popular.
Apesar da resistência da família, em 1933 Gilda estreou na opereta A canção brasileira e dividiu o palco com Vicente Celestino, já um artista de sucesso. Os dois se casaram no mesmo ano, para surpresa de quem os considerava muito diferentes. Dez anos mais velho, o cantor era filho de imigrantes, tinha origem humilde e fama de boêmio. “Todo o cortejo de cartas anônimas, telefonemas, tudo foi empregado contra o casamento”, escreveu Gilda no livro Minha vida com Vicente Celestino. “Mas quando o destino diz ‘eu quero!’, é melhor não resistir.”
A união de quase 35 anos durou até a morte do cantor, em 1968. As inúmeras colaborações profissionais começaram nos palcos, quando Gilda uniu-se à companhia de Celestino e seus irmãos e, mais tarde, formou sua própria empresa com ele. Foi a partir daí que ela extrapolou as funções de atriz e cantora e passou a também escrever espetáculos, entre eles Aleluia, a cigana (1939), Olhos de veludo (1944) e A mestiça (1944). A experiência como autora teatral lhe levou à Rádio Nacional, para a qual escreveu radionovelas, e depois à literatura, adaptando muitas de suas peças e filmes também para o romance.
Gilda na tela grande
No cinema, a carreira de Gilda começou com Bonequinha de seda (1936), filme de Oduvaldo Vianna (1892-1972) no qual interpretou Marilda, jovem pobre que finge ser francesa e torna-se a sensação musical da cidade. Além de apresentar a atriz ao grande público, Bonequinha de seda representou um primeiro passo em direção ao trabalho por trás das câmeras. Durante as filmagens, Gilda observou Vianna atentamente e teria dirigido, ela mesma, um número musical do longa.
Bonequinha de seda também marcou o primeiro trabalho de Gilda para a Cinédia, um dos principais estúdios de cinema do Brasil. Foi ao dono da Cinédia, Adhemar Gonzaga (1901-1978), que Gilda apresentou a ideia de dirigir uma adaptação do romance A viuvinha, de José de Alencar (1829-1877). Gonzaga desencorajou o projeto, alegando que um drama de época teria custos altos e retorno financeiro incerto. Sugeriu, então, que Gilda fizesse uma adaptação teatral envolvendo Celestino, que teria tudo para atrair grandes plateias.
Assim surgiu O ébrio, um melodrama clássico sobre Gilberto Silva, homem rico que sofre um revés, se vê na pobreza e é acolhido por um padre. Após vencer um concurso de rádio e tornar-se estrela da música, Gilberto forma-se médico e se casa com a enfermeira Marieta. Mais tarde, um primo ambicioso cria uma mentira para roubar-lhe a mulher e parte da fortuna. Arrasado pela traição, Gilberto entrega-se ao álcool e passa a viver como mendigo.
O filme adaptou uma bem-sucedida peça homônima que estreara em 1941, e que por sua vez era baseada na popular canção lançada por Celestino em 1935. Depois do longa-metragem, ainda vieram uma radionovela e um romance escrito por Gilda. “O ébrio é um dos grandes projetos intermidiáticos do cinema brasileiro”, definiu Margarida Adamatti, professora do Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). “Gilda e Vicente conseguiram lançar a obra em cinco mídias diferentes ao longo de 30 anos, sempre com sucesso."
De calças compridas
O processo de realização de O ébrio não foi fácil, segundo relato da própria Gilda: "Se eu contasse todos os reveses que um diretor de cena passa até ver o filme concluído, escreveria um volume de mil ou mais páginas. Por isso, digo apenas que, depois de dirigir um filme, a pessoa está apta a executar qualquer outro trabalho, porque é necessária uma paciência de santo para se chegar ao final de uma filmagem”, escreveu, em Minha vida com Vicente Celestino. "Nessa arte complexa, cheia de espinhos até para os veteranos, enfrentei, como uma simples caloura, momentos que não quero nem mais lembrar!”.
Gilda não entra em detalhes, mas pesquisadores apontam para as dificuldades de produção do período pós-guerra, quando era comum que a falta de materiais forçasse a interrupção das filmagens ou o uso de alternativas de menor qualidade (O ébrio, por exemplo, foi filmado em negativo de som).
Mas as pesquisas também revelam dificuldades específicas às cineastas mulheres. Gilda e a diretora assistente Arlete Lester eram exceções em uma equipe majoritariamente masculina, que resistia em aceitar uma mulher na direção. À imprensa, Gilda contou ter usado calças compridas, algo pouco comum para mulheres da época, na tentativa de ser respeitada pelos técnicos. "O machismo do país se reproduzia dentro dos estúdios”, definiu Heffner. “Ninguém acreditava na Gilda até o filme fazer sucesso.”
De acordo com as estimativas de Heffner, oito milhões de espectadores assistiram a O ébrio só nos primeiros cinco anos após o lançamento, um número espantoso para a época, e que hoje deve chegar a 12 milhões. A estreia se deu em agosto de 1946 em cinco salas do Rio de Janeiro: na Zona Sul, foi mal recebido; no centro, teve recepção morna; e na Zona Norte, levou multidões ao cinema. Foi a partir desse sucesso nos subúrbios, e posteriormente em cidades do interior, que O ébrio se transformou em fenômeno. “Houve uma verdadeira aclamação por parte do público popular. Uma aclamação do Vicente, antes de tudo, mas também do filme”, disse Heffner. "Gilda soube organizar o melodrama com uma perspectiva efetivamente brasileira, e em grande medida carioca, o que fez com que o filme desse certo.”
A crítica, porém, não respondeu com o mesmo entusiasmo. Durante muito tempo, O ébrio foi taxado como um filme mal realizado e mal montado, e Gilda, como má diretora. Além da precariedade técnica, relacionada ao já mencionado contexto da produção nacional no pós-guerra, as queixas citavam erros no posicionamento da câmera, longos saltos narrativos e cortes sem explicação que deixavam o longa truncado.
Para Margarida Adamatti, muito do que é considerado “erro” da diretora está presente em outros filmes do estúdio e da época. “A Cinédia tinha bons equipamentos e era uma empresa importante, mas não era Hollywood”, explicou. “Temos de pensar o estilo da Gilda em relação ao estilo da Cinédia e daquele período histórico, ou seja, temos de pensar no contexto da produção e do que era possível fazer.”
Além disso, a restauração realizada no final da década de 1990 permitiu uma revisão do legado de O ébrio. Com duas horas de duração, a cópia se aproximou ao máximo do filme original, ainda cinco minutos mais longo, que na verdade nunca chegou a estrear nos cinemas. Como os exibidores da época exigiam que as produções não passassem de uma hora e meia, Gilda teve de cortar entre 30 e 40 minutos de O ébrio, o que explica muitos dos problemas de continuidade e compreensão narrativa apontados pelos críticos.
Para Heffner, a restauração deixa mais clara a "crônica de costumes” proposta pela diretora. "A análise que a Gilda fazia de um certo estrato da sociedade brasileira, essa antropologia da inveja, da disputa, da ascensão social – tudo isso havia se perdido, e eu achava que tinha importância para se compreender porque O ébrio era um filme tão popular”, explicou. "O ébrio era um filme popular sobretudo porque conseguia dialogar direta e profundamente com o imaginário social que a Gilda compreendia muito bem.”
Depois de O ébrio
Embalada pelo sucesso de O ébrio, Gilda desenvolveu um novo projeto para a Cinédia: o drama Pinguinho de gente (1949), no qual Vera Nunes interpreta Maria Lúcia, uma costureira que trabalha duro para criar a filha. O filme foi um dos mais prejudicados pela enchente que atingiu a Cinédia em 1996 e, segundo Heffner, só poderia ser recuperado em um processo de restauração digital com uso de inteligência artificial, o que ainda custa muito caro.
Custos altos marcaram a própria realização de Pinguinho de gente, que envolveu centenas de figurantes e até a importação de uma máquina de fazer neve, vinda de Hollywood e usada em uma única cena. Gilda e Gonzaga tiveram atritos durante a produção do longa, que foi mal nas bilheterias. “A Gilda deu um passo que o Gonzaga sempre quis dar: ela fez um filme sério”, disse Heffner. "Mas o público daquela época não queria ver um filme sério.”
Diante do resultado comercial decepcionante de Pinguinho de gente, Gilda tentou voltar à fórmula de O ébrio em seu terceiro longa, Coração materno (1951), sobre as idas e vindas do amor entre um camponês e uma jovem rica. O longa foi inspirado na canção homônima de Celestino, que também assumiu o principal papel masculino. Para a protagonista feminina, Gilda escalou a si mesma, acumulando as funções de diretora, roteirista e atriz.
No entanto, o sucesso de O ébrio não se repetiu. Coração materno era uma realização da Filmoteca Cultural, empresa menor e sem os mesmos recursos de produção e distribuição da Cinédia. Além disso, o longa romântico, melodramático e marcado pelo ambiente rural estava em descompasso com o momento de industrialização da sociedade brasileira e o estilo mais descontraído e urbano das chanchadas.
Em Minha vida com Vicente Celestino, Gilda disse ter passado dois anos “lutando tenazmente para reconquistar a saúde que aquele filme abalou”. Em depoimento à revista Carioca, concedido em 1951 e reproduzido na dissertação da pesquisadora do cinema brasileiro Lucilene Pizoquero, Gilda falou sobre o efeito “arrasador" das críticas que recebeu: "Imagine você o que vem a ser a pessoa que perde dois anos de sacrifícios desesperados com uma despesa ultrapassando os limites, ensaiando artistas sem conhecimentos de cinema, perdendo as energias e a paciência para fazer um filme que melhor agradasse ao seu público, o público das canções de Vicente Celestino. E quando tudo terminado e exibido para apreciação chega ao nosso conhecimento que todo esse esforço, esse trabalho titânico no sentido de satisfazer um ideal, é esmagado impiedosamente por aqueles que bem poderão ser mais tolerantes, ou pelo menos criticar de um modo construtivo, mostrando seus maiores defeitos para que no futuro pudessem ser corrigidos. Imagine você o golpe que isto representou para minha sensibilidade artística”.
Coração materno foi o último longa-metragem de Gilda, que só voltou a dirigir em 1977, quando realizou o curta Canção de amor, homenagem póstuma a Vicente Celestino. Sua principal área de atuação passou a ser a escrita, com destaque para o romance Bonequinha de seda (1960), inspirado na obra que lançou sua carreira, e para os roteiros de dois filmes: Chico Viola não morreu (1955), dirigido por Román Viñoly Barreto, e Mestiça, a Escrava Indomável (1974), versão do livro escrito por Gilda, que assinou a adaptação junto à diretora Lenita Perroy. A artista morreu em 1979, aos 74 anos.
Mais que ‘mulher de’
Seja no cinema, no teatro ou na literatura, a obra de Gilda é permeada por amores impossíveis, atos extremados, temas religiosos, personagens infelizes e enganos ou mentiras que põem tudo a perder. Uma moral machista também se apresenta com frequência, inclusive em O ébrio, no qual o adultério de Marieta é a causa da desgraça de Gilberto, herói bondoso, talentoso e esforçado, que tinha carreira brilhante e servia à sua comunidade. A submissão feminina no casamento é defendida por um dos personagens, que afirma: “Quando a mulher é levada ao altar pelo braço de um homem, e casa-se perante a Deus, não tem o direito de duvidar desse homem”. Da mesma forma, o racismo da sociedade brasileira está reproduzido na sequência em que a empregada Salomé, interpretada por Marilu Dantas, diz que os parentes interesseiros de Gilberto “são brancos, mas têm a alma da cor da minha pele”.
Nota-se, portanto, que o pioneirismo da artista não se reflete em uma obra necessariamente progressista. Gilda era uma mulher de formação conservadora, que parecia encarar a carreira do marido como prioridade. Em Minha vida com Vicente Celestino – uma biografia dele, e não dela –, chega a dizer que, num momento de saúde frágil, sentiu que “ainda era necessário viver" para cumprir a promessa que fizera no altar: “Elevar Vicente ao lugar que merecia ocupar”.
Para Lucilene Pizoquero, a figura tradicional de Gilda pode ser um dos fatores que impedem maior reconhecimento de seu trabalho. “Acho que costumamos buscar as mulheres mais transgressoras, que rompem barreiras, e talvez alguém que fez melodramas com o marido pareça uma escolha muito clássica”, afirmou.
Pizoquero pontua, porém, que mesmo dentro de uma trajetória tradicional, Gilda contrariou os padrões de comportamento impostos às mulheres de sua época e, sobretudo, de sua classe social: casou-se com um homem de origem humilde, fez carreira em expressões artísticas populares, arriscou-se em funções habitualmente exercidas por homens, e trabalhou como diretora contratada de um grande estúdio, ao contrário das também pioneiras Cléo de Verberena (1904-1972) e Carmen Santos (1904-1952), que tinham suas próprias empresas.
"Há uma contradição na Gilda, mas o ser humano é contraditório”, definiu a pesquisadora. “Às vezes queremos buscar explicações feministas e exigir que a mulher tenha certa consciência, mas também precisamos olhar para a trajetória. Olhamos a Gilda como ‘a mulher de’, mas a trajetória dela não foi a de uma ‘mulher de’”.
Trabalhar em parceria com o marido não foi exclusividade de Gilda, mas algo comum entre cineastas pioneiras – incluindo a francesa Alice Guy-Blaché (1873-1968), a americana Lois Weber (1879-1939), a alemã Lotte Reiniger (1899-1981) e a própria Cléo de Verberena. Para Margarida Adamatti, deve-se pensar em Gilda e Vicente como um caso de “autoria colaborativa”. “Mais do que procurar quem é melhor, me parece mais profícuo observá-los como parceiros. Ele tinha mais espaço, mas ela estava em muito do que ele fez”, afirmou a pesquisadora, destacando também a atuação de Gilda como “publicista” do marido. “Ela era uma espécie de agente, relações públicas e assessora de imprensa, e teve enorme talento para criar o star system do Vicente Celestino”, explicou. “Destacamos sobretudo o papel de diretora, mas precisamos olhar para todas as facetas dessa mulher que se manteve atuando no cinema durante décadas, ainda que de forma não contínua, e que assumiu diferentes funções também como estratégia de sobrevivência.”
Em que pesem as contradições de Gilda e as mudanças sociais que impactaram a sociedade brasileira de 1946 para cá, Hernani Heffner não encara O ébrio como obra datada. Quando a reportagem pediu que ele respondesse à pergunta “por que assistir ao filme hoje?”, ele respondeu, sem titubear:
"Porque a fofoca continua no país chamado Brasil. Porque este ainda é um país de subúrbios. Porque este ainda é um país que luta pra ascender econômica e socialmente”, afirmou. "Se você não vê O ébrio, não conhece direito o Brasil. É um filme que revela as entranhas da sociedade brasileira naquilo que têm de mais evidente e imediato, ainda que de forma engraçada, melodramática, chorosa. Ver O ébrio nos ajuda a entender como uma parcela da população se tornou reacionária e violenta no cotidiano e na questão ética. Não é exatamente um tratado sobre a condição brasileira, mas é uma boa porta de entrada para se compreender algumas coisas deste país. E é um filme divertido né? Você conhece os atores do teatro brasileiro dos anos 1940, conhece os estúdios de cinema brasileiros, conhece uma arte popular para a qual as elites, em geral, viram a cara. Você entra em contato com este universo e vê que ele tem força.”