Inclusões contam com diretores como Anna Muylaert e Carlos Reichenbach
Publicado em 19/06/2025
Atualizado às 18:04 de 20/06/2025
Senta que lá vem mais Histórias do cinema brasileiro. A Itaú Cultural Play incluiu nessa sua coleção seis novos filmes: Durval Discos, de Anna Muylaert, Lilian M: relatório confidencial, de Carlos Reichenbach, A margem, de Ozualdo Candeias, O menino e o vento, de Carlos Hugo Christensen, Sai da frente, de Abílio Pereira de Almeida, e Também somos irmãos, de José Carlos Burle. Para assistir aos filmes, basta se cadastrar na plataforma.
Veja abaixo sinopses das obras e outras informações. Confira também os demais filmes da coleção Histórias do cinema brasileiro, que conta, por exemplo, com Pixote: a lei do mais fraco, de Hector Babenco, Amor maldito, de Adélia Sampaio, e O ébrio, de Gilda Abreu.
Durval Discos (2001)
Anna Muylaert | 96 minutos
Durval e Carmita vivem na mesma casa onde funciona a Durval Discos, loja especializada em vinis e que rejeita CDs. Certo dia, ele decide contratar uma funcionária para ajudar a mãe nas tarefas domésticas e conhecem Célia e a jovem Kiki. Aos poucos descobrem que a vida, assim como o vinil, tem sempre o lado A e o lado B. Com apenas uma locação, roteiro que une a leveza da comédia e uma tensão dramática e participações de Rita Lee, Theo Werneck e André Abujamra também na trilha, o filme é uma homenagem vibrante aos amantes da boa música e aos resistentes que não deixaram o vinil morrer. Celebrado em festivais, arrebatou 7 Kikitos em Gramado, em 2002. Vinte anos depois do lançamento, pode ser redescoberto em novíssima digitalização.
[classificação indicativa: 12 anos]
Lilian M: relatório confidencial (1975)
Carlos Reichenbach | 120 minutos
Mulher do campo abandona a família para ir à cidade na companhia de um caixeiro-viajante. Ela quer tentar a vida na metrópole e sua jornada começa quando vira amante de um industrial. No caminho da miséria ao luxo, se envolve com todo tipo de excêntrico, dentre os quais um empresário alemão que financia a repressão, um jovem burguês agressivo e mimado, um grileiro de terras e um detetive. Segundo longa de Carlos Reichenbach, Lilian M foi prontamente censurado pelo governo militar, que cortou 25 minutos de sua duração original, sob alegação de que atentava contra a moral familiar. Libertário, provocativo, erótico e político, foi restaurado no final dos anos 2000 e entregue ao público em sua versão original. Num exímio trabalho de interpretação, Célia Olga Benvenutti se destaca no papel da personagem-título, que rememora suas aventuras e desventuras pela vida.
[classificação indicativa: 16 anos, segundo autodefinição]
A margem (1967)
Ozualdo Candeias | 90 minutos
Uma misteriosa mulher dá início à história do filme ao surgir a bordo de uma barca que navega pelo rio Tietê, em São Paulo. Um novo momento se abre: nele, dois casais perambulam pelas margens do rio e pelo centro da capital paulista. Entre escombros de uma igreja, matagais ermos e canteiros de obras, o quarteto vaga sem rumo e objetivos claros. Ao mesmo tempo, também não consegue se relacionar amorosamente. Obra desconcertante e inaugural, celebrada por uma legião de críticos e cinéfilos, o primeiro longa de Ozualdo Candeias ainda é uma espécie de enigma cinematográfico aberto a descobertas. Sem relação clara com o cinema brasileiro feito na época, Candeias cria uma estética particular baseada em poucos diálogos, atores-não profissionais e movimentos de câmera singulares. Destaque para a trilha sonora do grupo Zimbo Trio.
[classificação indicativa: 12 anos]
O menino e o vento (1966)
Carlos Hugo Christensen | 100 minutos
Um engenheiro é intimado a comparecer ao tribunal da pequena cidade de Bela Vista, no interior de Minas Gerais, para enfrentar uma acusação de assassinato. Os moradores do vilarejo e as autoridades imputam a ele o sumiço de um rapaz, com quem, afirmam, ele teria tido uma amizade suspeita. Mas o engenheiro alega que a relação entre os dois era movida por um desejo comum – a paixão pelo vento. Nascido na Argentina em 1914, o cineasta Carlos Hugo Christensen construiu sua carreira filmando em diversos países da América Latina. Só no Brasil, onde se radicou nos anos 1950, rodou mais de 15 produções. Baseado na obra de Aníbal Machado, O menino e o vento traz elementos fantásticos a um cenário rural bem brasileiro, numa história que mistura surrealismo e o drama de tribunal. O filme ainda produz uma interessante ambiguidade ao construir uma atmosfera homoerótica em torno dos dois protagonistas.
[classificação indicativa: 12 anos]
Sai da frente (1952)
Abílio Pereira de Almeida | 80 minutos
Dono de um caminhão de entregas, o atrapalhado Isidoro Colepícula é contratado para levar alguns móveis de São Paulo a Santos. Ao lado de seu fiel companheiro, o cachorro Coronel, ele parte em viagem pela Via Anchieta rumo ao litoral. No trajeto, vai se envolver em todo tipo de confusões. Burocratas, policiais, motoristas e até uma noiva fugitiva são algumas das personagens que vão passar pelo seu caminho. Estreia do comediante Amácio Mazzaropi no cinema, Sai da frente tornou-se um verdadeiro sucesso de bilheteria no começo dos anos 1950. Produzido pelos estúdios da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, projetou o carisma cômico do ator – já então conhecido por seu trabalho no rádio, no teatro e na tv – para a tela grande. A partir dali, Mazzaropi nunca mais sairia das salas de cinema, mantendo por décadas o seu diálogo com o público.
[classificação indicativa: 10 anos, segundo autodefinição]
Também somos irmãos (1949)
José Carlos Burle | 85 minutos
O viúvo Requião adota quatro crianças: Renato e Miro são negros, e Marta e Hélio são brancos. A família vive em aparente harmonia até que, com o tempo, o racismo e o preconceito começam a transbordar as relações familiares e sociais, levando a uma série de humilhações e injustiças. Clássico da Atlântida Cinematográfica, considerado um filme precursor ao tratar do racismo no país. Com elenco formado no Teatro Experimental do Negro e a impressionante atuação dramática de Grande Otelo, imortalizando uma cena icônica de sua carreira e do cinema brasileiro. Uma joia da era dos grandes estúdios agora em belíssima cópia digital restaurada pela Cinemateca Brasileira, a partir de película em 16mm preservada pela instituição.
[classificação indicativa: 12 anos]